Após ficar mais de duas décadas sem disponibilizar um álbum de músicas inéditas, Ian Anderson resolveu lançar dois em um período de 15 meses. Sim, o vocalista e flautista pegou sua banda solo, resgatou o nome Jethro Tull e segue a carreira se valendo do prestígio que ele proporciona. Do ponto de vista prático e cru, nada de errado. Caso houvesse, alguém já teria contestado de forma oficial.
“The Zealot Gene” (2022) agradou a maior parte dos fãs. Especialmente aqueles que sabem que os flertes da banda com os lados mais pesados do rock – que renderam até mesmo uma vitória sobre o Metallica na categoria heavy metal do Grammy – são coisas do passado. O trabalho chegou ao 9º lugar na parada britânica, melhor posição de um play do grupo desde “Thick as a Brick”, 5º em 1972. Não é pouca coisa.
E o dono da empreitada realmente parece ter gostado da experiência, tanto que não demorou para voltar ao estúdio. O resultado é “RökFlöte”, cujo conceito lírico é baseado nos personagens e papéis de alguns dos principais deuses do antigo paganismo nórdico. Obviamente, para conseguir realizar uma imersão maior na proposta, seria interessante realizar algum tipo de pesquisa sobre o tema. Porém, mesmo sem o know-how, dá para se deixar levar pelo som.
Musicalmente – e tendo em vista o comentado no parágrafo acima sobre a temática –, o tracklist conta com maiores influências da música celta, além de uma busca pela manifestação de forma mais poética na forma de Anderson cantar. Não chega a ser uma guinada radical em comparação ao anterior, mas acrescenta alguns elementos bastante peculiares. Mesmo assim, “The Zealot Gene” pode servir como boa referência como ponto de partida para o que o ouvinte deve se preparar para escutar.
Entre os destaques individuais, “Allfather” brilha, com uma melodia marcante e mostrando a capacidade de ser inventivo em uma faixa com menos de três minutos de duração. Conhecida antes mesmo do lançamento do álbum, “Hammer on Hammer” mostra a fonte em que muitas bandas que misturam o prog com metal extremo beberam parte de sua fórmula – sensação que se amplia na seguinte, “Wolf Unchained”, com seus bons riffs. Já “The Navigator” traz um momento do guitarrista Joe Parrish-James em seu primeiro trabalho completo com a banda.
“RökFlöte” talvez não seja o ideal para iniciantes na obra do Jethro Tull. Já para os adeptos de longa data, é um presente e tanto, candidato a figurar nas playlists por um bom tempo. E com mais de meio século de carreira, Ian Anderson segue disposto a ser criativo como poucos de sua geração. O que, por si só, já é um mérito e tanto.
Ouça “RökFlöte” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.
O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!
Jethro Tull – “RökFlöte”
- Voluspo
- Ginnungagap
- Allfather
- The Feathered Consort
- Hammer On Hammer
- Wolf Unchained
- The Perfect One
- Trickster (And The Mistletoe)
- Cornucopia
- The Navigators
- Guardian’s Watch
- Ithavoll
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