Vídeo ensina como replicar o som da bateria de “St. Anger”, do Metallica

O segredo é fazer tudo absolutamente errado, desde afinação da caixa até o posicionamento dos microfones para captação

O canal de YouTube da Reverb, site de revenda de instrumentos musicais, tem uma série chamada “What’s that Sound?”, em que profissionais ensinam o processo por trás de alguns dos sons mais icônicos da história da música. O episódio mais recente aproveita a ressaca do dia da mentira para abordar um dos sons mais infames da história do rock e do metal: a bateria de Lars Ulrich em “St. Anger” (2003), álbum do Metallica.

O segredo, segundo o produtor Noam Wallenberg do estúdio Rax Trax, localizado em Chicago, é ressonância. Ele afrouxou metade das ferragens da caixa, o que possibilitou chegar ao som de lata de tinta.

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O microfone usado para captar o bumbo foi um AKG D112, conhecido por sua característica agressiva, criando quase um som de click. Para acentuar as qualidades necessárias, a equalização focou em frequências mais agudas, retirando médios e graves.

A caixa, talvez a peça mais polêmica da bateria em “St. Anger”, foi microfonada com um Shure SM57 em cima e um AKG C414 embaixo. O segredo é a posição do microfone superior, praticamente encostando a cápsula na parte exterior do aro. O objetivo é conseguir o máximo de ressonância possível.

O vídeo é divertido de assistir não só pelo sarcasmo dos apresentadores, mas também por se tratar de uma aula do que não fazer para capturar e mixar um som decente de bateria. Confira abaixo (em inglês).

Lars Ulrich e Bob Rock explicam conceito

Em entrevista ao canal Tone Talk, com transcrição do MetalSucks, o produtor Bob Rock falou sobre o nascimento do som da bateria de “St. Anger”. De acordo com o produtor, a origem daquele timbre veio de uma série de testes feitos em kits diferentes do instrumento.

“Estávamos no local onde eles ensaiam, em San Francisco, daí partimos para Oakland, onde eles tocavam com Cliff (Burton, falecido baixista). A gente se divertiu muito e Lars me contou sobre a bateria dele. Buscávamos inspiração, pois James (Hetfield, vocalista e guitarrista) não estava lá (ele estava em uma clínica de reabilitação), então, começamos a experimentar outras baterias.”

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O produtor contou que Lars Ulrich tocou em diversas baterias até chegar à que foi usada na gravação:

“Ele sentou naquela bateria e disse: ‘apenas me dê uma caixa’. Eu tinha acabado de comprar uma caixa Ludwig Plexi, pois queria testá-la. Daí, ele colocou, tocou e disse: ‘esse é o som’. Eu falei: ‘o quê?’”

Naquele mesmo dia, foi gravada uma demo com o uso de alguns microfones, de forma não muito rebuscada:

“Fizemos a demo e o som era aquele. Lars não quis voltar atrás. Não o culpo. Se você conseguir entender o conceito, esse é o som de bateria de quando eles estavam ensaiando. É o mais próximo daquilo. Não importa o que as pessoas digam: foi esse momento que manteve a banda junta e os inspirou a seguir em frente. Então, estou bem com todas as críticas que recebi. É só um som de caixa de bateria, dá um tempo.”

Ulrich por sua parte também não se arrepende do som da bateria em “St. Anger”. Em entrevista a Eddie Trunk (transcrição via Blabbermouth), ele disse:

“Naquele momento, aquela era a nossa verdade. Era minha personalidade. Estou sempre olhando adiante, pensando na próxima coisa. Às vezes, passo tempo até demais no futuro, mas nunca fico demais no passado. A única vez que falo disso é em entrevistas.”

Metallica e “St. Anger”

Oitavo álbum de estúdio do Metallica, “St. Anger” foi gravado com o produtor Bob Rock no baixo, já que Jason Newsted havia deixado a formação logo antes das gravações. Robert Trujillo ficou com a vaga em definitivo e participou da turnê de divulgação.

Sonoramente, o disco se afasta de tudo o que o grupo havia feito até ali e busca influências do nu metal. Praticamente não há solos de guitarra e a bateria de Lars Ulrich, como já destacado, apresenta uma timbragem estalada.

A banda também passava por um período conturbado após a saída de Newsted, com relações abaladas internamente. A situação pode ser vista em detalhes no documentário “Metallica: Some Kind of Monster” (2004), disponível na Netflix.

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

1 COMENTÁRIO

  1. Gosto da Agressividade do album e do timbre da bateria de Lars nesse disco!!!! Se comparar em termos de potência, agressividade e o som da bateria em Death Magnetic…fico com St. Anger mesmo!!!! St Anger tem alguma coisa interessante, principalmente nessa coisa do instrumental…não sou fã das letras, mas o instrumental foi um experimento e até que gostei, saiu um pouco da mesmice!!!! Valeu!!!! valeu!!!!

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