Por que Robert Smith, do The Cure, odiava o Def Leppard

Bandas disputaram o topo das paradas americanas em 1992, o que alimentou certa rixa - ao menos da prate do líder do Cure

Após transitar pelo pós-punk, flertar com o new wave e influenciar o desenvolvimento do gothic rock, o The Cure adotou elementos do pop em sua chegada ao mainstream. Em abril de 1992, o grupo atingiu o ápice de seu sucesso com o álbum “Wish”, que conquistou o primeiro lugar das paradas inglesas e segundo das americanas.

À frente do Cure no mercado dos Estados Unidos estava o Def Leppard com o álbum “Adrenalize”, que ocupava o topo da Billboard 200 há três semanas. A situação foi vista por Robert Smith como a oportunidade perfeita para compartilhar sua opinião sobre a banda.

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Em coletiva de imprensa para a divulgação da “Wish Tour” (via Ultimate Classic Rock), o vocalista e guitarrista comentou:

“Fiquei intrigado por não ter chegado ao número 1. E esse é o meu método de dizer que eu desprezo o Def Leppard e tudo o que eles já fizeram. Não posso acreditar o quão popular é o Def Leppard. Me enoja vê-los todos sentados lá em Union Jacks e ainda assim [o cantor Joe Elliott] adotar esse sotaque horrível, falso e americano.”

Smith voltou a criticar o Def Leppard em entrevista à Associated Press (via Far Out Magazine). Na ocasião, o músico disse que “Adrenalize” soa exatamente como “Hysteria” (1987), seu antecessor. 

“Para o ouvinte casual, eles soam exatamente como o último álbum. Eu tento desesperadamente evitar ouvi-los. Mas parado em um semáforo, através das janelas abertas do carro, às vezes você as ouve. Vou acabar afastando a parcela fã de heavy metal do nosso público com essa fala.”

The Cure e “Friday I’m In Love”

Por trás do sucesso de “Wish”, estava o hit single “Friday I’m In Love”. Em entrevista à Spin (via Far Out Magazine), Robert Smith comentou o equilíbrio entre composições otimistas e melancólicas presentes no disco, visto que a faixa em questão era bem positiva.

“‘Friday I’m In Love’ é uma música pop idiota, mas na verdade é excelente porque é tão absurda. É tão fora do personagem – muito otimista e realmente lá fora, em uma terra feliz. É bom conseguir esse contrapeso. As pessoas pensam que devemos ser líderes de algum tipo de “movimento sombrio”. Eu poderia sentar e escrever canções sombrias o dia todo, mas simplesmente não vejo sentido.”

O músico ainda revelou que vê mais dificuldade na composição de canções pop do que nas sombrias, marca registrada do The Cure. 

“Letras pop genuinamente idiotas são muito mais difíceis de escrever do que minhas habituais efusões do coração. Eu examinei centenas de folhas de papel tentando encontrar palavras para este disco. Você tem que acertar em algo que não seja repulsivo – uma simplicidade e ingenuidade que comunique. Há uma burrice que meio que racha. Sempre fizemos músicas pop. É só que às vezes elas são muito deprimidas – meio que desesperadas.”

*Foto: Bill Ebbesen / CC BY-SA 3.0

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Tairine Martins
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Tairine Martins é estudante de jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Administra o canal do YouTube Rock N' Roll TV desde abril de 2021. Instagram: @tairine.m

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