Nascido em Havana, Cuba, Dave Lombardo migrou com os pais para South Gate, Califórnia, Estados Unidos, aos dois anos de idade. A mudança em busca de uma vida melhor deu origem a um dos instrumentistas mais respeitados da história do rock e do heavy metal, sendo referência até mesmo para músicos de outros segmentos.
Porém, tudo veio com muito sofrimento. Em artigo da revista Revolver, o próprio relembrou esse período.
“Nasci em uma noite de lua cheia, 16 de fevereiro de 1965 em Havana, Cuba. Fiquei apenas um ano e meio por lá. Meus dois irmãos mais velhos já haviam ido embora. Eles tinham 10 e 13 anos quando foram enviados com outras 14 mil crianças para os Estados Unidos. Um número pequeno comparado aos que ficaram para trás.”
O objetivo era claro: escapar do regime local.
“Eles tinham que escapar do comunismo. Minha mãe e meu pai não queriam que eles fizessem parte do regime militar. Então, meus pais, através da Igreja Católica, colocaram meus dois irmãos em uma cidade aqui no sul da Califórnia chamada Long Beach, de onde é Snoop Dogg. É também onde passei toda a minha vida. Eles iam mandar meus irmãos para viver em um lar adotivo. Depois, meus pais iriam seguir com minha irmã, obtendo um visto para fugir. Mas Cuba estava no meio dessa coisa política com a Rússia. A crise dos mísseis aconteceu e fechou as fronteiras. A parede foi levantada e não havia comunicação entre meus pais e meus irmãos, apenas por cartas. Não puderam se ver por cinco anos.”
O período foi tão ruim que os Lombardos chegaram a romper antes da chegada de Dave.
“Foi horrível para mamãe e papai. Eles pensaram que nunca mais veriam meus irmãos. Acho que meus pais iam se divorciar… Meu pai perdeu seus negócios; foi muito ruim. Então, minha mãe disse que teve um reencontro com meu pai e aqui estou eu. Então eles voltaram a ficar juntos e em 1967 conseguiram pegar um voo para Los Angeles e depois se encontrar com meus irmãos mais velhos.”
Em relação à irmã mais velha, Lombardo optou por desconversar.
“Eu tenho uma irmã mais velha. Prefiro não falar dela. Ela não é a ovelha negra, mas todos nós temos uma em cada família. Então, eu era basicamente o único filho. Era um lar cubano: música cubana, comida cubana, língua cubana. Mas quando fiquei do lado de fora da porta, estava na América – a terra da oportunidade, onde você pode ser o que quiser. Acho que desempenhou um papel no impulso que tive para ser quem sou hoje.”
Outsider, mas nem tanto
Com o cenário, era inevitável se sentir um outsider.
“Adaptei-me ao inglês o melhor que pude. Não tenho sotaque, mas a língua cubana foi minha primeira. Aprendi inglês na escola.”
Nos aspectos culturais, não foi tão difícil.
“Adorei a vibe do sul da Califórnia: skates, frisbees, praias, surfe, hot rods. Ainda gosto dessas coisas – e, claro, da música. O rock americano era o máximo. Meus pais ouviam muita música cubana em casa, mas eu gravitava em torno do que tocava no rádio. Tinha um pequeno gravador. Sentava-me ao lado do aparelho de som e gravava as músicas de que gostava.”
Sobre Dave Lombardo
Desde cedo, Dave Lombardo demonstrou aptidão musical tocando instrumentos percussivos. Suas influências iniciais vinham de sons latinos, além de funk, disco e soul.
Após passar por bandas locais, encontrou seu território no Slayer. Em duas passagens (três, se quiser ser mais rigoroso e contar a breve saída em 1986), lançou nove álbuns de estúdio com o grupo, se tornando sinônimo de bateria no thrash metal.
Em 1993, formou o Grip Inc. com o músico e produtor Waldemar Sorychta. Com proposta mais voltada ao groove metal, o projeto lançou quatro discos até 2004. Juntou-se a Mike Patton (Faith No More) e Buzz Osborne (Melvins) no Fantômas, em 1998. Lombardo o qualifica como o projeto mais difícil, musicalmente falando, que já participou.
Atualmente, integra o Suicidal Tendencies, Dead Cross, The Misfits e Mr. Bungle. Também gravou discos com Testament, Apocalyptica, Philm, Voodoocult e DJ Spooky.
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