Com uma longa carreira musical e reconhecido por sua habilidade na bateria, Eric Singer é um dos nomes mais importantes do instrumento dentro do rock.
Nascido Eric Doyle Mensinger em 12 de maio de 1958, Singer começou a tocar bateria na adolescência e, após se formar no ensino médio, passou a tocar profissionalmente em bandas cover na região de Cleveland, sua cidade natal, no estado americano de Ohio.
Nos anos 1980, se juntou a nomes mais conhecidos, como Lita Ford, Gary Moore e Black Sabbath, antes de entrar para o Kiss pela primeira vez em 1991, substituindo o baterista Eric Carr, que logo morreria de câncer. Permaneceu até 1996, ano em que a formação original da banda se reuniu para uma turnê, e após algumas idas e vindas, voltaria a ocupar o posto de baterista em caráter definitivo em 2004.
Paralelamente, dedicou-se a diversos outros projetos. Gravou e realizou turnês ao lado de Alice Cooper, Avantasia e à frente do ESP, sigla para Eric Singer Project, com o outrora colega de Kiss, Bruce Kulick.
Só Deus sabe o que o futuro reserva a Singer após o Kiss pendurar as botas de salto plataforma. Em entrevistas, chegou a dizer que gostaria de se dedicar ao jazz, gênero que aprendeu a gostar por intermédio do pai. Por ora, veja quais os 5 discos, entre os 70 e tantos em que tocou, mais indicados para adentrar sua obra.
5 discos para conhecer Eric Singer
Black Sabbath featuring Tony Iommi – “Seventh Star” (1986)
Os caminhos de Tony Iommi e Glenn Hughes se cruzaram pela primeira vez em 1974, quando Black Sabbath e Deep Purple tocaram juntos no histórico California Jam. Uma década depois, Tony estava prestes a fazer um álbum solo, acompanhado por Dave “The Beast” Spitz no baixo, um novato Eric Singer na bateria e o eterno quinto Sabbath Geoff Nicholls nos teclados. O plano original era contar com muitos cantores diferentes, mas bastou ouvir a voz de Glenn, primeiro dos convidados, para decidir que ninguém faria melhor do que aquilo: ele cantaria em todo o disco.
Só que lá pelas tantas a Warner Bros. decidiu que o trabalho, intitulado “Seventh Star”, sairia como Black Sabbath, e não Tony solo. Por mais que a banda contratualmente devesse um álbum para a gravadora, a decisão não agradou a ninguém. Músicas como a baladaça “No Stranger to Love” e o blues dilacerante “Heart Like a Wheel” tinham pouco ou nada a ver com o estilo do Sabbath, manifesto somente em “In for the Kill” e na veloz “Turn to Stone”, com direito a um show à parte de Singer. Na turnê que se seguiu ao lançamento, em janeiro de 1986, a coisa degringolou de vez: após algumas apresentações malfadadas, Glenn seria substituído pelo estreante Ray Gillen, que, por sua vez, não duraria até o álbum seguinte.
Badlands – “Badlands” (1989)
Combo de dissidentes do “Sabbath-verso”, o Badlands foi formado em 1988, depois que Jake E. Lee, guitarrista recém-dispensado da banda solo de Ozzy Osbourne, e Ray Gillen, vocalista que havia deixado o Black Sabbath durante as gravações de “The Eternal Idol” (1987), decidiram forma uma banda. Para o baixo, chamaram Greg Chaisson, do pouco conhecido Surgical Steel, e para a bateria, Ray convidou o ex-colega de Sabbath, Eric Singer.
Lançado em junho de 1989, o álbum de estreia homônimo foi o único produzido por esse line-up — Singer daria lugar a Jeff Martin, que Chaisson conhecia do tempo de Surgical Steel — e foi o trabalho mais bem-sucedido do Badlands. Embalado pelos singles “Dreams in the Dark” e “Winter’s Call”, cujos videoclipes tiveram grande destaque na programação da MTV, o disco chegou a um impressionante 57º lugar na Billboard e pôs a banda na estrada, abrindo shows dos já estabelecidos Tesla e Great White.
Kiss – “Revenge” (1992)
“Revenge” pode ter sido o álbum do Kiss que mais trouxe satisfação a Gene Simmons — segundo o próprio em depoimento a Ken Sharp presente em “Kiss: Por trás da máscara” (Companhia Editora Nacional, 2006) —, mas foi também um dos mais difíceis para a banda. Isso porque em 1991 veio a triste notícia de que o baterista Eric Carr estava com câncer. Depois de uma operação bem-sucedida em abril daquele ano, Carr voltou a juntar-se aos colegas, mas como não tinha condições de tocar bateria, coube a Eric Singer, que tinha tocado na turnê solo de Paul Stanley, substituí-lo.
Musicalmente, o décimo sexto álbum de estúdio do Kiss promove um retorno às raízes mais roqueiras em oposição à sonoridade pasteurizada de seus antecessores diretos, escritos e gravados conforme os ditames do então popular glam metal. Consiste, também, em uma reunião com velhos colaboradores; a saber, o produtor Bob Ezrin — “Bob fez um disco que é, sem dúvida, o melhor que fizemos [‘Destroyer’, de 1976], mas também fez o pior [‘Music from The Elder’, de 1981]”, segundo Stanley no mesmo supracitado livro — e o guitarrista Vinnie Vincent, que embora não tenha tocado em nenhuma faixa, é coautor de três: “Heart of Chrome” e os singles “Unholy” e “I Just Wanna”.
Alice Cooper – “The Eyes of Alice Cooper” (2003)
Depois de flertar com o metal industrial em “Brutal Planet” (2000) e “Dragontown” (2001), “The Eyes of Alice Cooper” trouxe o cantor de volta ao bom e velho hard rock de contornos setentistas. Em seu décimo sexto álbum de estúdio, Cooper revisita temáticas inerentes ao circo dos horrores que ele próprio ajudou a desenvolver e à juventude que nunca morrerá na forma da insurgente “Spirits Rebellious” e de “Between High School & Old School”, na qual retoma o ambiente estudantil que fez de “School’s Out” seu maior sucesso na década de 1970.
Vale citar que a banda que o acompanha neste trabalho é uma das melhores que já o fizeram: nas guitarras, Eric Dover e Ryan Roxie (que divide o microfone com Cooper na abertura “What Do You Want from Me?”); no baixo, Chuck Garric; além, é claro, de Eric Singer, na bateria. Cereja do bolo: é Wayne Kramer, do lendário MC5, o responsável pelas seis cordas de “Detroit City”, cuja letra presta tributo à efervescente cena rock de lá, citando Ted Nugent, Bob Seger e o próprio MC5.
Avantasia – “The Scarecrow” (2008)
Por mais bem-sucedidos que “The Metal Opera” (2001) e “The Metal Opera, Part II” (2002) tenham sido, Tobias Sammet levaria anos para sacar que o Avantasia era não só algo viável, mas com potencial de ser muito lucrativo. Coube ao produtor Sascha Paeth convencê-lo de que o projeto, que desde as primeiras engatinhadas conta com participações de peso, possuía um caráter único e inovador numa cena heavy cada vez mais homogênea e, a depender do ouvinte, desinteressante.
Para “The Scarecrow”, Sammet lançou mão de sua ampla rede de contatos e conseguiu reunir, como viria a ser de praxe, um timaço: Roy Khan (Kamelot), Michael Kiske (Helloween), Bob Catley (Magnum), Jorn Lande (Masterplan) e Alice Cooper, além de Eric Singer, que surpreende fora da zona de conforto do hard rock a ponto de Tobias convidá-lo para repetir a dose dois anos mais tarde na dobradinha “The Wicked Symphony” e “Angel of Babylon”. No repertório, destacam-se “Shelter from the Rain”, na qual Sammet divide o microfone com Kiske e Catley, e a faixa-título, um épico de 11 minutos que consiste na melhor performance da carreira de Lande.
Bônus: ESP – “Lost and Spaced” (1998)
Era meados dos anos 1990 quando Eric Singer resolveu tirar do papel a ideia de uma empreitada solo. Na então condição de ex-Kiss, ele se reuniu com Bruce Kulick — outro que levou o pé na bunda quando da reunião da formação original da banda em 1996 —, John Corabi (The Scream, Mötley Crüe) e Karl Cochran dando origem ao Eric Singer Project (ESP).
Sem qualquer pretensão de estrelato, o quarteto gravou e lançou seu disco de estreia, “Lost and Spaced”, em 1998. Só não contava que a boa repercussão no boca a boca os levasse a assinar com uma gravadora (Island Def Jam nos Estados Unidos, distribuída pela Zain Records no Japão) e ver o material, totalmente composto por covers que vão de Aerosmith a Jimi Hendrix, de The Who a Humble Pie, relançado com nova arte de capa e acrescido de quatro bonus tracks. Passadas mais de duas décadas, mesmo essa versão virou mosca branca nas mãos dos colecionadores, que clamam por uma reedição.
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