Em 1972, o discurso anarquista e crítico à polícia de Mick Jagger

Vocalista dos Rolling Stones defendeu que a polícia deveria ser extinta, assim como o governo

Apesar de ser mais conhecido por sua aura de banda festeira, os Rolling Stones nunca se furtaram de dizer o que pensam e colocar o dedo em qualquer ferida. Músicas como “Gimme Shelter”, “Street Fighting Man”, “Undercover of the Night” e “Hang Fire” não eram nada sutis em suas letras engajadas.

Sendo assim, não chega a ser surpreendente que Mick Jagger tenha tocado em assuntos extremamente polêmicos durante entrevista ao NME em 1972 – resgatada pela Classic Rock. A conversa aconteceu com o jornalista Roy Carr, que havia sido convidado a ouvir o recém-finalizado “Exile on Main St.”, que se tornaria um dos maiores álbuns da carreira do grupo.

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Uma menção ao controverso Projeto de Lei das Assembleias Noturnas do governo conservador britânico colocou a conversa em uma tangente diferente. A ação recebeu sua segunda leitura no Parlamento em 21 de janeiro de 1972. David Crouch, o MP de Canterbury, disse à Câmara dos Comuns:

“Creio que toda a Câmara aprecia a necessidade de uma legislação como a que proponho para lidar com um novo fenômeno da sociedade moderna. Refiro-me ao festival ‘pop’, um novo evento esportivo ou musical que ocorreu e ocorre regularmente durante a temporada. Tais eventos estão na escala do encontro de corrida de Derby, mas ocorrem sem as devidas proporções instituídas para grandes assembleias de pessoas. O projeto de lei está sendo apresentado não para proibir festivais pop, mas para torná-los mais aceitáveis para todos preocupados e, em particular, mais agradáveis para quem os procura para ouvir a música e o entretenimento.”

O projeto de lei propunha tornar crime realizar uma reunião de mil pessoas ou mais em ambientes externos entre meia-noite e 6h sem solicitar uma autoridade local com quatro meses de antecedência e sem garantias financeiras. Mick Jagger viu isso como uma tentativa de acabar com as liberdades civis, já que o escopo do projeto original poderia ter estendido além dos festivais de música.

“É nojento. O povo britânico deveria desrespeitar abertamente o governo Conservador. Votar não adianta, nunca funciona. A melhor coisa seria que um monte de nossas melhores bandas aparecesse em algum lugar, reunisse uma grande multidão e fizesse um gigantesco show gratuito. Se o fizessem, então tenha certeza, eu estaria lá. Sinceramente, acredito que a Grã-Bretanha estaria melhor sem governo do que com o atual. E quanto à polícia – todos deveriam se aposentar. Quero dizer, eles são todos nojentos… A Inglaterra está caindo aos pedaços.”

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O frontman entendia que se a proposta passasse, seria apenas o começo de uma série de ações do tipo.

“A partir de então eles realmente vão tentar impor outras medidas para restringir a liberdade das pessoas. Se eles proibissem os jogos de futebol, eles veriam alguns problemas. Apenas deixe-os começar isso – e veja o que acontece.”

Mick Jagger critica conterrâneos

Mick Jagger também culpou a mentalidade de seus conterrâneos. Justamente o que inspiraria a letra da já citada “Hang Fire”, presente no álbum “Tattoo You” (1981).

“A Inglaterra sempre teve um mau hábito de não se importar. As pessoas aceitam tudo tranquilamente. Elas se contentam em deixar o país ser governado por um bando de direitistas equivocados.”

Rolling Stones e “Exile on Main St.”

No final das contas, o apoio ao projeto caiu e a questão não foi levada adiante. Os Rolling Stones lançaram “Exile on Main St.” e se tornaram ainda mais dominantes em um cenário onde os Beatles não estavam mais presentes para comandar a festa e o Led Zeppelin ainda era uma estrela ascendente.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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