Crítica: “Peter Pan & Wendy” tenta, mas falha em atualizar o clássico

Obra adaptada incansavelmente ao longo das décadas ganhou versão que soou podada após aparente tentativa de algo diferente

Superficial, mas com uma camada que desperta bastante interesse sem nunca ser desenvolvida satisfatoriamente, “Peter Pan & Wendy” carece de momentos marcantes.

Convenhamos: entre as muitas histórias de nossa infância, talvez “Peter Pan” seja a adaptada com mais frequência. E talvez essa seja a raiz do problema: ninguém aguenta mais ver a mesma história ressurgindo de tempos e tempos.

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Pequena mudança de foco (ou quase)

A história é a mesma de sempre. Peter Pan (Alexander Molony) leva Wendy (Ever Anderson) para a Terra do Nunca e mantém sua eterna rivalidade com o Capitão Gancho (Jude Law).

Porém, o protagonismo é muito mais de Wendy do que de Peter, um dos poucos acertos da produção. A filha da atriz Milla Jovovich e do diretor Paul W.S. Anderson mostra sinais de que tem futuro promissor neste que é seu primeiro grande papel. Carismática e desenvolta, já supera sua mãe quando tinha mais ou menos a mesma idade.

A escolha de destacar Wendy funciona no contexto do longa, que também acerta em apontar as muitas falhas de Peter Pan, um velho que se nega a amadurecer, sequestra crianças e atormenta outro cara mais velho do que ele. Nenhum desses elementos é novo, mas esta é uma das poucas vezes em que são abordados com um pouco mais de clareza.

O que falta é desenvolvimento, profundidade. Tudo isso é jogado na cara do espectador, cria uma esperança de uma estrutura um pouco diferente, mas não vai muito longe.

Mesmo Peter está diferente. Mais triste, mais perdido. E, de novo, isso não é bem desenvolvido. A todo momento, “Peter Pan & Wendy” dá lampejos de originalidade e parece cortar bruscamente o desenvolvimento de cada um desses pontos fortes.

Aí vem o Gancho

A maior força do filme é o Capitão Gancho, numa boa interpretação de Jude Law, sem dúvidas a melhor da adaptação. Grande ator, ele consegue criar uma versão bem carismática do personagem, que também tem novas e interessantes nuances que não são muito desenvolvidas, embora mais do que as demais inovações.

De fato, não é nada tão novo assim, mas desta vez sua relação com Pan tem mais detalhes que despertam curiosidade e empatia. Isso define uma personalidade mais complexa para o vilão, ao ponto de vermos Peter com outros olhos, mas só por alguns minutos.

Vazio

Em suma, “Peter Pan & Wendy” desperdiça totalmente boa parte dos personagens, como Tinker Bell (Yara Shahidi), tem efeitos especiais de qualidade flutuante, mas seu maior pecado é ter vários pontos interessantes que dão certo frescor a essa versão, mas nunca caminham para tornar o filme algo memorável.

A sensação que fica é de que a equipe de produção até tentou fazer algo diferente, mas foi podada. As peças estão ali, chamam a atenção, mas o desenrolar da trama cai na repetição e deixa de lado tudo que soa promissor. Boas intenções num filme sem alma, vazio.

*“Peter Pan & Wendy” está disponível no Disney+.

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Leonardo Vicente Di Sessa
Leonardo Vicente Di Sessahttps://falaanimal.com.br/
Formado em Propaganda & Marketing, Leonardo Vicente acabou tragado pelo mundo dos quadrinhos e assuntos nerds, atuando como jornalista especializado na área desde 2001. Também revisor e editor, mantém o site Fala, Animal! e o podcast de mesmo nome, participando ainda da equipe da revista Mundo dos Super-Heróis e do podcast Mansão Wayne. É autor de livros como Os Cavaleiros das Trevas, O Homem que Ri e Prodígio: 80 Anos do Robin.

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