Versão IA de Renato Russo cantando sertanejo pode render processo

Artista falecido em 1996 teve sua voz recriada em brincadeira de internauta simulando uma performance do hit “Batom de Cereja”

A Legião Urbana Produções Artísticas, empresa controlada por Giuliano Manfredini, avalia suas opções jurídicas com relação à recriação da voz de Renato Russo, falecido em 1996, usando inteligência artificial. A análise é feita após uma versão do cantor interpretando “Batom de Cereja”, da dupla sertaneja Israel & Rodolffo, viralizar nas redes sociais.

Em declaração à Veja sobre a brincadeira feita pelo internauta Jéferson Menezes, a empresa afirma:

“Nós da Legião Urbana Produções Artísticas tomamos conhecimento do caso e já entramos em contato com a gravadora Universal, que nos encaminhou para departamento jurídico e o mesmo, está avaliando que providências são cabíveis.”

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Durante entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Jéferfon havia falado sobre a motivação por trás do experimento, que surgiu a partir de um estudo sobre inteligência artificial:

“Eu ficava incomodado com o áudio ruim de alguns microfones. Aí fui pesquisar sobre. Nisso, percebi que isso também teria uma finalidade curiosa, como fazer a voz de uma pessoa cantando outra música. Eu treinei a voz do Renato, em específico, porque o último CD dele em vida tem uma música não terminada; e em outras músicas, ele já estava debilitado. Queria ver como ficaria. Aí acabei aproveitando para fazer essa brincadeira.”

Quando à reação do público, ele se mostrou desportivo com quem não gosta e reconhece a validade do debate ético.

“É um mix de sentimentos. A maioria gosta, mas tem uns fãs mais chatos que reclamam. E uma outra parte significativa expõe suas preocupações com o que pode ser feito por meio da inteligência artificial – o que acho altamente válido.”

Confira abaixo a “versão” de “Batom de Cereja”.

https://twitter.com/JefinhoMenes/status/1653238648626716673

Legião Urbana na Justiça

A Legião Urbana Produções Artísticas também está envolvida em uma batalha judicial com o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá, os dois outros integrantes da banda.

Em outubro de 2022, a 4ª Turma do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que a Justiça do Rio de Janeiro deverá julgar novamente um recurso relacionado à divisão de lucros da turnê realizada por Dado e Bonfá em 2015. A Legião Urbana Produções Artísticas, empresa comandada por Giuliano Manfredini, busca obter parte da renda gerada pela excursão, que celebrou os 30 anos do álbum de estreia homônimo da banda.

De acordo com o Conjur, foi mantida por unanimidade uma decisão autocrática do ministro Antônio Carlos Ferreira, relator do recurso, anulando a multa imposta pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) a Villa-Lobos e Bonfá. Segundo a decisão, os desembargadores não analisaram todos os argumentos dos músicos. Os músicos haviam sido condenados a repassar um terço dos lucros da turnê à empresa herdada por Manfredini.

Em junho de 2021, o STJ já havia autorizado Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá a se apresentarem usando o nome Legião Urbana em meio a protestos da empresa do filho de Renato Russo. Segundo os ministros na ocasião, os músicos contribuíram para a popularização do grupo e deveriam ter direito a se valer do nome da banda exclusivamente para fins artísticos.

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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