Além da música, Rita Lee fez carreira na literatura. Falecida na última segunda-feira (8), aos 75 anos, a artista lançou uma série de livros infantis, além de ter escrito duas obras de memórias. A primeira, “Uma autobiografia”, saiu em 2016. A segunda, “Outra autobiografia”, chegará no fim deste mês.
Com o falecimento confirmado de Rita, viralizou nas redes sociais um trecho do livro de 2016 onde a cantora faz uma “profecia” de como seria a ocasião de sua morte. Com seu típico bom humor, a artista tentou imaginar o que aconteceria na data em que nos deixaria.
Confira abaixo.
“Quando eu morrer, posso imaginar as palavras de carinho de quem me detesta. Algumas rádios tocarão minhas músicas sem cobrar jabá, colegas dirão que farei falta no mundo da música, quem sabe até deem meu nome para uma rua sem saída. Os fãs, esses sinceros, empunharão capas dos meus discos e entoarão ‘Ovelha Negra’, as TVs já devem ter na manga um resumo da minha trajetória para exibir no telejornal do dia e uma notinha no obituário de algumas revistas há de sair. Nas redes virtuais, alguns dirão: ‘Ué, pensei que a véia já tivesse morrido, kkk’. Nenhum político se atreverá a comparecer ao meu velório, uma vez que nunca compareci ao palanque de nenhum deles e me levantaria do caixão para vaiá-los. Enquanto isso, estarei eu de alma presente no céu tocando minha autoharp e cantando para Deus: ‘Thank you Lord, finally sedated’.
Epitáfio: Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa.”
A morte de Rita Lee
A família de Rita Lee confirmou a morte da artista em publicação nas redes sociais. A causa não foi informada, mas sabe-se que ela lutava contra um câncer no pulmão desde 2021.
“Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residência, em São Paulo, capital, no fim da noite de ontem (segunda-feira, 8 de maio), cercada de todo o amor de sua família, como sempre desejou.
O velório será aberto ao público, no Planetário do Parque Ibirapuera, na quarta-feira, dia 10, das 10h às 17h.
De acordo com a vontade de Rita, seu corpo será cremado. A cerimônia será particular.
Nesse momento de profunda tristeza, a família agradece o carinho e o amor de todos.”
A rainha do rock brasileiro
Nascida em 31 de dezembro de 1947, em São Paulo, Rita Lee Jones sempre fez jus ao título de “rainha do rock brasileiro” – o qual ela revelou considerar “cafona”. Irreverente, provocadora e dona de um talento acima da média para cantar e compor, ela se destacou inicialmente à frente dos Mutantes, uma das mais importantes bandas do país, ainda na década de 60.
O trio, completado por Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, surgiu como resultado de alguns grupos adolescentes que foram se unindo e perdendo membros. Com sua formação original, o grupo durou até 1972, quando Rita Lee foi expulsa da banda por Baptista, com quem também havia encerrado um casamento.
Já em carreira solo, nos anos 1970, acompanhada pela banda Tutti-Frutti, Rita Lee continuou em alto nível, lançando hits e álbuns bem produzidos. Arrumou uma nova parceria na música e na vida na figura de Roberto de Carvalho, com quem se casou e teve três filhos. Junto, o casal compôs e produziu músicas exaustivamente reproduzidas nas rádios e nas trilhas sonoras de novelas também na década de 1980.
A partir dos anos 1990, Rita Lee seguiu sozinha, embora não tenha se separado de Roberto na vida conjugal. Foi um período mais experimental, no qual também celebrou sua carreira até aquele momento em grandes turnês. A cantora se aposentou dos palcos em 2012, passando a viver uma vida reclusa, dedicada à escrita e à causa dos animais, com aparições públicas cada vez mais raras.
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