Em dezembro do ano passado, uma mulher chamada Julia Misley moveu uma ação contra Steven Tyler, o acusando de agressão sexual e imposição intencional de sofrimento durante a década de 1970, quando ela ainda era menor de idade. O vocalista do Aerosmith virou réu e, na sequência, negou todas as queixas no tribunal, afirmando que o relacionamento entre os dois era consentido.
Agora, segundo a Rolling Stone, Tyler tenta reverter a situação de outra forma. Para compor o processo, Misley utilizou trechos da autobiografia do artista, “O barulho na minha cabeça te incomoda?”, onde os crimes teriam sido confessados. Contudo, de acordo com a equipe do cantor, não seria legalmente permitido.
Os advogados de Steven tiveram como base as chamadas “SLAPPs” (Ações Estratégica Contra a Participação Pública, sigla em tradução livre). Esse tipo de recurso é usado quando a parte acusada tenta silenciar quem manifestou-se contra ela, normalmente sob alegação de difamação, invasão de privacidade ou outros motivos prejudiciais à sua reputação pública.
No caso, a defesa de Tyler aponta o seu direito de “liberdade de expressão” quando escreveu o livro. Também é alegado que o conteúdo da obra devia ser considerado “atividade protegida” (ou seja, amparado pela lei em uma circunstância como essa), devido ao interesse público em relação às declarações contidas no material, admitido pela própria Misley. Eles pedem que a suposta vítima apresente no tribunal “evidências competentes e admissíveis”, que não envolvam “O barulho na minha cabeça te incomoda?”.
Por fim, como mostra o documento obtido pela Rolling Stone, os representantes de Steven afirmam que a obra saiu mundialmente “várias décadas após os supostos atos de agressão sexual na infância”, não podendo ser considerada uma prova, e que o vocalista do Aerosmith não citou em nenhum momento o nome verdadeiro de Julia no livro – portanto, não agindo de maneira invasiva com a mulher.
As acusações contra Steven Tyler
A denúncia relata que os dois se conheceram em 1973, depois de um show do Aerosmith em Oregon. Julia Misley (anteriormente chamada Julia Holcomb), então com 16 anos, foi convidada para ir aos bastidores e então para o quarto de hotel de Steven Tyler. Ela acusou o músico de abusar sexualmente dela naquela noite e de agredi-la sexualmente em um quarto de hotel após o próximo show em Seattle, para onde o cantor teria bancado sua viagem.
No ano seguinte, Tyler se encontrou com a mãe de Misley e a convenceu a “passar a guarda de sua filha para ele”. Trechos da autobiografia do artista, “O barulho na minha cabeça te incomoda?”, foram usados para compor o processo. No próprio livro, Steven confirmou – sem citar o nome de Julia – que quase se casou com uma adolescente e que os pais dela lhe passaram a guarda, o que a deixou livre para inclusive acompanhá-lo nas turnês.
Misley também disse que foi obrigada a abortar um filho que teve com Tyler, em 1975, quando ela tinha 17 anos. A jovem seguiu hesitante em realizar o aborto, mas o cantor teria alegado que pararia de apoiá-la se ela não fizesse o procedimento. Ela aceitou interromper a gestação, mas terminou com o artista em seguida e voltou a morar em Portland, sua cidade natal. As lembranças haviam sido apagadas de sua memória até o músico voltar a mencioná-las em seu livro.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.