Regra número um para assistir a qualquer filme da franquia “Velozes e Furiosos”: desligue o cérebro, esqueça tudo o que você sabe sobre a gravidade e se divirta. Do contrário, é impossível aproveitar a experiência. Não é diferente em “Velozes e Furiosos 10”.
Tudo muito maior
A estrutura de “Velozes e Furiosos 10” é a mesma dos últimos três ou quatro filmes da franquia: viagens internacionais, um inimigo buscando vingança e o retorno de muita, mas muita gente, fazendo o elenco ficar cada vez mais gigante. E com tudo elevado à décima potência: mais explosões, mais absurdos e mais encheção de linguça com as trapalhadas de Roman (Tyrese Gibson).
A adesão de novos personagens sempre funciona, afinal é bom ter mais gente na tela para dividir espaço com Dominic Toretto (Vin Diesel). Apesar de ser o protagonista da franquia, ele é um personagem (e ator) com pouquissímo carisma. Praticamente todos os coadjuvantes geram mais simpatia.
Os reforços da vez incluem Brie Larson, Alan Ritchson, Daniela Melchior, Scott Eastwood e o grande destaque: Jason Momoa, que vive o vilão do filme, Dante. Numa interpretação deleciosamente exagerada, Momoa entrega um antagonista sociopata cheio de maneirismos que rouba a cena a todo o momento, garantindo a graça da produção.
Festival de reviravoltas
Com um exército de personagens, entre novos e velhos, este décimo episódio entra em clima de despedida, de conclusão. A versão oficial é de que a saga acabaria no próximo filme, mas já existem rumores de que o climáx será transformado em uma trilogia.
Dividindo os personagens em grupos menores, o longa consegue desenvolver melhor alguns deles, casos de Letty (Michelle Rodriguez) e Jakob (John Cena). Este último sofre de um mal recorrente da série: mudar totalmente a personalidade do vilão que vira aliado.
Outro elemento que a produção esbanja são as reviravoltas: quase mortes, retornos, revelações surpresa, traições. A cada 20 minutos algo surpreende os fãs. É apelativo? É. Mas funciona.
O que não funciona é a representação do Rio de Janeiro, ainda mais irreal do que a vista anteriormente no quinto episódio da saga. Para piorar, temos a insistência de Hollywood em não escalar atores brasileiros para viverem brasileiros, resultando em cenas vergonhosas de americanos e portugueses tentando se expressar no português do nosso Brasil.
Ainda assim, o saldo é positivo, principalmente ao se comparar com o fraco filme anterior. “Velozes e Furiosos 10” diverte, prende a atenção e até tira sarro das próprias falhas e vícios, brincando com a obsessão pela família, por exemplo. Mas esteja preparado: o final deixa o coração na boca e ainda tem cena pós-créditos!
*“Velozes e Furiosos 10” estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (18).
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