Gov’t Mule ativa gatilhos emocionais no pós-pandêmico “Peace…Like A River”

Décimo segundo álbum de estúdio traz grupo vestindo o capote do hard blueseiro setentista e letras que visam aos ouvintes mais sensíveis

Assim diz a letra de “Same As It Ever Was”, faixa que abre “Peace…Like A River”, novo álbum do Gov’t Mule: “It’s time to make up for all you’ve lost / Years and friends that you can’t get back / These things are gone forever — but memories never die” (“É hora de compensar tudo que você perdeu / Anos e amigos que não pode recuperar / Essas coisas se foram para sempre — mas as lembranças nunca morrem”).

Alerta de gatilho? Sem dúvidas e não por mero acaso. Ouvintes mais sensíveis notarão que o trabalho é uma crônica das mudanças pelas quais o mundo passou durante a pandemia; mudanças essas que, conforme os supracitados versos evidenciam, partem, antes de mais nada, do indivíduo. “Like A River” (“Como Um Rio”); ou seja, num fluxo contínuo, mas também forte, poderoso.

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Para entregar a mensagem Warren Haynes (guitarra e vocais), Matt Abts (bateria), Danny Louis (teclados, guitarra e backing vocals) e Jorgen Carlsson (baixo) primeiro vestem o capote do hard blueseiro setentista, com a balança surpreendentemente pendendo para o que de mais leve o estilo é capaz de oferecer sem se descaracterizar. Para tal, valeram-se de tudo o que era instrumento vintage a mão e contaram com a produção John Paterno, que já produziu de Bonnie Raitt a Robbie Williams.

Dito isso, “Made My Peace” ergue-se sobre um riff dos mais elementares e é colorida por fraseados que denotam a inclinação de Haynes ao improviso. Ela é seguida por uma mudança de marcha, mas não de clima, em “Peace I Need”. “Your Only Friend” marca a primeira aparição do bom e velho violão, e, de construção simples e direta, “Head Full Of Thunder” talvez consista no momento mais acessível.

“After the Storm” soa como um número pensado para o palco, com respiros pensados com carinho para que cada um dos quatro tenha seu momento de brilhar. De ar cinematográfico, “Long Time Coming” é do tipo que conjura cena de filme na mente: um lobo solitário que olha ao redor sem saber o que diabos está acontecendo… e fica pra morrer diante da falta de previsibilidade da vida; ainda mais em tempos pandêmicos.

À derradeira “Gone Too Long” — um feat. improvável de Rolling Stones com Pink Floyd — cabe a função de rescaldo. O slide guitar é viajante, e embora a letra carregue certo amargor, Haynes canta como se o espírito estivesse em paz, e isso é o suficiente para que tal sentimento, cuja importância é expressa tanto alto e bom som quanto nas entrelinhas do repertório, seja compartilhado.

Por último, mas definitivamente não menos importante, “Peace…Like A River” traz participações especialíssimas de Billy F. Gibbons (ZZ Top) em “Shake Out Your Way”, do ator Billy Bob Thornton mostrando dotes vocais em “The River Only Flows One Way” e da dupla Ruthie Foster e Ian Neville, responsável pelo canto à Sly and the Family Stone presente em “Dreaming Out Loud”.

Ouça “Peace… Like A River” a seguir, via Spotify.

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Gov’t Mule – “Peace… Like A River”

  1. Same As It Ever Was
  2. Shake Our Way Out (ft. Billy F Gibbons)
  3. Made My Peace
  4. Peace I Need
  5. Your Only Friend
  6. Dreaming Out Loud (ft. Ivan Neville and Ruthie Foster)
  7. Head Full Of Thunder
  8. The River Only Flows One Way (ft. Billy Bob Thornton)
  9. After The Storm
  10. Just Across The River (ft. Celisse)
  11. Long Time Coming
  12. Gone Too Long

“Time Of The Signs” EP (edição deluxe)

  1. Stumblebum
  2. Under The Tent
  3. Time Stands Still
  4. Blue, Blue Wind
  5. The River Only Flows One Way (WH vocals)

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Marcelo Vieira
Marcelo Vieirahttp://www.marcelovieiramusic.com.br
Marcelo Vieira é jornalista graduado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA), com especialização em Produção Editorial pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Há mais de dez anos atua no mercado editorial como editor de livros e tradutor freelancer. Escreve sobre música desde 2006, com passagens por veículos como Collector's Room, Metal Na Lata e Rock Brigade Magazine, para os quais realizou entrevistas com artistas nacionais e internacionais, cobriu shows e festivais, e resenhou centenas de álbuns, tanto clássicos como lançamentos, do rock e do metal.

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