Till Lindemann recentemente foi acusado de abuso sexual por diversas mulheres. Devido às queixas, a justiça alemã abriu uma investigação contra o vocalista do Rammstein, enquanto o governo local solicitou medidas para proteger o público feminino nos shows da banda.
Agora, diante de tal situação, o próprio grupo fez mudanças em sua performance (via Loudwire). Desde as apresentações realizadas em Munique, Alemanha, no último dia 7 de junho, o Rammstein não executa a canção “P*ssy” – cuja letra fala abertamente sobre transar com uma mulher, descrevendo-a como “v*dia”, e com seu respectivo clipe contendo cenas explícitas.
Durante a performance da faixa ao vivo, como mostra o final do vídeo abaixo (gravado em Helsinque, Finlândia, em 27 de maio), Lindemann ainda subia em uma espécie de pênis gigante, responsável por disparar espuma na plateia. O adereço, que já não se parece tanto com uma genitália em sua edição mais atual, também deixou de fazer parte do palco.
De acordo com o site Setlist.fm, a última vez em que o Rammstein tocou “P*ssy” aconteceu no dia 3 de junho, em Odense, na Dinamarca. No dia anterior, a editora alemã Kiepenheuer & Witsch anunciou ter rompido o contrato com o vocalista devido, sobretudo, às denúncias, surgidas publicamente no fim de maio e negadas pelo artista.
Pelo Reddit, um fã presente naquela que até o momento foi performance final da música, relatou que sentiu os integrantes desconfortáveis ao tocá-la. De qualquer forma, não houve um pronunciamento oficial a respeito da exclusão.
“Eu vi a última apresentação de ‘P*ssy’ em Odense e nenhum dos integrantes parecia confortável sobre a música. Para ser honesto, me senti um pouco triste por eles. Foi explosivo: cantamos, dançamos e rimos, mas na posição deles eu também não iria querer tocar. Continuar com a música só dá mais munição para as pessoas por aí que estão os culpando.”
Presente no sexto álbum de estúdio da banda, “Liebe ist für alle da” (2009), “P*ssy” era presença carimbada nos setlists entre 2009 e 2013 e voltou a aparecer no repertório em 2019. A estimativa é de que seja a 13º canção mais reproduzida ao vivo pelo grupo em toda a sua carreira.
As acusações contra Till Lindemann
Nas últimas semanas, várias mulheres vieram a público relatar comportamentos abusivos do artista. O movimento começou após a irlandesa Shelby Lynn alegar ter sido dopada por Till Lindemann e sua equipe, visando uma tentativa de abuso sexual. A situação teria ocorrido durante um show especial para membros do fã-clube da banda em Vilnius, capital da Lituânia, celebrando o início da turnê “Europa Stadion”.
Além de narrar a situação, a jovem exibiu capturas de tela e fotos de suas alegações. Ela diz ter sido convidada para um encontro pessoal com o vocalista durante uma pequena pausa no show, com a intenção de ter relações sexuais com ele. Com a alegada recusa por parte da moça, o artista teria se comportado de forma agressiva.
A brasileira Monique Tavares, dona do canal Rock Channel Brasil, relatou em vídeo que viveu uma situação parecida envolvendo Lindemann em 2019, após um show em Roterdão, nos Países Baixos. Ela foi convidada para uma festa pós-show sob o pretexto de conhecer os músicos da banda pessoalmente. Ao consumir um drink suspeito oferecido por um produtor, passou mal e sentiu sonolência fora do comum por horas.
Outras alegadas vítimas compartilharam experiências semelhantes em shows do grupo, não apenas da atual turnê. Há ainda relatos nas redes sociais Reddit e Tumblr apontando para uma suposta seleção de fãs para ficarem bem na frente do palco durante os shows e sendo dopadas em festas posteriores.
Novas alegações
Para além dos relatos nas redes sociais de outras mulheres que apontam comportamento similar, duas entrevistadas pelo telejornal “Tagesschau”, também do grupo público alemão ARD, no último dia 2, gravaram depoimentos acusando Till Lindemann de crimes relacionados ao espectro do abuso sexual. Elas tiveram o anonimato preservado, mas aceitaram ter suas afirmações gravadas diante de câmera e fizeram suas declarações de forma juramentada, assim como testemunhas.
Uma das jovens, que tinha 22 anos e foi identificada pelo pseudônimo Cynthia, diz ter sido convidada por uma pessoa da equipe do Rammstein para ir até uma sala nos bastidores de um show realizado em fevereiro de 2020. Afirma que, no local, teve uma relação sexual “agressiva” com Till, chegando a sangrar.
Outra vítima ouvida, pseudônimo Kaya, à época com 21 anos, alegou que recuperou sua consciência após uma festa pós-show de Lindemann apenas em uma cama de hotel, com o cantor em cima dela perguntando se ele deveria parar. “Eu nem sabia o que ele queria parar de fazer”, afirmou. O vocalista saiu e, algum tempo depois, membros de sua equipe ofereceram drogas a ela, que recusou.
Tanto elas quanto outras mulheres nas redes sociais dizem que há um “recrutamento” de jovens mulheres para festas pós-show de Till. O cantor teria a intenção de relacionar-se sexualmente com as moças selecionadas. Algumas delas teriam sido escolhidas pelo Instagram e orientadas a enviar fotos com antecedência, além de comparecer com visual atraente.
Diante disso, o Ministério Público da Alemanha confirmou ter aberto uma investigação contra Till Lindemann. A apuração gira em torno de “crimes sexuais e distribuição de drogas”, já que a principal alegação é de que o cantor estaria dopando fãs para transar com elas.
Lindemann nega ter cometido qualquer delito. Um comunicado redigido por seus advogados, Simon Bergmann e Christian Schertz, afirma: “essas acusações são invariavelmente falsas e tomaremos medidas legais imediatas para todas as alegações do tipo”.
Já pelas redes, a banda afirmou:
“As publicações dos últimos dias têm causado irritação e questionamentos no público e principalmente entre os nossos fãs. As alegações nos atingiram muito e as levamos extremamente a sério.
Dizemos aos nossos fãs: é importante para nós que você se sinta confortável e seguro em nossos shows – na frente e atrás do palco.
Condenamos qualquer tipo de transgressão e pedimos a você: não se envolva em preconceito público de qualquer tipo contra aqueles que fizeram denúncias. Você tem direito ao seu ponto de vista.
Mas nós, a banda, também temos o nosso direito – ou seja, de não sermos preconceituosos.”
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