Swans soa mais sereno que nunca e aterrorizante como sempre em “The Beggar”

Clímax de 16º álbum de estúdio da banda experimental é uma faixa com quase 44 minutos de duração que encapsula sua história sonora

Todo disco do Swans desde 2010 é uma maratona. Desde o retorno, o grupo comandado por Michael Gira desde os anos 1980 tem se concentrado em uma sonoridade insistente, construída ao longo de dezenas de minutos e repetição constante. Um álbum de 90 minutos é curto para os padrões modernos da banda.

“The Beggar”, o 16º lançamento de estúdio do Swans, continua essa tendência ao atingir 121 minutos e 37 segundos. Entretanto, o ouvinte é recebido inicialmente por um dos trabalhos mais serenos da carreira recente da banda, evocativo do disco solo de Gira “Drainland” (1995) e do Angels of Light, projeto acústico formado pelo cantor e compositor durante o hiato do grupo.

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Michael Gira sempre foi um hábil usuário de dinâmicas, mas “The Beggar” ao longo de seus primeiros 80 minutos é marcado por uma subida constante e árdua, buscando por transcendência.

As canções, à medida que crescem, ganham contornos mais gospel, reminiscentes da psicodelia maximalista do Spiritualized. Em “Michael is Done”, o arranjo explode numa “wall of sound” digna de Phil Spector em sua segunda metade. O impacto é tão forte a ponto do sol parecer ficar mais forte na janela durante a audição. 

E a letra ecoa a busca por transcendência na forma de uma metáfora de metamorfose:

“While cracking his lens
He is breaking his hands
Growing wings from his back
Michael sinks in his sack

When Michael is gone
Some other will come”

[“Enquanto quebra sua lente
Ele quebra suas mãos
Crescendo asas de duas costas
Michael afunda em seu saco

Quando Michael se for
Algum outro virá”]

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Toda essa escalada chega ao seu ápice em “The Beggar Lover (Three)”, uma odisseia aterrorizante com mais de 43 minutos, construída com trechos instrumentais drone opressores intercalados com passagens onde o passado industrial do Swans ressurge em toda sua glória. Lembra a música feita pela banda no final dos anos 1980 e os melhores momentos da obra pós-retorno do grupo em 2010. 

A isso se somam monólogos da esposa do líder do Swans, Jennifer Gira; cantigas de ninar entoadas tanto por Michael e a filha pequena dos dois, Saoirse; além de um mantra entoado pelo cantor nos últimos sete minutos da faixa. Para o grupo, isso é um epílogo curto.

No final, por mais que “The Beggar Lover (Three)” seja um baixa clímax, só tem uma faixa após isso – e fica o gosto de “quero mais” após tanta subida. É como uma montanha russa que sobe até cem metros de altura e só tem um loop depois.

Ouça “The Beggar” a seguir, via Spotify.

Swans – “The Beggar”

  1. The Parasite
  2. Paradise Is Mine
  3. Los Angeles: City of Death
  4. Michael is Done
  5. Unforming
  6. The Beggar
  7. No More Of This
  8. Ebbing
  9. Why Can’t I Have What I Want Any Time That I Want?
  10. The Beggar Lover (Three)
  11. The Memorious

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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