O poema citado por Oppenheimer e Raul Seixas

Físico se lembrou da obra na primeira explosão nuclear da história, enquanto o Maluco Beleza se inspirou nela para canção famosa

Sabia que J. Robert Oppenheimer, que teve sua vida contada no longa “Oppenheimer”, tem uma coisa em comum com o eterno Raul Seixas? Tanto o físico quanto o músico já mencionaram um famoso poema épico hindu ao longo de suas vidas.

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Como observado pela Superinteressante, a obra em questão se chama “Bhagavad Gita”. Escrita no século 4 antes de Cristo, é considerada uma escritura sagrada do hinduísmo.

Ela retrata um diálogo de Krishna, importante divindade da religião, com Arjuna, guerreiro famoso no folclore hindu, em um campo de batalha. O texto é composto por diversos pontos filosóficos, existenciais e espirituais.

J. Robert Oppenheimer, que conhecia o poema, se lembrou dele no momento em que a primeira bomba atômica foi detonada na história, durante um teste no estado americano do Novo México em julho de 1945 – que foi o único antes dos bombardeios em Hiroshima e Nagasaki.

A partir daí, o físico sempre passou a citar um trecho famoso da escritura que se lembrou no momento da explosão, que pode ser traduzido da seguinte forma:

“Agora me tornei a morte, o destruidor de mundos.”

Em uma entrevista concedida em 1965 (via Superinteressante), Oppenheimer explicou por que se lembrou da escritura durante o teste.

“Sabíamos que o mundo não seria mais o mesmo. Algumas pessoas riram, algumas pessoas choraram. A maior parte das pessoas ficou em silêncio. Me lembrei dessa frase da escritura hindu ‘Bhagavad Gita’, em que Vishnu (um das principais divindades da religião) tenta persuadir o Príncipe (Arjuna, protagonista de um famoso épico hindu) de que deve cumprir seu dever e que para impressioná-lo, assume sua forma armada e diz ‘agora, me tornei a morte, o destruidor de mundos’. Acredito que todos pensamos aquilo, de uma forma ou de outra.”

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Uma explicação mais completa se faz presente no site da Superinteressante.

Inspiração para Raul Seixas

Se você conhece bem a carreira de Raul Seixas, já deve imaginar qual é a canção do músico inspirada no poema. Se não, vamos te explicar.

A música em questão é “Gita”. Presente no álbum de mesmo nome, trata-se de uma das composições mais famosas do Maluco Beleza, tendo sido desenvolvida em conjunto com o escritor Paulo Coelho.

O título não é por acaso: a letra carrega várias alusões ao poema. Especificamente, aborda os caminhos para que o homem possa evoluir espiritualmente – o que é justamente retratado no diálogo entre Krishna e Arjuna. O trecho a seguir faz entender muito bem:

“Eu sou a a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar

Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou a beira do abismo
Eu sou o tudo e o nada.”

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Uma rápida curiosidade sobre “Gita” é que seu videoclipe foi gravado para o “Fantástico” e considerado um dos primeiros filmados em cores a fazer sucesso na televisão brasileira.

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Augusto Ikeda
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Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

1 COMENTÁRIO

  1. Interessante a visão do verdadeiro jornalista, oferecendo informação contextualizada e contemporânea da época. Espírito do tempo. Obrigado

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