É difícil descolar o nome do The Raven Age da história do Iron Maiden. Não apenas por ser a banda do guitarrista George Harris, filho de Steve Harris, baixista e fundador do gigante metálico. Mas também porque eles são constantemente vistos na estrada juntos – como acontece no exato momento desta resenha, com a turnê “The Future Past” repetindo a dobradinha pela Europa.
Talvez não haja realmente uma intenção de se livrar. Primeiramente pelo fato de o estigma ser inevitável, é algo que via acompanhá-los pela carreira toda, gostem ou não. E em segundo lugar, não deixa de ser a posição dos sonhos de todo artista em busca de projeção, mesmo tendo que enfrentar a inevitável rejeição dos fãs da Donzela de Ferro em relação a qualquer atração de abertura.
Por outro lado, não deve ser uma situação muito agradável quando o mundo olha para a sua criação e enxerga a do seu pai o tempo todo. Para todo o bônus da exposição, o The Raven Age enfrenta o ônus de realmente não ter sua música analisada de forma isenta, seja para o bem ou o mal. Vendo a situação por essa ótica, ela acaba nos mostrando que nem tudo é tão confortável quanto parece, ainda mais se tratando de um trabalho artístico.
Em meio a esses conflitos, o quinteto chega ao seu terceiro álbum mostrando competência e criatividade. “Blood Omen” se mostra um disco ainda mais melódico que seus antecessores, em alguns momentos se tornando até mesmo difícil encaixá-lo no contexto metalcore em que o conjunto foi criado. Que o diga “Parasite”, primeiro single que poderia até mesmo ser veiculada em uma rádio rock menos conservadora. Ou a sequência “Serpents Tongue”, com o ataque de guitarras de George e Tommy Gentry, fazendo sua estreia em estúdio.
Outros destaques vão para o groove funkeado de “Nostradamus”, com um tempero inegavelmente oitentista, além da trinca de encerramento “The Journey”, “War in Heaven” e “Tears of Stone”, onde há maior espaço para sons atmosféricos e experimentais. Em momentos como esses, não dá para não reconhecer que os músicos evoluíram com o passar dos anos, experimentando novas texturas e arranjos com bastante competência.
Embora não ofereça nada realmente revolucionário ou extremamente pessoal, o The Raven Age mostra qualidades para alçar voos maiores. Resta saber o quanto eles estão realmente dispostos a se arriscar em termos mercadológicos. Quem sabe a resposta não começa a ser dada a partir de outubro próximo, quando o grupo embarca em uma nova turnê como headliner pela Europa.
Ouça “Blood Omen” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.
O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!
The Raven Age – “Blood Omen”
1. Changing Of The Guard
2. Parasite
3. Serpents Tongue
4. Essence Of Time
5. Nostradamus
6. Forgive & Forget
7. The Journey
8. War In Heaven
9. Tears Of Stone
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