Para além da música, Tom Morello é conhecido pelo ativismo político, também presente em seu trabalho e performances. Formado em Ciência Política pela Universidade de Harvard, o guitarrista declara-se abertamente como socialista.
Justamente por tal viés, algumas de suas escolhas artísticas foram questionadas. Uma delas envolve o fato de que o Rage Against the Machine, banda politizada na qual consolidou sua carreira, assinou com uma grande gravadora – no caso, a Epic Records.
Durante entrevista ao crítico musical Marc Allan (via Whiplash), em 1993, Morello explicou por que, mesmo sendo socialista, aceitou a proposta da empresa. O motivo, em suas palavras, envolve o maior alcance das canções e, por consequência, das mensagens contidas nelas:
“Um músico socialista não está em uma grande gravadora por acaso. Isso faz parte da estratégia. Não tenho ilusões elitistas sobre a pureza romântica das gravadoras independentes. Estamos tentando fazer algo que nenhuma banda de nenhuma gravadora independente fez, que é afetar diretamente o ponto de apoio do poder da mesma maneira que isso afeta nosso público. Para isso, decidimos ampliar a rede como forma de alcançar jovens revoltados de todos lugares, de Praga [República Checa] a Belfast [Irlanda do Norte] a Indianápolis [Estados Unidos].”
Posteriormente, conversando com o jornalista Charles M. Young para a Guitar World, o guitarrista descreveu como “quase cômicas” as constantes perguntas relacionadas ao assunto:
“Sobre o negócio da música, é quase cômico que os entrevistadores ainda estejam perguntando para a gente como conciliamos nossas crenças com o fato de estarmos em uma grande gravadora. Assinaríamos com prazer com uma gravadora socialista que distribuiria nosso trabalho pelos quatro cantos do globo, mas essas não são as circunstâncias históricas em que nascemos.”
Rage Against the Machine e Epic Records
Conforme explicado por Tom Morello em outro bate-papo (via Los Angeles Times), o Rage Against the Machine escolheu a Epic Records pela liberdade criativa proporcionada pelo selo. Manter o controle do próprio trabalho era o mais importante para os músicos, como afirmou:
“Muitas gravadoras entraram em contato com a gente, mas várias delas simplesmente não entendiam o que queríamos fazer. Eles estavam interessados em assinar conosco só porque estávamos ganhando fama. Mas a Epic concordou com tudo o que pedimos. Somos questionados sobre fazer parte de uma grande gravadora o tempo todo, mas nunca vimos problema desde que mantivéssemos o controle criativo. Quando se vive em uma sociedade capitalista, a disseminação da informação passa pelos canais capitalistas […]. Não estamos interessados em pregar apenas para os convertidos. É ótimo tocar em prédios abandonados administrados por anarquistas, mas também é ótimo poder alcançar pessoas com uma mensagem revolucionária, de Granada Hills [Estados Unidos] a Estugarda [Alemanha].”
Tom Morello, música e política
Como mencionado, as visões políticas de Tom Morello aparecem explicitamente em suas entrevistas, discografia e shows. Para o Chicago Tribune em 2018, o guitarrista opinou a respeito das pessoas que, em especial, costumam dizer para ele que “música e política não se misturam”:
“Primeiramente, quando você pega uma guitarra, você não deixa de ter seus direitos. Em segundo lugar, quando as pessoas te dizem para ‘calar a boca e tocar guitarra’ ou reclamam de artistas que se manifestam, é só porque elas não concordam com o que você está dizendo. Não é nada complicado. Não há teste político para ouvir minha música, mas nunca vou comprometer o que quer que seja para satisfazer alguém que está desconfortável com as ideias que tenho no coração.”
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.