Por que Ginger Baker odiava os Beatles

Consagrado no Cream, baterista nunca foi exatamente um poço de simpatia, colecionando desafetos por conta de sua língua ferina

Ginger Baker era o tipo de pessoa que não fazia qualquer questão de esconder seus descontentamentos. Não à toa, tinha a fama de resolver os problemas da vida sempre da mesma maneira: no braço. Trocas de sopapos com ex-colegas, músicos e até mesmo com o filho eram recorrentes no currículo.

A língua não ficava para trás. Entre seus alvos preferidos estava o heavy metal. A ponto de dizer que “se o Cream teve alguma maternidade para com este estilo, devíamos ter feito um aborto”.

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Nem os Beatles escaparam de sua mira. Durante entrevista à revista Forbes, em 2015, resgatada pelo site Far Out Magazine, o baterista criticou músicos que não sabem ler partituras. E acabou sobrando para o Fab Four.

“Até Paul McCartney precisa de alguém que transcrevesse. E ele acha isso bom. Havia um artigo em que ele dizia que, se aprendesse a ler música, talvez não soubesse escrever tão bem. Costumávamos dizer sobre os Beatles em 1963: ‘Eles não distinguem uma machadinha de uma semínima.’ George Martin era os Beatles. Sem ele, eles não teriam chegado a lugar nenhum.”

A prova definitiva de sua tese veio quando Baker participou das gravações do álbum “That’s The Way God Planned It” (1969), de Billy Preston. O trabalho teve produção de George Harrison.

“George parecia Mick Jagger, não sabia do que diabos estava falando. Sua maneira de explicar uma ideia era agitar os braços. Ele dizia: ‘Sabe, Ginger, toque assim’, e mexia os braços. Do que diabos você está falando? Escreva para que eu possa ver o que você quer dizer. Mas ele não conseguia.”

Sobre Ginger Baker

Peter Edward Baker começou a tocar aos 15 anos. Nos anos 1960, consolidou fama como primeiro grande astro do rock em seu instrumento, misturando o estilo a influências de jazz fusion, blues e world music.

Em 1966 fundou o Cream, junto do baixista Jack Bruce e do guitarrista Eric Clapton. O power trio se tornou referência histórica no formato, influenciando todas as gerações posteriores em sua curta existência.

Posteriormente, ainda tocou com Clapton no Blind Faith, além de ter gravado e excursionado com BBM, Hawkwind, Masters Of Reality, Baker Gurvitz Army, Fela Kuti e Air Force, entre outros.

Faleceu em 6 de outubro de 2019, aos 80 anos, após ter passado os últimos meses de vida internado em uma clínica, recebendo cuidados paliativos. Apesar de a causa oficial da morte nunca ter sido revelada, passou por uma série de cirurgias cardíacas em seus anos derradeiros.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

5 COMENTÁRIOS

  1. O Cream, foi uma banda, muito boa mesmo,..o Ginger, não precisava chegar a demonstrar tanta inveja assim,…bem,..quem não queria tocar nos Beatles ?? Dificilmente as pessoas crescem financeiramente ou profissionalmente,..mais a moral e a educação nunca acompanham,..então se acham Deuses kkkkk

  2. Indiscutivelmente, para mim, os *Fab 4* foram e são o que de “melhor, mais empolgante, mais extraordinário” surgiu no meio musical! Canções, inúmeras, que fluem, com swing, com maravilhosas harmonias e, tudo isso, numa única Banda e com APENAS 8 aninhos de Vida? Nunca mais, tudo indica, teremos uma outra Banda assim: The Beatles!

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