A performance vocal de James LaBrie divide opiniões há algum tempo. Por vezes, o cantor do Dream Theater é alvo de comentários negativos nas redes sociais devido às suas capacidades ou pela forma como soa hoje em dia, após mais de 30 anos de carreira.
Em entrevista ao Breaking Absolutes (transcrita pelo Ultimate Guitar), LaBrie revelou que não acompanha comentários na internet justamente porque muitas pessoas pegam pesado na hora de comentar sobre o trabalho de artistas. Segundo ele, essa parcela do público age de forma desumana com diversos cantores.
“A internet deu voz às pessoas e acabou criando toxicidade nesse diálogo. Não leio comentários porque quando li, algumas pessoas usavam um tom como se fosse válido, mas era ridículo. Eram completamente ignorantes. Ninguém sabe tudo o que se passa naquela ocasião. […] É tão desumano. Não faz sentido. Se você não tem nada de bom a dizer, se você não gosta da voz de alguém – e tudo bem não gostar, é subjetivo -, não escute.”
O vocalista do Dream Theater lembrou ainda das dificuldades que as pessoas enfrentam.
“Talvez aquele artista está passando por algo naquela noite, talvez ele esteja sofrendo, talvez ele nem deveria estar no palco naquela noite. Eu já vi alguns de meus cantores favoritos com uma performance bem comprometida. Não é legal.”
James LaBrie e Steve Perry
LaBrie citou Steve Perry, gigante cantor ex-Journey, para destacar que até mesmo os nomes mais lendários têm problemas.
“Ele dizia em entrevistas que ninguém sabe como é fazer o que ele faz, pois só ele faz. Ele criou aquela música, agora ele precisa reimaginá-la toda noite – e precisa fazer acontecer. Nem sempre é possível. Mesmo o maior dos maiores diz isso. […] Se essas pessoas se sentem melhores ao criticar dessa forma, que seja. Não vou ler. Acho essas pessoas tristes.”
Dream Theater e prog metal
Em outra entrevista, à Revolver, James LaBrie refletiu sobre outro ponto controverso da carreira do Dream Theater: o fato de a banda ser rotulada sempre como metal progressivo.
De fato, o grupo é o maior expoente da história do subgênero conhecido como prog metal. Em mais de 30 anos de carreira, o grupo vendeu cerca de 12 milhões de discos e ajudou a difundir um movimento que havia começado pouco tempo antes, através de bandas como Queensrÿche e Fates Warning.
Ainda assim, os próprios músicos não concordam com a associação ao rótulo de forma integral. Para LaBrie, a percepção da sonoridade do grupo é muito limitada quando reduzida a um subgênero.
“As pessoas podem simplesmente dizer: ‘bem, isso é progressivo’. E eu fico tipo: ‘oh meu Deus’. Obviamente, você realmente não ouviu nosso trabalho e compreendeu todas as diferenças ao longo de cada álbum, todos os estilos que tocamos. Não é apenas sobre as músicas épicas. Adoramos tocá-las, se tornaram grande parte de nossa identidade. Tenho orgulho de qualquer uma de nossas longas canções – como algumas pessoas se referem a elas – porque acho que são feitas de forma brilhante. Não estou tentando soar pomposo e presunçoso, mas realmente acho que se você vai fazer músicas de 12, 15, 20 minutos e assim por diante, deve haver um propósito por trás disso. Tem que ser uma carona para o ouvinte. Tem que haver a dinâmica. Então as pessoas vão se dar conta e dizer, ‘P*ta m*rda! Espere aí, 25 minutos se passaram?’”
Mesmo assim, LaBrie insiste que o Dream Theater é muito mais que isso. E até cita um exemplo claro.
“Mas, ao mesmo tempo, você tem uma música como ‘I Walk Beside You’. Vamos lá, ela poderia ter tocado no rádio. Poderia ter sido, até onde eu sei, uma música do U2. Por isso digo que há muitas camadas em nossa obra. Então, quando as pessoas dizem: ‘oh, vocês são o Dream Theater, metal progressivo’, eu respondo: ‘sim, nós somos, mas também somos muito mais do que isso.’ Existe a diversidade, somos muito ecléticos, usamos vários estilos e acho que isso nos moldou em quem e o que somos.”
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