O que Paul Stanley pensa de boatos sobre sua homossexualidade

Desde o estouro do Kiss, personagem andrógino adotado pelo frontman da banda é alvo de gozações e críticas de pessoas preconceituosas

Quando os membros originais do Kiss criaram seus personagens, representados especialmente pela maquiagem, Paul Stanley incorporou o Starchild. A ideia era de que o vocalista e guitarrista rítmico incorporasse a figura do rockstar. O disfarce o ajudou a se soltar mais no palco, assumindo de vez a função de mestre de cerimônias.

Os trejeitos e danças sacolejantes, que sua reclusa personalidade fora dos palcos jamais admitiria, também apareceram. Com eles, uma série de comentários homofóbicos e sugestões sobre sua sexualidade. Em entrevista de 2015 a Robert Scott – resgatada pelo Rock Celebrities –, Paul falou abertamente sobre o tema.

“Se eu fosse gay, teria orgulho de o ser. Contanto que você seja uma boa pessoa, orientação sexual e coisas assim são totalmente irrelevantes. Dito isto, além de ter quatro filhos, honestamente eu nunca vi um homem que me fizesse sentir algum tipo de atração. Você sabe o que eu quero dizer? É engraçado que algumas pessoas consigam encontrar uma maneira de levar meu conforto com a sexualidade para interpretá-la erroneamente como algo que não é.”

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Apesar das pistas citadas no início do texto, Stanley confessa não conseguir entender de onde tais rumores possam ter surgido. E como todo tiozão, não deu para não fazer uma referência às conquistas – o que não parece ser de muita segurança, no fim das contas.

“Eu realmente me pergunto onde começou. Sempre existiu e é persistente. E eu meio que digo: ‘Bem, os meninos podem não entender, mas as mulheres sempre entenderam’. Elas entenderam de várias maneiras.”

Controvérsia recente

Apesar do suposto orgulho que teria em ser alguém diferente dos padrões normativos da sociedade, Paul Stanley se envolveu em polêmica recente após um comentário transfóbico nas redes sociais. Tudo começou quando o músico foi ao Twitter/X falar sobre a questão da identidade trans, pauta discutida por políticos em vários estados americanos que tentam restringir a capacidade das pessoas de buscar tratamentos médicos de afirmação de gênero.

“Meus pensamentos sobre o que estou vendo.

Existe uma GRANDE diferença entre ensinar aceitação e normalizar e até mesmo encorajar a participação em um estilo de vida que confunde crianças pequenas a questionar sua identificação sexual como se fosse algum tipo de jogo e, em alguns casos, os pais permitem isso.

Existem indivíduos que, como adultos, podem decidir que a reatribuição é a escolha necessária, mas transformar isso em um jogo ou os pais normalizando isso como algum tipo de alternativa natural ou acreditando que porque um menino gosta de brincar de se vestir com as roupas de sua irmã ou uma menina em do irmão dela, devemos conduzi-los passos adiante por um caminho que está longe da inocência do que eles estão fazendo.

Com muitas crianças que não têm nenhum senso real de sexualidade ou experiências sexuais envolvidas na ‘diversão’ de usar pronomes e dizer o que se identificam, alguns adultos confundem erroneamente ensinar aceitação com normalizar e encorajar uma situação que tem sido uma luta para aqueles verdadeiramente afetados e o transformaram em uma triste e perigosa moda.”

Quatro dias mais tarde, após uma onda de críticas, Paul se retratou.

“Enquanto meus pensamentos eram claros, minhas palavras claramente não foram.

Mais importante e acima de tudo, apoio aqueles que lutam com sua identidade sexual enquanto suportam hostilidade constante e aqueles cujo caminho os leva à cirurgia de redesignação. É difícil imaginar o tipo de convicção que alguém deve ter para dar esses passos.

Um parágrafo ou dois são curtos demais para explicar de forma completa meus pensamentos ou ponto de vista, então, vou deixar isso para outro momento ou lugar.”

Sobre Paul Stanley

Nascido em Nova York, Stanley Bert Eisen demonstrou aptidões criativas desde cedo. Formou-se em artes gráficas na Escola de Música e Artes em 1970. A seguir, passou a se dedicar à carreira musical.

Após várias tentativas, conheceu Gene Simmons e juntos fundaram o Wicked Lester. A banda se desfez e a dupla criou o Kiss. Com 50 anos de carreira, o grupo vendeu mais de 100 milhões de discos em todo o planeta.

Recentemente fundou o Soul Station, banda onde exalta seu amor pelo Rhuthm & Blues. O primeiro álbum saiu em 2021. Também lançou dois trabalhos solo, além de ter estrelado uma temporada do musical “O Fantasma da Ópera” em Toronto, Canadá, no ano de 1999.

Nasceu com microtia, malformação congênita do ouvido externo direito. Por conta disso, não escuta com ele. Reconstruiu a orelha em 1982. Hoje, dá palestras e auxilia crianças na mesma situação.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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