Lançado em 1991, o filme “The Doors” conta com grande admiração de parte dos fãs da icônica banda. A atuação de Val Kilmer como protagonista chegou até mesmo a servir como referência de comportamento para quem não conheceu Jim Morrison – especialmente considerando que o material em vídeo do vocalista nem é tão vasto quanto o de alguns colegas de geração.
Porém, é justamente aí que reside a principal crítica dos outros músicos da banda. Em resgate da Classic Rock, o tecladista Ray Manzarek – falecido em 2013 – explicou o que o leva a não ver a interpretação do ator sem ressalvas.
“Tudo o que você vê é Jim como um hedonista bêbado. A tragédia é que a fama o consumiu. Mas essa não era a mensagem de Jim. Ele era inteligente e amável. Um bom homem que acreditava na liberdade e no questionamento da autoridade. Mas você nunca saberia disso vendo este filme.”
O baterista John Densmore, outro remanescente junto ao guitarrista Robby Krieger, concorda e culpa o diretor.
“Oliver é interessado em personalidades autodestrutivas, criativas e taciturnas – não muito diferente da dele. Então, ele se concentrou nesses aspectos de Jim. Estávamos sempre reclamando que o roteiro era muito sombrio.”
Stone se defendeu.
“Fizemos as coisas de forma cinematográficas, não necessariamente como eram os anos 60. Apenas para divertir com isso. Eu dei o meu melhor e, se não é exatamente Jim, é uma impressão e um reflexo de uma época que eu gostaria de ter vivido.”
Sobre o filme “The Doors”
“The Doors”, o filme, faturou cerca de US$ 34 milhões em bilheteria, superando por pouco os US$ 32 milhões investidos em sua produção. Antes de Val Kilmer, Oliver Stone chegou a oferecer o papel de protagonista a Ian Astbury. O vocalista do The Cult recusou por não concordar com a maneira como seu ídolo era retratado no roteiro.
Bono (U2) e Michael Hutchence (INXS) se interessaram. Porém, não foram efetivamente considerados.
Val Kilmer como Jim Morrison
A performance de Val Kilmer contou com dedicação ímpar. Para a audição, ele se gravou por oito minutos enquanto agia como as várias personas que Jim Morrison adotou ao longo de sua carreira. No final das filmagens, estava tão obcecado com a música da banda e a vida do frontman que precisou fazer terapia para se recuperar adequadamente.
Em entrevista ao jornalista Bobbie Wygant (transcrita pelo site Far Out Magazine), ele declarou:
“Eu não fui seduzido por seu estilo de vida, mas tive que e precisava – para o papel – ser tão disciplinado quanto ele nessas escapadas. Jim era um bêbado muito disciplinado tanto quanto era um artista disciplinado. Quero dizer, ele estava procurando por inspiração a cada segundo do dia.”
Ao longo de sua preparação, Kilmer aprendeu cerca de 50 músicas do The Doors, das quais 15 acabaram entrando no filme. Conta-se que até mesmo John Densmore e Robby Krieger confundiram sua voz com a de Morrison em uma gravação apresentada a eles, tamanha a semelhança vocal, além da física, que já era impressionante.
Muito disso se deveu também à colaboração do produtor Paul A. Rothchild, que lhe contou histórias sobre o frontman da banda e ajudou com com algumas expressões e maneirismos.
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