Apesar de ser um dos nomes mais icônicos do indie anos 2000, o The Hives sempre se caracterizou por ser completamente removido de sua época em comparação aos seus contemporâneos.
Eles foram incluídos na cena de Strokes e cia porque faziam um som influenciado por garage rock e punk. Contudo, em questão de apresentação, eles eram deliberadamente desenhos animados em carne e osso – desde os uniformes de palco e comportamento ao vivo até os apelidos dos integrantes.
Na virada da década de 2010, a fórmula parecia ter perdido sua força pelo fato da cena em volta deles ter avançado além daquele garage rock, enquanto eles permaneciam fazendo o mesmo som. Público e crítica não via o Hives pelo que era.
Felizmente, saudade amolece o coração. Onze anos após “Lex Hives”, o grupo sueco está de volta com “The Death of Randy Fitzsimmons”, batizado em homenagem ao empresário fictício por trás do grupo, que seria o responsável por todas as decisões criativas deles.
Apesar do nome, não é uma declaração de independência deles. Em uma brilhante declaração oficial, a banda conta que Fitzsimmons havia sumido desde o lançamento do último disco e após uma busca exaustiva, chegaram a um túmulo marcado com seu nome. Eles teriam exumado o caixão para ter certeza, encontrando dentro não um corpo, mas fitas demo e uma folha de papel com os planos do disco.
Resumo da ópera: os Hives, que voltam ao Brasil como atração do Primavera Sound São Paulo em dezembro, chegam em “The Death of Randy Fitzsimmons” abraçando completamente seu lado cartunesco, com um mundo os apreciando por quem eles são. Felizmente, o disco traz a coleção mais inspirada e energética de canções da banda desde “Veni Vidi Vicious”, responsável por os alçar ao estrelato em 2000.
Howlin’ Pelle Almqvist continua sendo um frontman incrível, injetando um nível de energia e carisma em toda performance. Mas o destaque de “The Death of Randy Fitzsimmons” vai para as composições. The Hives abraçam facetas diferentes dos anos 60 além do garage, desde girl groups, pop mais barroco, gospel, big band soul e esbarram até no glam dos anos 70.
Enquanto isso, a banda atrás de Almqvist – formada por Nicholaus Arson e Vigilante Carlstroem nas guitarras, The Johan and Only no baixo e Chris Dangerous na bateria – ataca os arranjos com uma energia reminiscente dos primeiros trabalhos do Hives, quando eles ainda não haviam desenvolvido a estética, sendo apenas uma banda punk muito boa.
Um crítico pode atribuir isso a um desenvolvimento como músicos, ou uma expansão de conhecimento por parte dos integrantes, uma vez que com tempo vem sabedoria e o amadurecimento. Contudo, isso seria uma caracterização incompleta.
“The Death of Randy Fitzsimmons” ainda transborda com uma energia adolescente. Para o Hives, o rock é uma música eternamente jovem, e toda canção desse trabalho reflete isso. Eles só amadureceram o suficiente para descobrir novas maneiras diferentes de transmitir essa ideia ao público.
Seja nos singles “Bogus Operandi” e “Rigor Mortis Radio”, nas faixas “Crash Into The Weekend”, “Two Kings of Trouble” ou em “What Did I Ever Do To You?”, “The Death of Randy Fitzsimmons” é um baita disco de rock.
*Clique aqui para ouvir o álbum em sua plataforma de streaming favorita.
The Hives – “The Death of Randy Fitzsimmons”
01. Bogus Operandi
02. Trapdoor Solution
03. Countdown to Shutdown
04. Rigor Mortis Radio
05. Stick Up
06. Smoke & Mirrors
07. Crash Into the Weekend
08. Two Kinds of Trouble
09. The Way the Story Goes
10. The Bomb
11. What Did I Ever Do to You?
12. Step Out of the Way
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.