A investigação contra Till Lindemann foi concluída e, por falta de provas, arquivada pelo Ministério Público de Berlim, na Alemanha. A promotoria afirma que não há nenhuma evidência dos crimes de abuso sexual dos quais o vocalista do Rammstein foi acusado.
Em comunicado (via France Presse), o MP afirma:
“A avaliação das provas disponíveis (…) e a audiência das testemunhas não permitiram estabelecer que o acusado teve relações sexuais não consensuais com mulheres.”
Já segundo o DW, também não foram encontradas provas que Lindemann teria oferecido “substâncias que suprimem a vontade” de consumar relação sexual. Não houve, também, indícios de que ele teria explorado uma suposta menor de idade — uma alegada vítima de 15 anos seguiu no anonimato, o que não permitiu apurar este caso.
O órgão afirma que as supostas vítimas recorreram a jornalistas em vez das autoridades, recusando-se a prestar depoimento. Dessa forma, não houve meios para fundamentar as acusações.
A alegação de que uma produtora de turnê do Rammstein estaria convocando jovens mulheres para festas após os shows também foi arquivada pela mesma razão. Banda e vocalista ainda não se manifestaram.
As acusações contra Till Lindemann
Entre os últimos meses de maio e junho, várias mulheres vieram a público relatar supostos comportamentos abusivos de Till Lindemann. O movimento começou após a irlandesa Shelby Lynn alegar ter sido dopada por Till Lindemann e sua equipe, visando uma tentativa de abuso sexual. A situação teria ocorrido durante um show especial para membros do fã-clube da banda em Vilnius, capital da Lituânia, celebrando o início da turnê “Europa Stadion”.
A brasileira Monique Tavares, dona do canal Rock Channel Brasil, relatou em vídeo que viveu uma situação parecida envolvendo Lindemann em 2019, após um show em Roterdão, nos Países Baixos. Ela foi convidada para uma festa pós-show sob o pretexto de conhecer os músicos da banda pessoalmente. Ao consumir um drink suspeito oferecido por um produtor, passou mal e sentiu sonolência fora do comum por horas.
Outras alegadas vítimas compartilharam experiências semelhantes em shows do grupo, não apenas da atual turnê. Há ainda relatos nas redes sociais Reddit e Tumblr apontando para uma suposta seleção de fãs para ficarem bem na frente do palco durante os shows e sendo dopadas em festas posteriores.
Mais alegações
Para além dos relatos nas redes sociais de outras mulheres que apontam comportamento similar, duas entrevistadas pelo telejornal “Tagesschau”, também do grupo público alemão ARD, no último dia 2 de junho, gravaram depoimentos acusando Till Lindemann de crimes relacionados ao espectro do abuso sexual. Elas tiveram o anonimato preservado, mas aceitaram ter suas afirmações gravadas diante de câmera e fizeram suas declarações de forma juramentada, assim como testemunhas.
Tanto elas quanto outras mulheres nas redes sociais dizem que há um “recrutamento” de jovens mulheres para festas pós-show de Till. O cantor teria a intenção de relacionar-se sexualmente com as moças selecionadas. Algumas delas teriam sido escolhidas pelo Instagram e orientadas a enviar fotos com antecedência, além de comparecer com visual atraente.
Till Lindemann e Rammstein se manifestam
Till Lindemann nega ter cometido qualquer delito. Um comunicado redigido por seus advogados, Simon Bergmann e Christian Schertz, afirma: “essas acusações são invariavelmente falsas e tomaremos medidas legais imediatas para todas as alegações do tipo”.
Já pelas redes, a banda afirmou:
“As publicações dos últimos dias têm causado irritação e questionamentos no público e principalmente entre os nossos fãs. As alegações nos atingiram muito e as levamos extremamente a sério.
Dizemos aos nossos fãs: é importante para nós que você se sinta confortável e seguro em nossos shows – na frente e atrás do palco.
Condenamos qualquer tipo de transgressão e pedimos a você: não se envolva em preconceito público de qualquer tipo contra aqueles que fizeram denúncias. Você tem direito ao seu ponto de vista.
Mas nós, a banda, também temos o nosso direito – ou seja, de não sermos preconceituosos.”
Christoph Schneider, baterista do Rammstein, também se manifestou sobre as alegações. Ele negou ter conhecimento de qualquer ato ilícito por parte de Lindemann, mas reconheceu que as festas promovidas pelo cantor – e não pela banda – podem ter ocorrências que ele “não considera ok”. O baterista declarou ainda que o cantor “se distanciou” dos colegas nos últimos anos e “criou sua própria bolha”.
Um dos recentes shows do grupo em Berlim, na Alemanha, foi alvo de protestos mesmo após o governo local ter agido para garantir a segurança de mulheres em apresentações da banda no país. Antes, um abaixo-assinado tentou impedir a realização do evento, sem sucesso. A gravadora Universal Music suspendeu o marketing em torno da banda enquanto as investigações eram feitas. Por sua vez, editora alemã Kiepenheuer & Witsch rompeu o contrato que tinha com Lindemann — além das recentes alegações de abusos, a empresa descobriu que o vocalista do Rammstein usou o livro “On Quiet Nights” (2013), publicado em parceria, em um vídeo pornográfico onde celebrava violência sexual contra mulheres.
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