Alan Moore nunca escondeu sua insatisfação com toda e qualquer adaptação audiovisual de seus quadrinhos. Agora, ele pediu que a renda feita em cima dessas versões vá para uma boa causa.
O criador de quadrinhos como “Watchmen” e “V de Vingança” deu uma entrevista ao jornal inglês The Telegraph e discutiu a decisão, que contemplou um famoso movimento que luta contra a discriminação racial.
“Não acho que, com os filmes recentes, eles tenham mantido o que eu achava serem seus princípios originais. Então eu pedi para a DC Comics mandar todo o dinheiro de filmes ou séries de TV futuras [baseadas na obra de Moore] ao Black Lives Matter.”
Isso segue a linha de uma declaração dada por Moore ao The Guardian, em 2022, sobre o estado do cinema em meio ao boom de filmes de quadrinhos.
“Falei por volta de 2011 que eu achava haver consequências sérias para o futuro se milhões de adultos estão fazendo fila para ver filmes do Batman. Porque esse tipo de infantilização – a busca por tempos e realidades mais simples – isso muitas vezes serve de precursor ao fascismo.”
De acordo com Moore, esse movimento é o resultado de uma tentativa de tornar os quadrinhos mais adultos, que começou nos anos 1980, época em que ele próprio surgiu. E o autor não se isenta da culpa nesse caso.
“Acho que isso é um mal-entendido que nasceu do que aconteceu nos anos 80 – e para o qual eu devo levantar a mão para assumir uma parcela considerável da culpa, apesar de não ser intencional – quando coisas como ‘Watchmen’ começaram a aparecer. Havia um monte de manchetes dizendo ‘os quadrinhos cresceram e agora são para adultos’.”
Alan Moore, DC e adaptações
Os problemas de Alan Moore com adaptações de sua obra chegam a tal ponto que o escritor exigiu não ter seu nome exibido nos créditos tanto do filme quanto da série de “Watchmen”. A mesma solicitação foi feita em relação à versão cinematográfica de “V de Vingança”.
Mesmo a série da HBO, a mais elogiada das adaptações, não foi poupada de sua fúria. À GQ, o escritor revelou como reagiu quando o criador da série, Damon Lindelof, lhe enviou uma carta dizendo de antemão ter feito alterações que poderiam ser interpretadas como uma destruição do material.
“Eu deserdei o trabalho em questão, em parte porque a indústria cinematográfica e de quadrinhos parecem ter criado coisas que tinham nada a ver com meu trabalho, mas seriam associadas a ele no imaginário coletivo. Eu disse: ‘Olha, isso é embaraçoso para mim. Eu não quero ter nada a ver com você ou sua série. Por favor não me incomode novamente’.”
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