Apenas dois anos separam “Jailbreak”, novo álbum da Nervosa, do antecessor “Perpetual Chaos” (2021). Tal período, no entanto, foi suficiente para gerar um turbilhão de problemas para a banda, que se viu em meio a um entra e sai de integrantes e tendo que se reestruturar novamente.
Em meio a acusações de tirania e constantes comparações com a Crypta — formada pelas dissidentes Fernanda Lira e Luana Dametto —, a guitarrista Prika Amaral segurou as rédeas e reformulou a banda pela segunda vez em um curto espaço de tempo. Desta vez, assumiu o vocal e adicionou mais uma guitarra com a entrada da grega Helena Kotina.
A grande expectativa criada em torno de Prika como frontwoman — e como seriam as músicas com sua voz em primeiro plano — foi sendo dirimida com os singles: “Endless Ambition”, “Seed of Death”, a faixa-título e “Elements of Sin”.
Tais prévias se mostraram animadoras. Agora, com a audição completa de “Jailbreak”, é possível cravar que a Nervosa se mantém em boa forma, inabalada pelo caos que antecedeu a composição e a gravação do novo álbum, mais uma vez lançado pela gravadora austríaca Napalm Records.
O quinto trabalho da banda soa vigoroso e com os dois pés fincados no thrash metal. As recentes aproximações com o death metal e um som mais extremo em “Perpetual Chaos”, talvez pela forma de cantar da ex-vocalista, Diva Satanica, não se repetem.
A voz de Prika é totalmente voltada para o thrash, o que acaba refletindo nos riffs e na estrutura de músicas mais diretas e pesadas como “Endless Ambition”, “Ungrateful” e “When the Truth is a Lie”, que traz participação de Gary Holt (Exodus, Slayer).
Por outro lado, o acréscimo de uma segunda guitarra faz o disco contar com uma carga harmônica e melódica ainda mais proeminente. Seja nas introduções acústicas de “Seed of Death” – com um refrão que remete ao Kreator atual – e “Sacrifice” ou nos belíssimos solos da faixa-título, cuja letra é uma clara manifestação de Prika expurgando os demônios que a atormentaram nos últimos tempos.
Além de Helena Kotina, que gravou guitarra e baixo, outra novidade na formação é a baterista búlgara Mihaela Naydenova. Sua performance é correta, mas passa longe da criatividade dos tempos de Luana Dametto. Já a baixista Hel Pyre entrou na banda após as gravações e não tem participação em “Jailbreak”.
O álbum foi gravado na Espanha sob a batuta do argentino Martin Furia, um dos guitarristas atuais do Destruction. A sonoridade mescla timbres old school com uma roupagem moderna e cristalina, algo que vem sendo feito pela própria banda alemã e que certamente teve influência aqui. A arte de capa é de autoria do brasileiro Alcides Burn.
“Jailbreak” é a Nervosa superando adversidades e entregando mais um álbum que deverá agradar em cheio os fãs que acompanham a discografia da banda, em especial a ética de trabalho de Prika Amaral. Sem grandes inovações, mas certeiro no que se propõe a fazer. E agora com ela se mostrando também uma vocalista competente dentro do espectro do thrash metal.
*Ouça “Jailbreak” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.
*O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!
Nervosa – “Jailbreak”
- Endless Ambition
- Suffocare
- Ungrateful
- Seed of Death
- Jailbreak
- Sacrifice
- Behind the Wall
- Kill or Die
- When the Truth Is a Lie
- Superstition Failed
- Gates to the Fall
- Elements of Sin
- Nail the Coffin
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