Não é de hoje que a cerimônia do MTV Video Music Awards (VMA) representa um evento canônico para a música. Anos antes da treta histórica entre Taylor Swift e Kanye West, a premiação foi cenário para o desfecho de uma crise interna vivida pelo Poison, que lidava com as pressões do sucesso e do abuso de drogas.
Em 1986, com o álbum de estreia “Look What the Cat Dragged In”, a banda se tornou um dos maiores expoentes do glam metal e manteve sua relevância durante os lançamentos seguintes. Apesar do sucesso garantido por seu terceiro trabalho, “Flesh & Blood” (1990), o grupo enfrentou um cenário instável, com a convivência entre os músicos cada vez mais abalada.
Dias antes de se apresentar no VMA de 1991, a situação chegou às vias de fato quando o vocalista Bret Michaels e o guitarrista C.C. DeVille trocaram socos em um bar em Nova Orleans. O episódio foi detalhado pelo frontman em entrevista à Fox Sport Radio — via Classic Rock.
“Eu e ele estávamos conversando e nos divertindo. Quando me dei conta, talvez depois de alguns drinques, um pouco de substância aqui, algumas palavras… Quando me dei conta, estávamos batendo um no outro. E continuou até que nos separassem.”
A dupla foi separada pela equipe. Contudo, um encontro no elevador causou outra troca de socos.
“Voltamos para o hotel. De repente a porta do elevador se abre — por acaso estávamos descendo para nossos ônibus e eles estavam tentando nos separar — e tudo começou de novo. O velho C.C. voou em mim e começou tudo de novo. E foi como um Exército ou Marinha: bam, boom, boom. Trocamos alguns socos. Foi bom…”
A apresentação catastrófica
Foi nesse clima que, em 25 de setembro de 1991, o Poison compareceu à cerimônia de premiação do VMA, que aconteceu em Los Angeles. De acordo com rumores, C.C. DeVille estava alterado, o que tornou a apresentação um desastre.
“Unskinny Bop”, single mais recente do grupo, começou a ser tocado por C.C. enquanto o programa ainda estava no intervalo. A música precisou ser interrompida quando a atração voltou ao ar, o que gerou um momento constrangedor. Este momento não está disponível no YouTube.
O comediante Arsenio Hall, que apresentava a cerimônia, introduziu a banda novamente, mas o estrago estava feito. Na segunda tentativa — que está disponível no YouTube —, os músicos fizeram a introdução de “Let it Play” e em vez de executarem “Unskinny Bop”, logo DeVille emendou “Talk Dirty to Me”, executada porcamente em especial pelo guitarrista — com direito a pisar no próprio cabo e ficar com seu instrumento mudo por alguns segundos.
Existem duas versões que explicam o porquê de “Unskinny Bop” não ter sido tocada. A primeira diz que DeVille não queria tocar o novo single, por isso puxou o riff inicial do hit que fez a banda estourar em 1986. Já a segunda versão coloca que o guitarrista teria entendido que era para tocar a antiga canção quando Michaels provocou o público dizendo “ready to talk dirty to me?”.
Briga e saída do Poison
Com os ânimos mais exaltados, Bret Michaels e C.C. DeVille saíram do palco e começaram mais uma sessão de troca de socos. O vocalista recapitulou as brigas na entrevista já citada.
“Eu quebrei o nariz dele. Ele quebrou um dos meus dentes. Fomos tocar no dia seguinte na Geórgia e foi ótimo. Depois fizemos isso no VMA. Subimos no palco e batemos um no outro.”
O episódio foi a gota d’água para DeVille, que deixou o Poison na mesma noite. Richie Kotzen foi convocado para substitui-lo, em vaga que seria ocupada posteriormente por Blues Saraceno, até o retorno do integrante clássico em 1999.
Bret Michaels e C.C DeVille atualmente
As diferenças entre Bret Michaels e C.C. DeVille foram deixadas para trás. No último mês de abril, em entrevista à revista People, o frontman abordou sua amizade com o guitarrista e revelou como se sentiu durante o período que ficaram afastados.
“CC e eu nos damos bem 99% do tempo. Quando as coisas vão mal, vira uma briga. A separação foi dolorosa para mim, mas ele é um dos meus melhores amigos agora.”
O músico ainda disse que deixou as diferenças de trabalho de lado para ajudar DeVille na luta pela sobriedade.
“Ele foi abandonado por muitos amigos e eu sabia que ele estava em apuros. Ele tinha uma casa incrivelmente linda em Hollywood Hills, e eu fui lá, chutei a porta da frente e o ajudei a ficar saudável. Eu apenas disse: ‘isso vai ser difícil, irmão, mas se estamos em uma banda juntos novamente ou não, sou seu amigo’.”
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.
