A primeira associação profissional de Steve Vai a um astro da música ocorreu na colaboração com Frank Zappa. Somente cinco anos após começar a tocar, instruído por Joe Satriani, o guitarrista já estava trabalhando com o maestro e compositor, inicialmente como transcritor, a seguir como membro da banda.
Em entrevista a Chanan Hanspal, transcrita pela Guitar.com, o instrumentista detalhou como o saudoso mestre trabalhava suas criações.
“Eu sei que ele adorava compor com base na instrumentação da banda que o acompanhava no momento em que estava trabalhando. Isso ditava o tipo de partitura que escreveria. Para Frank, qualquer meio que fosse necessário valia. Às vezes chegava com uma peça completa. Em outras, durante os ensaios, nos ensinava coisas, nos mostrava e criava uma peça musical que poderia soar ostensivamente como se cada nota fosse composta.”
Vai, então, citou uma composição em específico: “Alien Orifice”, do álbum “Frank Zappa Meets the Mothers of Prevention” (1985) – e que já era executada ao vivo em anos anteriores.
“Tudo começou com Frank sentado e compondo, o que ele fazia o tempo todo. Ele tinha uma pequena pasta, a abria e tinha um pequeno gravador de cassetes – os portáteis da época – além de papel manuscrito, canetas, lápis e cigarros. Eu sempre ficava muito animado quando recebia uma música. Com toda a minha ingenuidade, inocência, inexperiência, intimidação que sentia apenas por estar perto de Frank – sempre me empolgava quando recebia uma tarefa ou uma peça musical – Eu estava tipo: ‘Ah, acabei de afiar minhas lâminas’.”
Porém, a motivação inicial logo se transformaria.
“Sentei-me com Frank, revisamos a música um pouco e ele disse: ‘Não se preocupe com isso’. Foi então que ele revisou escreveu aqueles sétuplos malucos. Pensei: ‘Eu deveria ter ficado quieto’ (risos).”
Ao vivo, piorou para Steve Vai
Ao vivo, a coisa ficou ainda mais tensa. A complexidade da faixa, juntamente com a tendência de Zappa de escrever o setlist cinco minutos antes do show, significava que Vai tinha que praticá-la o tempo todo – quer a estivessem tocando ou não. Como consequência, “Alien Orifice” segue atormentado Steve até hoje.
“Na verdade, esse é um pesadelo que tenho há décadas. É uma daquelas situações engraçadas em que me vejo entrando no palco do Frank e tem algo como ‘Alien Orifice’, ‘The Black Page’, ‘Moggio’. E eu estou dizendo: ‘Frank, foi há 45 anos, não me lembro’. E ele disse: ‘Bem, você tem que tocar’, e ele começa. Então eu acordo. É uma sensação recorrente.”
Sobre Frank Zappa
Frank Zappa faleceu no dia 4 de dezembro de 1993, aos 52 anos, vitimado por um câncer de próstata. Entre os lançamentos em vida e póstumos, totaliza 117 álbuns de composições próprias em sua discografia, indo do popular ao erudito.
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