Crítica: “Mussum, O Filmis” é bom filme até para quem não conhece o Trapalhão

Nostálgica e até idílica, cinebiografia promove prazerosa viagem pelas histórias da TV e da música do Brasil

Uma biografia, seja no formato de livro ou filme, sempre é algo difícil. A maioria adocica demais a pessoa retratada, o transformando praticamente num santo, sem defeitos. Outras, vão no caminho contrário ao demonizar o protagonista e formar uma criatura perversa com quem ninguém consegue se identificar. “Mussum, O Filmis” foge dos dois clichês.

O Antonio Carlos Bernardes Gomes (ou Mussum) apresentado no longa-metragem é um cara simpático, mas com defeitos. É muito humano: cheio de sonhos, falhas, medos e limitações. E, com tudo isso, extremamente capaz de causar empatia em qualquer um — seja você uma pessoa que acompanhou o sucesso dos Trapalhões ou não.

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Isso não significa que o equilíbrio da obra seja perfeito. A produção evita se aprofundar em temas mais pesados ou polêmicos, como traições ou os problemas com Renato Aragão, por exemplo, que são apenas pincelados.

No entanto, o modo que a história é conduzida justifica as escolhas. Não se trata apenas de uma boa biografia, mas um bom filme até para quem não sabe nada sobre Mussum.

Emoção na medida certa

A forma idílica como toda a trama de “Mussum, O Filmis” é apresentada faz todo o sentido quando lembramos que é a vida de um comediante que está sendo retratada. Mesmo os momentos mais emotivos não são tão pesados, são mais bonitos e tocantes do que tristes.

As poucas passagens mais profundas são fruto do bonito relacionamento do protagonista com sua mãe. São momentos de ternura que funcionam principalmente pelo grande talento das duas atrizes que vivem Dona Malvina Bernardes Gomes: Cacau Protásio (mais jovem) e Neusa Borges (mais velha).

Não é exagero afirmar que a alma da produção é justamente a relação de Mussum com sua mãe — o que faz dela mais protagonista do que ele próprio, principalmente na parte onde é apresentada a infância do astro.

Acerto no elenco

O elenco, aliás, é ótimo. Ninguém faz feio e as interpretações, junto da boa maquiagem, constroem um desfile impressionante de famosos da televisão e da música que cruzaram o caminho de Mussum.

O próprio sambista e comediante é vivido por três atores: Thawan Lucas (criança), Yuri Marçal (jovem) e Aílton Graça (adulto). Lucas, além de ser uma criança, tem menos espaço, mas Marçal e Graça entregam uma grande interpretação.

É difícil dizer qual deles está melhor no papel. Graça tem a vantagem de ser mais semelhante ao personagem. Dependendo do ângulo, da cena, parece que estamos vendo o verdadeiro Mussum.

História de Mussum e da arte brasileira

Mais do que uma biografia, “Mussum, O Filmis” é um passeio delicioso pela história da arte no Brasil. É gostoso ver rostos famosos, ver a trajetória de Mussum cruzar o caminho de outros nomes importantes, relembrar grandes momentos dos Trapalhões e descobrir os bastidores — nem sempre positivos — de tudo isso.

*“Mussum, O Filmis” estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 2 de novembro.

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Leonardo Vicente Di Sessa
Leonardo Vicente Di Sessahttps://falaanimal.com.br/
Formado em Propaganda & Marketing, Leonardo Vicente acabou tragado pelo mundo dos quadrinhos e assuntos nerds, atuando como jornalista especializado na área desde 2001. Também revisor e editor, mantém o site Fala, Animal! e o podcast de mesmo nome, participando ainda da equipe da revista Mundo dos Super-Heróis e do podcast Mansão Wayne. É autor de livros como Os Cavaleiros das Trevas, O Homem que Ri e Prodígio: 80 Anos do Robin.

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