A maior parte das tentativas de supergrupos na história da música costuma dar errado. Às vezes pelo choque de egos, outras simplesmente porque a química não rola e o trabalho não gera o resultado esperado. Se dermos uma “peneirada”, encontraremos bem mais exemplos negativos.
A história do Traveling Wilburys começa quando Jeff Lynne (Electric Light Orchestra) é chamado para produzir o álbum “Cloud Nine” (1987), de George Harrison. O trabalho obteve grande sucesso, impulsionado pelo cover para “Got My Mind Set on You”, composição de Rudy Clark gravada originalmente por James Ray.
No ano seguinte, a dupla se reencontrou visando compor um b-side para o lançamento de um novo compacto na Europa. O resultado foi a música “Handle With Care”.
Só que a canção ficou tão boa que eles acharam um desperdício usá-la para tal fim, ficando escondida do grande público. A Warner Records, distribuidora do selo Dark Horse, concordou e incentivou que a faixa encabeçasse um novo trabalho.
Foi quando surgiu a ideia de formar um verdadeiro esquadrão. George sugeriu Bob Dylan, enquanto Jeff escolheu Roy Orbison. Os dois haviam conhecido Tom Petty pouco tempos antes, justamente abrindo uma turnê americana de Dylan.
Os “irmãos” do Traveling Wilburys
O nome Traveling Wilburys surgiu como uma piada. Wilbury era uma menção a “we’ll bury it in the mix (vamos enterrar na mixagem)”, que os idealizadores falavam durante as sessões de “Cloud Nine”.
Para a empreitada, os envolvidos adotaram nomes fictícios, como cinco irmãos. Assim nasceram Nelson Wilbury (George Harrison), Otis Wilbury (Jeff Lynne), Charlie T. Wilbury Jr (Tom Petty), Lefty Wilbury (Roy Orbison) e Lucky Wilbury (Bob Dylan). O baterista Jim Keltner, que os acompanhou nas sessões, se tornou Buster Sidebury.
O primeiro álbum
Lançado em 25 de outubro de 1988, “Traveling Wilburys Vol. 1” reunia influências de rock, country e folk, exaltando as melhores características dos envolvidos. Ao mesmo tempo, oferecia uma sonoridade que eles não conseguiriam alcançar individualmente, o que dava um tom todo especial ao projeto.
A já citada “Handle With Care” se tornou faixa de abertura do álbum e principal sucesso. Com todos os méritos, já que se trata de uma música deliciosa, daquelas que você ouve cantando junto. Vale citar que todas as composições foram assinadas pelo quinteto, embora hoje saibamos quem escreveu o que. Porém, a decisão do momento foi valorizar o coletivo.
“Traveling Wilburys Vol. 1” vendeu mais de 6 milhões de cópias em todo o mundo. Faturou discos de platina sêxtupla na Austrália e Canadá, tripla nos Estados Unidos e simples no Reino Unido. Venceu o Grammy na categoria Melhor Álbum de Rock em 1990. Acabou, também, reabilitando as carreiras dos envolvidos, que com exceção de George, passavam por momentos difíceis em suas popularidades.
Morte de Roy Orbison e segundo disco
Menos de dois meses após o lançamento do álbum, Roy Orbison faleceria aos 52 anos, vitimado por um ataque cardíaco. Os remanescentes ainda lançariam “Traveling Wilburys Vol. 3” (1990) – sim volume 3 e era o segundo, isso mesmo – antes de dar a aventura por encerrada.
Vale citar que os pseudônimos foram alterados: Spike (George Harrison), Clayton (Jeff Lynne), Muddy (Tom Petty) e Boo (Bob Dylan). Ainda houve a participação de Ken Wilbury, ou melhor, Gary Moore, em “She’s My Baby”.
Apesar de ter recebido propostas polpudas, o Traveling Wilburys nunca fez shows. Tom Petty chegou a confessar ter implorado a George para que uma turnê acontecesse, sem sucesso. A parceria de Harrison e Lynne se estendeu até o ponto de o líder da ELO ter participado do projeto “Anthology”, que vasculhou material dos Beatles com Paul McCartney e Ringo Starr.
Hoje, apenas Jeff e Bob Dylan ainda estão por aí. Os Wilburys acabaram sendo um amor de verão. Mas daqueles que todo mundo suspira ao recordar. E talvez a grande magia da história resida justamente no fato de ela ter durado tão pouco. Como os Beatles…
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Verdadeiro Dream Team do rock!
Não sei se está no mesmo patamar, lembro de outra banda composta por astros, a The Firm. Saiu dali a música que eu considero a segunda Starway to Heaven do Jimmy Page: Midnight Moonlight, com a deliciosa voz do Paul Rodgers.