Em seus 78 anos de vida, encerrados em janeiro deste ano, Jeff Beck viu a história da música se desenhando diante de seus olhos. É famosa a história de ter visto um novato Jimi Hendrix tocando na Inglaterra. Junto de Eric Clapton, também presente no evento, ele sentiu o poder da mudança se materializando na sua frente.
Não à toa, o lendário instrumentista possuía cacife na hora de responder quais os melhores músicos da história. Quando o assunto era baterista, ele tinha um nome na ponta da língua, como revelou ao New Statesman em 2016 – resgate do Far Out Magazine.
“Billy Cobham foi o melhor que pude testemunhar. Não tocava necessariamente alto, esse não é o segredo. Mas era poderoso como o inferno quando queria ser. Porém, 90 por cento do tempo, ele estava apenas dançando com a bateria, sabe? Assim como uma borboleta em cima do kit.”
Beck o conheceu quando excursionou com a Mahavishnu Orchestra, momento que o próprio considera ter mudado sua vida.
“O refinamento de John McLaughlin apresentou uma saída para mim. Chegava na passagem de som e ficava observando-o trocando solos com o saxofonista. Pensava: ‘Tenho que ser assim’. Ele tem tanto conhecimento técnico e conta a história dentro da escala. Tocar com McLaughlin e depois com os Stones – caramba, caramba, dá para imaginar?”
Sobre Billy Cobham
Nascido em Colón, Panamá, William Emanuel Cobham Jr. fez história com a Mahavishnu Orchestra, além de ter tocado com Miles Davis. Influenciou vários bateristas do rock progressivo, como Bill Bruford (Yes, King Crimson), Phil Collins (Genesis) e Danny Carey (Tool).
Aos 79 anos, segue tocando em carreira solo, além de gravar álbuns de outros artistas como convidado especial.
Sobre Jeff Beck
Nascido em 24 de junho de 1944, em Wallington, Surrey, na Inglaterra, Geoffrey Arnold Beck envolveu-se com a música inicialmente cantando em um coral de igreja. Ao conhecer o trabalho de outro revolucionário da guitarra, Les Paul, ficou impressionado e se apaixonou pelo instrumento. Porém, só começou a tocar mesmo na adolescência.
No início da vida adulta, transitou por uma série de bandas em Londres. Em 1965 juntou-se ao Yardbirds na vaga deixada por Eric Clapton. Ficou apenas um ano, período em que a banda lançou seus maiores hits. A passagem acabou mal, já que ele foi demitido por constantemente não aparecer para os shows.
Em 1967, foi a vez de arriscar-se como dono de banda: o Jeff Beck Group, com Rod Stewart nos vocais, Ronnie Wood no baixo e Micky Waller na bateria. Os primeiros álbuns do projeto, “Truth” (1968) e “Beck-Ola” (1969), são citados como fundamentais para o desenvolvimento do heavy metal. Foi considerado para substituir Syd Barrett no Pink Floyd, mas ninguém na banda teve coragem de convidá-lo.
Com o fim da formação inicial de seu próprio grupo, montou o Beck, Bogert & Appice e seguiu trabalhando em carreira solo, além de uma nova configuração do Jeff Beck Group. Explorou não apenas as já conhecidas influências do blues e rock, como também da soul music, incluindo colaborações com Stevie Wonder.
Na década de 1980, Beck restringiu seu trabalho a apenas algumas aparições em shows beneficentes. Retornou de vez com o álbum “Flash” e também se reuniu com Rod Stewart. A partir dos anos 1990, reduziu o ritmo de sua carreira, com idas e vindas e longos hiatos entre seus álbuns. Entre suas colaborações nas décadas de 1980 e 1990, estão registros com Mick Jagger, Jon Bon Jovi, Buddy Guy, Tina Turner, Seal, Duff McKagan, Brian May e ZZ Top.
Seu último trabalho completo foi “18”, uma colaboração com o ator e também músico Johnny Depp. Saiu em julho do ano passado e reuniu majoritariamente covers de artistas como Beach Boys, Marvin Gaye e The Velvet Underground. Participou também de “Patient Number 9”, álbum solo mais recente de Ozzy Osbourne, gravando guitarra em duas músicas: a faixa-título e “A Thousand Shades”. Em janeiro último, ele faleceu aos 78 anos de idade após contrair meningite bacteriana.
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