O Jethro Tull teve seu auge de popularidade e criatividade no início dos anos 70, com a dobradinha “Aqualung” (1971) e “Thick as a Brick” (1972). Até o fim da década, a banda se manteve estável. Porém, logo na sequência, passou por um período experimental, com resultados que dividiram os fãs.
Em entrevista à revista Prog, Ian Anderson revisitou a época em suas memórias. E fez questão de destacar que a busca por inovações não foi uma exclusividade dos 80s. Ao contrário, mesmo quando fazia mais sucesso, o frontman já era interessado em evoluir.
“Sempre me interessei por novas tecnologias e pelo que elas poderiam fazer por nós. Em 1972, usamos um dos primeiros sintetizadores já fabricados em ‘Thick As A Brick’. Eu estava operando um sintetizador ANS através de um conversor de pitch para voltagem, de um clipe de microfone para minha flauta. Produzia um ruído horrível, mas sempre tentávamos.”
Porém, o vocalista e flautista não negou que a entrada do tecladista Peter-John Vettese fez com que o grupo mergulhasse de vez em uma nova era.
“À medida que Peter trazia cada vez mais sons de sintetizador, levava o Jethro Tull para uma área que tinha mais a ver com o synthpop dos anos 80 do que com o órgão Hammond mais aventureiro e os sons tradicionais de piano que usávamos antes disso. período. Eram os primeiros dias da primeira máquina LinnDrum, portanto foi o início de uma nova era da tecnologia digital. E esse é o problema de tentar algo novo: às vezes, ele desatualiza muito rapidamente, assim como os carros-bolha ou o Crocs.”
Mas nem tudo desabou, na visão do líder da banda. Ele faz questão de elogiar seu antigo colega, o guitarrista Martin Barre, saudade dos fãs até os dias atuais.
“Ao longo dos anos 80, a forma de tocar de Martin ficou melhor e mais inventiva. Ele se tornou um guitarrista de classe mundial e isso foi, eu acho, parte do que tornou alguns desses discos realmente agradáveis de trabalhar. Tocava ótimas linhas e apresentava grandes ideias em seus solos. Ter alguém que pudesse trazer tanto em termos de ornamentação e decoração foi de grande benefício.”
Vitória no Grammy
O final da década ainda trouxe um momento que ganhou contornos pitorescos: a vitória do Grammy na categoria heavy metal, derrotando o favorito Metallica. O Jethro Tull faturou o troféu de 1989 com o disco “Crest of a Knave”, de dois anos antes.
“Na verdade, estávamos no estúdio naquela mesma noite. A gravadora disse: ‘É inútil desperdiçar dinheiro mandando você para Los Angeles para ficar sentado lá e passar por toda aquela cerimônia por nada’. Eles não queriam desembolsar passagens de avião, hotéis ou qualquer coisa assim. O que me agradou muito porque estávamos no processo de gravar um disco. Recebi um telefonema, provavelmente por volta da meia-noite ou algo assim, parabenizando. Acho que disse: ‘Oh, isso é legal, obrigado. De qualquer forma, preciso voltar ao trabalho.’ Isso realmente não nos impactou até um ou dois dias depois, quando ouvimos a enormidade da má publicidade que havia surgido.”
A premiação fez de “Crest of a Knave” o único álbum do Tull oitentista a faturar disco de ouro nos Estados Unidos, feito repetido no Canadá e Reino Unido – onde a banda nunca deixou de gozar do seu prestígio.
Jethro Tull hoje
Atualmente, o Jethro Tull segue carreira tendo apenas Ian Anderson à frente. Os músicos de sua carreira solo foram “promovidos” à banda após anos de parceria. Desde então, foram lançados os trabalhos de estúdio “The Zealot Gene” (2022) e “RökFlöte” (2023), ambos elogiados por público e crítica.
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