Muitas pessoas consideram Ringo Starr o maior sortudo da história por ter conseguido entrar em uma banda como os Beatles, com três músicos e compositores geniais.
Porém, apesar da reconhecida limitação técnica – compreensível, já que se tratava de um fruto dos primórdios do rock, ao contrário dos “drum heroes” posteriores –, em vários momentos o baterista foi o elo que manteve o Fab Four em estado de consciência.
Em entrevista de 1975, presente no livro “Lennon on Lennon: Conversations with John Lennon” (e resgatada pelo CheatSheet), John Lennon fez questão de desmistificar a ideia de que o amigo e colega seria um “burro”.
“Estou muito feliz – acho que todos nós estamos, de certa forma – pelo sucesso de Ringo, por causa de nós outros três… Sempre se disse que Ringo era burro, mas não é. Ele não tinha muita habilidade para compor e não era conhecido por escrever seu próprio material. Havia uma certa preocupação de que… você sabe, embora ele possa fazer filmes e seja bom nisso, mas como seria sua carreira musical? E, em geral, provavelmente está melhor que a minha, na verdade.”
Nos anos anteriores, Starr havia lançado seus dois álbuns mais bem-sucedidos: “Ringo” (1973) e “Goodnight Vienna” (1974). O primeiro foi o único trabalho solo a faturar disco de platina nos Estados Unidos, impulsionado pelos hits “Photograph” e “You’re Sixteen”, que chegaram ao topo do Billboard Hot 100, principal parada de singles americana.
Irmandade e crescimento como compositor
Ringo Starr é um dos filhos únicos mais famosos do mundo. No entanto, o próprio reconhece que teve figuras fraternais nas pessoas com as quais mudou o mundo – e que ficaram conhecidos coletivamente como Beatles.
Em recente entrevista à PBS, o baterista contou como os colegas compensaram qualquer tipo de ausência que poderia ter sentido a partir do momento que entraram em sua vida. Para exemplificar, usou a dinâmica que toda banda iniciante sofre em algum momento.
“Tive três irmãos e éramos muito próximos. Sempre dividíamos quartos em turnê, especialmente no início, quando conseguíamos no máximo dois. Foi um período importante, acho que fez parte da nossa constituição, para que ficássemos juntos, próximos, realmente nos conhecêssemos e soubéssemos de onde viemos.”
Quando o grupo se dissolveu e cada um partiu em sua carreira, os companheiros fizeram questão de seguir colaborando com Ringo. Especialmente porque sabiam de suas dificuldades criativas. O próprio tinha noção desde o começo, inclusive.
“O interessante, que muita gente não sabe, é que quando eu apresentei minhas músicas a eles pela primeira vez, o resto da banda rolava no chão de tanto rir. Na verdade, eu tinha acabado de reescrever alguma outra ideia. Não era minha. Eu apenas reformulava. Mas foi assim que comecei. Saí dessa situação e comecei a fazer meus próprios movimentos. George foi realmente útil nesta época. Ele produziu os primeiros singles que lancei. Deus o abençoe.”
Ringo Starr atualmente
Desde o início da pandemia, Richard Starkey disponibilizou 4 EPs. São eles: “Zoom In” (2021), “Change the World” (2021), “EP3” (2022) e “Rewind Forward” (2023). Recentemente, se reuniu com Paul McCartney para finalizar “Now and Then”, possível última música da história dos Beatles.
Ao longo de 2023, esteve na estrada com sua All-Starr Band. O grupo conta com membros do Toto, Average White Band e Men at Work, além de Edgar Winter e Gregg Bissonette.
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