Måneskin desfila pontos fortes em show no Rio e prova que Mick Jagger está certo

Primeira apresentação da "Rush! World Tour" no Brasil conquistou o público com os melhores elementos de uma performance de rock versátil

Há motivos por trás da trajetória astronômica traçada pelo Måneskin desde a vitória no Eurovision em 2021, passando pela viralização de “Beggin’” e a chegada ao mercado americano. Damiano David (voz), Victoria De Angelis (baixo), Thomas Raggi (guitarra) e Ethan Torchio (bateria) têm apresentado qualidades roqueiras notórias por trás da roupagem — até certa medida — pop, primordial para alcançar as novas gerações e expandir o legado do gênero. 

Esses pontos saltaram aos olhos do público que se fez presente no Qualistage, no Rio de Janeiro, na última quarta-feira (1º). A primeira de duas apresentação da “Rush! World Tour” no Brasil (a segunda em São Paulo, na sexta, 3) mostrou na prática o que Mick Jagger disse e muita gente resistiu: Måneskin é uma das maiores bandas de rock da atualidade. 

- Advertisement -
Foto: Carla Cardoso

Clima no público

Embora tenha se passado apenas um ano desde a estreia do grupo no país (durante o Rock in Rio 2022 e uma apresentação solo em São Paulo), muita coisa mudou nesse ínterim. O lançamento de “Rush!” (2023) — terceiro álbum da discografia e primeiro lançado em dimensões mundiais —, inaugurou o som mais comercial que aumentou a projeção do trabalho do quarteto. 

Com isso, a banda como um todo passou a transitar em ambientes da cultura pop — como premiações e páginas de fofoca. A partir daqui a ideia de rockstar/celebridade passou a hipnotizar novos fãs, em especial os mais jovens, público predominante no Qualistage. 

Foto: Carla Cardoso

Naturalmente, esse público é acompanhado pelos responsáveis que demonstraram estar até mais empolgados do que os filhos. Não foram poucas as vezes que, na ansiedade do pré-show, fui abordada por um pai ou mãe falando sobre a banda. 

Uma abertura bombástica 

O tempo parecia não passar, mas às 22h03 o Måneskin subiu ao palco e provocou uma avalanche com “Don’t Wanna Sleep”. Não é exagero falar que não tinha ninguém parado — o que é comum na abertura, mas a energia do público e dos músicos seguiu durante todo o set.

Foto: Carla Cardoso

Durante toda a turnê, a escolha de repertório foi o purgatório dos fãs. Poucas músicas do “Rush!”, poucas baladas em italiano, repetição de singles de eras passadas… mas ao vivo é outra história. A presença de palco, a energia, a intensidade principalmente da guitarra e do baixo sustentam até o setlist mais duvidoso e transforma o pop do álbum mais recente em um som pesado na medida.

Após cinco músicas agitadas na introdução, foi o momento de “Coraline”. Uma das mais amadas de “Teatro d’ira: Vol. I” (2021), a balada criou um clima denso e emocionante até no momento mais pesado da faixa — onde o baterista Ethan Torchio mostra a que veio. A musicalidade da letra em italiano é um show à parte. 

Foto: Carla Cardoso

Prestes a lançar uma edição expandida de “Rush!”, o grupo aproveitou a ocasião para executar “The Driver”. A faixa sai na próxima semana, mas já está na ponta da língua de alguns fãs mais dedicados. 

Logo em seguida, “For Your Love” entregou o protagonismo para Thomas Raggi. Com carisma e distorção na medida, o guitarrista de 22 anos é um verdadeiro acontecimento. Sem esbanjar técnicas complexas e rasgação, os solos ganham uma pegada crua que remete aos primórdios do rock.

Foto: Carla Cardoso

A canção ainda atingiu outro patamar graças à iluminação — ou falta dela. Com a casa propositalmente no escuro, Damiano puxou para o palco um canhão de luz que passava do público para Raggi na medida que o instrumental crescia. 

Foto: Carla Cardoso

Em seguida foi o momento dela: Victoria De Angelis. Com “Gasoline”, a baixista deixou evidente que sem ela não tem Måneskin. Sem seu trabalho, as músicas da banda não têm o mesmo impacto — e isso engloba tanto a discografia quanto o que acontece no show. 

Foto: Carla Cardoso

Surpresa em dobro aos fãs brasileiros

Há anos os fãs brasileiros aguardavam o momento de gastar o italiano com “Vent’anni”. A balada de 2020 é o ponto alto da discografia do quarteto, mas são raríssimas as vezes que entra no repertório. Mas povo determinado é o brasileiro que todos os dias, durante meses, bombardeou os músicos com pedidos da faixa.

Em um palco montado no centro do espaço, Damiano e Thomas, este munido de um violão, atenderam ao pedido. É admirável o diálogo e a troca entre a banda e os fãs e, mais uma vez, é inegável a musicalidade das composições em italiano. 

Mas o set acústico não parou por aí. Seguindo a tradição de tocar músicas dos países que se apresentam, a dupla entregou um cover de “Exagerado” do Cazuza, com um português bem treinado que pegou o público de surpresa.

O encerramento

A segunda parte do show trouxe duas das músicas mais pesadas do grupo. “Lividi Sui Gomiti” e “In Nome Del Padre” vieram com headbaging — até de crianças — e fizeram o chão tremer. Catártico!

Já é tradição do Måneskin chamar os fãs para o palco. Na era “Rush!”, “Kool Kids” é a deixa. Com o caos instaurado, o palco vira pista e a energia do ambiente fica alinhada. 

No bis, “The Loneliest” emocionou o público antes de “I Wanna Be Your Slave” ser reproduzida pela segunda vez na apresentação. Ta aí uma escolha de repertório que só faz sentido ao vivo. O tom de piada interna com os fãs deixa a música mais descontraída e a despedida mais leve. 

Foto: Carla Cardoso

Em quase duas horas de show, o Måneskin honrou a opinião de Mick Jagger e deixou claro que é no palco que eles alcançam o potencial máximo. 

*Fotos de Carla Cardoso. Mais imagens ao fim da página.

Foto: Carla Cardoso

Måneskin – ao vivo no Rio de Janeiro

  • Local: Qualistage
  • Data: 1º de novembro de 2023
  • Turnê: Rush! World Tour

Repertório:

  1. Don’t Wanna Sleep
  2. Gossip
  3. Zitti e Buoni
  4. Honey! (Are You Coming?)
  5. Supermodel
  6. Coraline
  7. Beggin’ (cover do Four Seasons)
  8. The Driver
  9. For You Love 
  10. Gasoline
  11. Vent’anni
  12. Exagerado (cover de Cazuza)
  13. I Wanna Be You Slave
  14. Mammamia
  15. Lividi Sui Gomiti
  16. In Nome Del Padre
  17. Bla Bla Bla
  18. Kool Kids

Bis:

  1. The Loneliest 
  2. I Wanna Be You Slave
Foto: Carla Cardoso
Foto: Carla Cardoso
Foto: Carla Cardoso
Foto: Carla Cardoso
Foto: Carla Cardoso
Foto: Carla Cardoso
Foto: Carla Cardoso
Foto: Carla Cardoso
Foto: Carla Cardoso
Foto: Carla Cardoso
Foto: Carla Cardoso

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioResenhasResenhas de showsMåneskin desfila pontos fortes em show no Rio e prova que Mick...
Tairine Martins
Tairine Martinshttps://www.youtube.com/channel/UC3Rav8j4-jfEoXejtX2DMYw
Tairine Martins é estudante de jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Administra o canal do YouTube Rock N' Roll TV desde abril de 2021. Instagram: @tairine.m

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades