Vários guitarristas passaram por um teste com Ozzy Osbourne em décadas anteriores. Dá quase para compilar um livro apenas com histórias de quem não entrou. Alguns desses nomes, inclusive, se tornariam conhecidos posteriormente. É o caso de Marty Friedman.
Durante sessão de perguntas e respostas no Metalmania III, evento organizado pelo Rock ‘N’ Roll Fantasy Camp em Los Angeles, o músico recordou como se deu a abordagem do staff do Madman.
A julgar pelos detalhes, não fica difícil imaginar que a audição tenha acontecido no mesmo período em que Zakk Wylde substituiu Jake E. Lee. À época, Friedman já havia gravado dois discos com Jason Becker no projeto Cacophony.
Conforme registro em vídeo do canal TheSilverdude e transcrição do Blabbermouth, ele recordou:
“Eu falhei miseravelmente. Acho que provavelmente foi por causa da minha aparência. Na verdade, recebi um telefonema de Sharon Osbourne. Estava morando em San Francisco. Ela disse: ‘Gostaríamos de levar você para fazer um teste para Ozzy’. Pensei: ‘oh meu Deus, isso é ótimo’. Eu era praticamente um sem-teto na época, morava com minha namorada, cuidava do aluguel e tudo mais, como fazem os músicos de rock da Califórnia. Fiquei muito feliz com a ligação. Aprendi a música que pediram e fui para Los Angeles tocar com a banda.”
A experiência foi muito boa do lado artístico. Porém, Marty não era o esperado em termos visuais.
“Toquei tudo perfeitamente bem, achei que soava ótimo. Todo mundo foi bastante amigável. Mas nossas imagens eram muito diferentes. Era apenas um ensaio, mas os caras da banda estavam totalmente enfeitados no estilo Sunset Strip dos anos 1980. Camisetas com caveiras, algemas e colares longos, como se estivessem prontos para sair. Eu só estava de jeans e camiseta, totalmente normal. Era um clima diferente.”
De qualquer modo, o músico deixa claro que não levou a questão para o lado pessoal. E acabou até mesmo refletindo sobre a importância do aspecto visual na hora de encarar um teste.
“Estar em uma banda é muito mais do que tocar. Na verdade, tocar está no final da lista. Se você tem o mesmo tipo de vibração com as pessoas, você pode sentir: ‘Esse é o cara com quem quero estar’. E era diferente nesse nível… Os músicos de Ozzy cheiravam a Los Angeles e eu cheirava a San Francisco, que era muito diferente. Mas eles eram legais. Todo mundo tocava tudo muito bem. Estavam fazendo testes com milhares de caras. Foi uma questão de personalidade. Há tantos grandes músicos que podem tocar em todos os shows, você entende o que quero dizer? Mas na época eu fiquei tipo, ‘Oh, toquei perfeitamente. Por que não me ligaram de volta?’ Hoje eu entendo.”
Marty Friedman e Megadeth
O saldo final acabou sendo positivo quando lembramos que Marty Friedman entraria para o Megadeth na sequência e participaria da fase mais bem-sucedida da banda. Ele permaneceria ao lado de Dave Mustaine pela próxima década. Recentemente, se reuniu com o antigo patrão durante shows no Japão – onde mora desde 2003 – e na Alemanha.
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