Quando você coloca em pauta a discussão sobre o melhor álbum do Pink Floyd, as respostas mais comuns ficarão no período entre “The Dark Side of the Moon” (1973) e “The Wall” (1979). Porém, algumas pessoas acabam fugindo do comum.
Foi o caso de Chris Cornell. Em artigo de 2007, resgatado pela revista Classic Rock, o frontman do Soundgarden e Audioslave explicou por que sua escolha recaía sobre a estreia dos britânicos.
“O baixista original do Soundgarden, Hiro Yamamoto, e eu morávamos juntos. Um dia, examinei a coleção de discos do dono da casa. Eu já conhecia o Pink Floyd, mas nunca tinha escutado ‘The Piper at the Gates of Dawn’ antes. Era uma obra de arte incomum.
Coloquei para tocar e soou um pouco como eles costumavam fazer – era uma música sombria; o tipo de disco que as pessoas que fumavam maconha ouviam – ao mesmo tempo era diferente. Quase poderia ter sido um disco de indie rock britânico da época em que o conheci – que teria sido meados dos anos 1980.
Conta com algumas das canções mais conhecidas do Pink Floyd, incluindo ‘Astronomy Domine’ e ‘Interstellar Overdrive’, mas todas as canções são fantásticas. Ele se conecta comigo de uma forma que simplesmente não consigo descrever, criando um ambiente muito especial que nenhum outro disco consegue alcançar. É mais capaz de remover você de onde quer que esteja quando o ouve do que qualquer outro disco que eu conheça.
Também sou um grande fã do álbum seguinte da banda, ‘A Saucerful of Secrets’, mas por motivos diferentes. Syd Barrett escreveu apenas uma música, ‘Jugland Blues’, para esse. Mas, exceto por ‘Take Up Thy Stethoscope And Walk’, de Roger Waters, e o instrumental ‘Interstellar Overdrive’, ‘The Piper at the Gates of Dawn’ foi atribuído principalmente a Syd. Gosto mais desses dois álbuns do que dos que o Pink Floyd fez sem ele, como uma banda de rock de arena. Acho que tinha muito medo de multidões.”
Chris Cornell sobre a fase posterior
A seguir, Chris Cornell explicou sua relação com a fase mais popular de Roger Waters, David Gilmour e companhia.
“Mesmo quando adolescente, eu me lembro quando ‘The Dark Side of the Moon’ foi lançado em 1973. Na América, o Pink Floyd foi realmente empurrado na sua cara naquela época. Eu conhecia todas as canções, embora não tivesse o disco.
Para mim, a alegria do Pink Floyd foi voltar atrás e descobrir o que eles fizeram antes. E o importante sobre ‘The Piper at the Gates of Dawn’ era a estranha justaposição da música – às vezes caprichosa e pastoral, mas simultaneamente desesperada e triste. Acho que nunca encontrei outro disco em que esse tipo de dicotomia funcionasse tão bem. Com Syd Barrett, nunca pareceu uma invenção.
Depois de descobrir o álbum naquele dia em Seattle, o comprei várias vezes. A prensagem original tinha ‘See Emily Play’, mas a americana não (nota do redator: era o contrário, na verdade). Uma das edições trazia essa fotografia da silhueta das cabeças e braços da banda. Acabei pintando isso nas costas da minha jaqueta de motociclista. A imagem me lembrou muito bem como o disco me fez sentir.”
Pink Floyd e “The Piper at the Gates of Dawn”
Primeiro full-length do Pink Floyd, “The Piper at the Gates of Dawn” mostrava toda a influência psicodélica e experimental do guitarrista Syd Barrett, figura que tomou a linha de frente das ideias. O título foi retirado do 7º capítulo do livro “O Vento Nos Salgueiros”, de Kenneth Grahame, escrito em 1908.
As sessões aconteceram no lendário estúdio Abbey Road e contaram com uso de técnicas inovadoras para a época, como reverberação através de câmaras de eco e duplicação de pistas de áudio.
A versão americana contou com tracklist diferente e incluiu a faixa “See Emily Play”, lançada como single avulso no Reino Unido. O trabalho chegou ao sexto lugar da parada britânica, onde ganhou disco de ouro.
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