Muitos fãs de Roger Waters podem não saber, mas o filho mais velho do ex-Pink Floyd seguiu os passos do pai na música e fez parte da banda dele por bastante tempo. O multi-instrumentista Harry Waters assumiu teclados, órgão, piano, sintetizadores e ocasionalmente violões entre 2002 e 2016.
Mas nem o vínculo familiar e a parceria de tanto tempo na música fez com que o filho fosse mantido no grupo do pai. Em entrevista à Rolling Stone, Harry contou que foi demitido por Roger pouco antes do Natal de 2016, quando a turnê “Us + Them” — que passou pelo Brasil em 2018 — começou a ser planejada.
O primogênito do rock star declarou:
“Fui demitido. Foi algo muito triste. Acho que ele só queria uma mudança de sangue, algo novo, algo fresco para a banda. Não tenho certeza do raciocínio exato dele, mas todos, exceto duas pessoas [o tecladista Jon Carin e o guitarrista Dave Kilminster], foram demitidos. Mas os outros caras que foram demitidos não eram filhos dele, então foi duplamente doloroso para mim.”
Curiosamente, Harry esteve envolvido diretamente com o Pink Floyd logo em seus tempos iniciais de vida. Aos dois anos, ele foi levado pelo pai ao estúdio onde o álbum “The Wall” (1979) estava sendo feito. Acabou gravando a frase “look mummy, there’s an aeroplane up in the sky” (“olha, mamãe, há um avião no céu”), que dá início à música “Goodbye Blue Sky”. Ele comenta:
“Certamente me lembro de estar sentado ali com um microfone e ser solicitado a dizer algumas coisas. Sempre que ouço isso, penso: ‘oh, Deus, sou eu’. É muito estranho.”
No início da vida adulta, envolveu-se com bandas em tributo ao Led Zeppelin (Boot-Led-Zeppelin) e Grateful Dead, além de ter feito parte de um grupo de indie rock chamado Hubble Deep Field. Quando ainda estava vinculado a este último projeto, em 1999, seu pai lhe chamou para ser o tecladista da primeira etapa da turnê “In the Flesh”. Harry recusou, mas três anos depois o convite foi feito novamente — aí, ele topou.
O filho de Roger não mantém qualquer rusga com o pai, mesmo com a demissão. Até planejou vê-lo em uma passagem da atual turnê “This is Not a Drill” por Los Angeles, em 2022. Porém, uma questão familiar impediu.
“Meus filhos e eu contraímos uma infecção desagradável na garganta, não era Covid, e ele disse que não queria que viéssemos. Mas minha esposa Richelle [Rich] foi.”
Projetos de Harry Waters
Fora da banda de Roger Waters, Harry teve mais tempo para se dedicar aos próprios projetos. Ele tem um grupo próprio de jazz, Harry Waters Band, e um duo com o cantor John McNally. Ambos se mantêm ativos.
Waters também compôs músicas para programas de TV como “Downton Abbey” e “Comedians in Cars Getting Coffee”. Fez ainda uma breve turnê com o Dean Ween Group e um giro bem mais longo com a Les Claypool’s Fearless Flying Frog Brigade — que, além do baixista do Primus, conta com Sean Lennon, filho de John Lennon. Nesta excursão, tocaram na íntegra “Animals”, álbum do Pink Floyd que é o favorito de Harry.
Devido ao envolvimento familiar e até profissional com Roger, Harry recebe vários convites para trabalhar com tributos ao Pink Floyd. Por vezes, aceita, como o cover israelense Echoes e o Brit Floyd.
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Deve ser um belo tipo de pai… Além de demitir, essa frase do não quis que nós fossemos foi de amargar…
Concordo que demitir o próprio filho é complicado entender, a menos que tenha ocorrido alguma desavença internamente, entre eles.
Já sobre ”não quis que fossemos ao show”, o Roger deve ter aconselhado por causa do tratamento da infecção que seu filho e seus netos contraíram no momento. Tanto que a esposa foi ao show. Nesse ponto ele falou o certo, cuida primeiro da saúde.