Zack de la Rocha vai a marcha pró-Palestina em vez de cerimônia no Rock Hall

Rage Against the Machine foi homenageado pela instituição, mas apenas Tom Morello compareceu ao evento

Como já noticiado, o guitarrista Tom Morello foi o único membro do Rage Against the Machine a comparecer ao evento que marcou a entrada da banda para o Rock and Roll Hall of Fame, em Nova York, na última sexta-feira (3). A ausência dos demais não foi explicada, mas agora sabe-se o que fazia o vocalista Zack de la Rocha no período da cerimônia.

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De acordo com o Consequence, de la Rocha compareceu a uma marcha em apoio à Palestina no sábado (4). O protesto ocorreu em Washington D.C., que fica a aproximadamente 330 km de Nova York.

O cantor foi visto entre as pessoas que marcharam no Capitólio pedindo por um cessar-fogo e apoiando a causa palestina, que reivindica soberania dos territórios da Faixa de Gaza e Cisjordânia. A ideia é pressionar o presidente americano Joe Biden a interferir no conflito em busca por paz.

O cinegrafista conhecido pelo nome hate5six publicou uma foto ao lado de Zack no evento. Na legenda, afirmou:

“300 mil de nós marchamos hoje (4) em DC em apoio à autodeterminação palestina e pedindo o fim do genocídio de Israel. O sinal de celular atrapalhou a transmissão ao vivo, mas encontrei Zack de la Rocha, que veio para a marcha.

Conversamos um pouco sobre como este é um ponto de inflexão na história. As pessoas estão a perceber como a luta pela libertação está interligada, de Ferguson a Gaza.”

Zack de la Rocha em protesto

Tom Morello representa Rage Against the Machine em evento

Sem Zack de la Rocha (vocal), Tim Commerford (baixo) e Brad Wilk (bateria), Tom Morello subiu ao palco e fez um discurso celebrando a entrada do Rage Against the Machine ao Rock and Roll Hall of Fame.

“Sou profundamente grato pela química musical que tive a sorte de compartilhar com Brad Wilk, Tim Commerford e Zach De La Rocha. Como a maioria das bandas, temos perspectivas diferentes sobre muitas coisas, inclusive sobre ser introduzido no Rock Hall. A razão pela qual estamos aqui e a melhor maneira de celebrar esta música é vocês continuarem divulgando essa missão e a mensagem. A lição que aprendi com os fãs do Rage é que a música pode mudar o mundo diariamente.

O trabalho que nos propusemos a fazer ainda não acabou. Agora são vocês que devem testemunhar. Se você tem patrão, filie-se a um sindicato. Se você é estudante, comece um jornal clandestino. Se você é anarquista, jogue um tijolo. Se você é soldado ou policial, siga sua consciência e não suas ordens. Se você está chateado por não ter visto Rage Against the Machine, então forme sua própria banda e vamos ouvir o que você tem a dizer. Quando a música de protesto é bem feita, você pode ouvir um novo mundo emergindo nas músicas.”

Sobre o evento de 2023

Além do RATM, foram induzidos na categoria principal: Willie Nelson, Kate Bush, Missy Elliott, Sheryl Crow, George Michael e The Spinners. Preencheram ainda a lista de honrarias a cantora Chaka Khan, o músico e produtor Al Kooper e o letrista Bernie Taupin, todos na categoria “excelência musical”; o pioneiro guitarrista Link Wray e o criador do hip-hop DJ Kool Herc na seção de “influência musical”; e o apresentador de TV Don Cornelius, o “Soul Train”, como o vencedor do prêmio anual Ahmet Ertegun.

À época do anúncio de sua indução, a banda publicou uma nota assinada pelos quatro integrantes, onde dizia:

“É um ponto surpreendente da nossa trajetória sermos recebidos no Rock and Roll Hall of Fame. Em 1991, quatro pessoas em Los Angeles formaram um grupo musical para firmar território onde o som e a solidariedade se cruzam.

Escolhemos o nome Rage Against the Machine. Uma banda que é tão conhecida pelos álbuns quanto por nossa feroz oposição à máquina de guerra dos Estados Unidos, supremacia branca e exploração. Uma banda cujas canções levaram o rádio alternativo a novos patamares, enquanto as empresas midiáticas de direita tentavam expurgar todas as músicas que já escrevemos das ondas do rádio. Uma banda que escreveu canções rebeldes em um armazém industrial abandonado no vale que iria mais tarde destronar o monopólio pop ‘X Factor’ de Simon Cowell para ocupar o primeiro lugar nas paradas e ter a música mais baixada da história do Reino Unido. Uma banda que financiou e organizou delegações para incentivar as comunidades zapatistas rebeldes mexicanas a expor a guerra do governo mexicano contra povos indígenas. Uma banda cuja experimentação em fundir punk, rock e hip hop se tornou um gênero próprio. Uma banda que fechou a Bolsa de Valores de NY pela primeira vez em sua história. Uma banda que foi alvo de organizações policiais que tentaram nos banir de arenas lotadas por levantarmos nossas vozes para libertar Mumia Abu-Jamal, Leonard Peltier e outros presos políticos. Uma banda que processou o Departamento de Estado dos EUA por sua prática fascista de usar nossa música para torturar homens inocentes na Baía de Guantánamo.

Muito obrigado ao Hall Of Fame por reconhecer a música e a missão do Rage Against the Machine. Somos gratos a todos os fãs apaixonados, aos muitos conspiradores talentosos com quem trabalhamos e a todos os ativistas, organizadores, rebeldes e revolucionários do passado, presente e futuro que inspiraram nossa arte.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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