John Lennon e Paul McCartney mantiveram o trato de assinar as composições em conjunto até o desfecho dos Beatles. Porém, o fã mais antenado conseguia identificar quem havia escrito qual canção. Não apenas por quem assumia os vocais, mas pela própria abordagem lírica e os experimentos propostos com a evolução artística de cada um.
Ainda assim, houve uma canção escrita por Paul que acabou sendo interpretada por John. Na biografia “Many Years From Now” (1997), Macca revelou a Barry Miles o que levou o colega a cantar “Every Little Thing”, de “Beatles for Sale” (1964).
Conforme transcrição do Far Out Magazine, ele explicou:
“Como quase tudo que escrevi, foi a tentativa de gerar um single. Lembro-me de tocá-la para Brian (Epstein, manager) nos bastidores em algum lugar. Ele chamou algumas pessoas. Foi uma daquelas reuniões – ‘Oh, temos que fazer algumas gravações, quem tem o quê?’ e mostramos algumas coisas para ele.”
Paul admite que a faixa acabou não surtindo o efeito imaginado em um primeiro momento.
“Achava ela muito boa, mas se tornou um filler ao invés de um grande e poderoso single. Não tinha exatamente o que era necessário.”
“Every Little Thing”
Em uma de suas últimas entrevistas, concedidas à Playboy em 1980, Lennon confirmou que McCartney escreveu a maior parte da obra, embora ele tenha contribuído com algumas partes.
“Every Little Thing” também é uma das primeiras faixas dos Beatles a incluir instrumentação fora dos padrões convencionais para uma banda pop, com Ringo Starr adicionando tímpanos sobre os refrões, pontuando com dois floreios.
Sobre “Beatles for Sale”
Quarto trabalho completo da banda em sua discografia britânica, “Beatles for Sale” aprofundou as influências adquiridas após as primeiras viagens aos Estados Unidos e convivência com músicos como Bob Dylan, agregando elementos de country e folk à sonoridade pop rock. As letras também se tornaram mais introspectivas e reflexivas em comparação aos temas juvenis e festeiros dos antecessores.
Com a agenda corrida, o grupo aproveitou apenas oito composições (mais duas registradas nas sessões e aproveitadas como single), completando o tracklist com covers de artistas como Carl Perkins, Chuck Berry, Buddy Holly e Little Richard. Chegou ao topo da parada britânica, ficando lá por 11 semanas – 46 no Top 20. Foram mais de 4 milhões de cópias vendidas em todo o mundo.
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