Antes de o Nirvana levar o grunge ao mainstream, o som de Seattle era incompreendido. Do seu surgimento na segunda metade da década de 1980, até sua popularização em 1991, as bandas pioneiras passaram por uma crise de identidade causada pela falta de reconhecimento do gênero tanto pela mídia, quanto pela indústria fonográfica.
Em meio a falta de referências sobre o grunge, surgiram comparações contestáveis entre Soundgarden e Led Zeppelin. Em 1989, durante entrevista à Spin, Chris Cornell expressou sua insatisfação, interrompendo uma série de perguntas sobre os intérpretes de “Immigrant Song”.
“O.K., vamos lidar com as perguntas sobre o Led Zeppelin. Por onde começamos? Achamos que as comparações são válidas? Qual disco do Led Zeppelin mudou nossas vidas? Por que meu cabelo é comprido e cacheado como o do Robert Plant?”
Convivendo com a comparação desde 1986, o frontman revelou que no início não era tão ruim, mesmo considerando o Zeppelin uma banda ultrapassada.
“Quando fomos inicialmente rotulados como ‘Led Zep’ há três anos, achei que estava tudo bem. Naquela época, todos em Seattle estavam interessados em Smiths e Cure, e Led Zeppelin era muito anos 70, muito fora de moda. Éramos excluídos da cena de rock artístico boba, o que estava tudo bem para mim. Só pensei que poderia ser pior, eles poderiam me comparar a Jim Morrison.”
Por fim, Cornell destacou as diferenças entre Soundgarden e Led Zeppelin apontando que o grupo inglês nunca foi uma referência para ele e os colegas.
“Ultimamente, no entanto, todas as comparações com o Led Zeppelin têm se tornado um incômodo para a banda. Quer dizer, Led Zeppelin nunca foi a banda favorita de ninguém no grupo e, para ser sincero, não ouço muito Led Zeppelin em nossa música, exceto que às vezes canto em alto falsete. Não escrevemos músicas sobre magos, espadas ou toda essa bobagem de dungeons and dragons.”
A opinião de Kim Thayil
As comparações com o Led Zeppelin também foram comentadas por Kim Thayil, anos mais tarde. À Rolling Stone em 2015, o guitarrista e cofundador do Soundgarden revelou que o episódio levou ele e os colegas ao trabalho do Zeppelin, que passou a ser uma influência em certa medida.
“Começamos a ouvir isso com frequência: ‘Zeppelin, Zeppelin, Zeppelin’, e estávamos, tipo, ‘Ok, vamos conferir algumas dessas coisas.’ Cada um de nós estava muito familiarizado com eles individualmente, mas coletivamente não nos reuníamos para ouvi-los. Então, inicialmente, negávamos essa influência.”
Com a experiência, os músicos passaram a perceber que existiam paralelos entre os grupos.
“Eventualmente, depois dos ensaios, dizíamos: ‘Vamos ouvir o ‘Led Zeppelin IV’. Vamos ouvir ‘Houses Of The Holy’.’ Tipo: ‘Sim, acho que consigo ver isso um pouco.’ Tornou-se muito importante para nós, por causa das comparações, então passamos a ouvir e a nos referir a isso. No final das contas, começamos a abraçar novamente o Zeppelin, Beatles, Sabbath e Pink Floyd.”
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