Kirk Hammett acredita que solos de guitarra não são tão importantes para quem não é músico. Na opinião do guitarrista do Metallica, as pessoas de maneira geral “vão lembrar de uma ótima melodia, de uma ótima canção” e não necessariamente do instrumento de seis cordas.
Nem todo mundo pensa assim. Angel Vivaldi, por exemplo, discordou de tal ponto de vista e ainda creditou Kirk como um dos responsáveis pela “morte” dos solos.
De início, na seção de comentários de uma postagem do site Metal Injection sobre a polêmica declaração (via Loudwire), o instrumentista escreveu:
“Isso não poderia estar mais longe da verdade. Se o solo for composto por um compositor de verdade e não por um guitarrista preguiçoso que depende da memória física, seu solo ficará com as pessoas para sempre.”
Depois, por meio de uma publicação no Facebook, elaborou o argumento. Nas palavras de Angel, é perigoso dizer que “a arte do solo de guitarra está morrendo” quando há milhares de canções sendo lançadas diariamente. Isso denota certa ignorância, como pontuou.
“Se não fosse por Kirk eu não estaria aqui hoje, então tenho o máximo respeito por ele. No entanto, no segundo em que alguém se rende a esse tipo de pensamento de que ‘não há música boa ou memorável nos dias de hoje’ você está, na verdade, apenas gritando para o mundo ‘estou de mente fechada e não busco música nova para realmente analisá-la’. Você não pode dizer isso, a menos que você tenha ouvido todas as novas músicas colocadas no Spotify diariamente, e poucos nessa idade realmente procuram novas músicas […]. Algumas pessoas, nesse caso, as gerações mais velhas, têm dificuldade em descobrir solos novos. Eles estão acostumados com Guns N’ Roses, Queen, Led Zeppelin, que conquistaram o mundo e que têm muita visibilidade. Por causa da saturação excessiva, não há como nenhuma nova banda atingir a mesma magnitude de sucesso e exposição. Isso nunca mais vai acontecer, é um fato. Portanto, seu icônico solo de guitarra ficará fora do radar da maioria dos ouvintes.”
Kirk Hammett e Angel Vivaldi
Então, Angel Vivaldi desaprovou não só a postura do integrante do Metallica, como também a maneira em que tocou no álbum mais recente da banda, “72 Seasons”. Pelo disco, Kirk Hammett recebeu críticas devido aos solos considerados muito semelhantes, improvisados e pouco criativos.
“Solos bons e inspiradores são o que fazem os músicos. O próprio Kirk tinha uma tocha de responsabilidade quando se tratava de transformar não-músicos em shredders, eu me incluo nessa. Ele próprio é uma razão pela qual os solos de guitarra estão morrendo! Ele indiscutivelmente tem a maior plataforma para inspirar ainda mais guitarristas, mas como ‘optou por uma abordagem crua e improvisada’ (que ele não tem as habilidades necessárias para executar) em ‘72 Seasons’ e antes disso, sua tocha agora queima de forma muito fraca, se é que queima. Houve um tempo, durante a era do documentário ‘Some Kind of Monster’ (2004), em que ele lutou para mostrar o quão importantes eram os solos. É possível que, como nenhum de seus solos atuais funcionaram como no passado, isso tenha ajudado a destruir ainda mais sua opinião sobre o quão importantes eles são. Só especulando.”
Em seguida, mencionou o processo de composição atual de Hammett e traçou uma comparação com David Gilmour, guitarrista do Pink Floyd:
“Vocês se lembram do que Lars disse sobre como Kirk levou cerca de 6 meses para escrever um bom solo para ‘The Unforgiven’? Tenho certeza que sim. Durante o ‘72 seasons’ ele disse que criou de 20 a 30 solos, deu para o baterista e produtor da banda e falou: ‘‘vocês os montam’. Essa abordagem só funciona se você for um compositor de classe mundial como David Gilmour. E, honestamente, essa abordagem é perfeitamente boa! Ele ganhou o direito de fazer isso. Só se torna um problema quando você diz ‘solos estão morrendo’ e descarta gerações inteiras que estão carregando a tocha que ele decidiu largar.”
Elogio a Steve Vai
Por fim, Angel encerrou a provocação elogiando Steve Vai e o colocando em um patamar acima. Segundo ele, além de todo talento, o virtuoso tem uma mente aberta para “novos talentos” e sempre sai da zona de conforto.
“Sabe quem não tem essa mentalidade? Steve Vai. Ele não parece ter problema em descobrir novos talentos que o inspirem e nem problemas em se desafiar continuamente, como tocar com quatro braços de guitarra na música ‘Teeth of the Hydra’. Podemos discutir se a composição é memorável, mas dane-se, foi a melhor arte performática vista em muito, muito tempo. Há uma intenção consciente de sempre se superar e é por isso que ele permanecerá para sempre um ícone que está constantemente se desafiando e se reinventando.”
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