Ashley Walters, ex-assistente pessoal de Marilyn Manson, conseguiu reverter o arquivamento do processo que está movendo contra o cantor. Ela é uma das mulheres que tem acusado o artista nos últimos anos por agressões, abusos sexuais e comportamento ameaçador. Algumas das acusações não seguiram em frente.
O processo de Walters havia sido arquivado em 2022. Segundo o juiz na ocasião, ela “apresentou poucos fatos e se manifestou tarde demais para manter o caso no tribunal”, já que o caso teria ocorrido entre 2010 e 2011.
Atenção: há relatos de crimes sexuais a seguir.
A ação inicial alegava agressão sexual, assédio sexual e inflição intencional de sofrimento emocional, entre outras reivindicações. Em seu processo inicial, Walters afirmou que Manson se aproximou dela em março de 2010 para elogiar uma fotografia sua. Mais tarde, eles se encontraram quando o músico supostamente pediu que ela se despisse para fotos, eventualmente forçando a mão em sua roupa íntima, de acordo com o processo.
Ela declarou que em certo ponto, ele teria dito que “adorava quando as meninas pareciam ter acabado de ser estupradas”. O músico também é acusado de ter chicoteado e jogado Ashley contra a parede durante um ataque de raiva provocado pelo consumo de drogas.
Walters ainda alega que Brian Warner (nome verdadeiro do artista) agiu de forma ameaçadora para garantir o silênco da ex-funcionária. Ele negou todas as acusações.
Normalmente, as acusações são aceitas dentro de um prazo de até dois anos após os abusos terem ocorrido. Walters conseguiu provar que o trauma causou nela uma supressão de memória, o que justificou a demora no início do processo. A Justiça da Califórnia anula a prescrição em casos do tipo.
Seu advogado, James Vagnini, falou com a Rolling Stone sobre a retomada da ação.
“Essa é uma grande vitória para todas as sobreviventes, já que possibilita um caminho claro para questões de memória reprimida e descoberta atrasada nesses tipos de casos. Acho que a corte está sendo muito firme em articular uma decisão muito clara de por que sobreviventes têm memórias reprimidas e por que isso deve ser relevante quando elas se manifestam mais tarde para trazer essas acusações. Acreditamos que isso passa uma mensagem.”
O cantor terá de arcar com as custas da apelação aceita. Até o momento, ele não se manifestou.
As acusações de Marilyn Manson
Desde 2016, Marilyn Manson vem sendo acusado por mais de uma dezena de mulheres de abuso sexual, agressão, tortura e outros crimes relacionados. A primeira denúncia partiu da atriz Evan Rachel Wood, que foi namorada do cantor. A ela se seguiram diversos outros nomes, incluindo alguns não identificados, referidos apenas como “Jane Doe”.
Acordos já foram feitos e acusações foram retiradas, mas o problema está longe de terminar. A carreira de Manson está praticamente parada desde que as acusações começaram e ele perdeu contratos importantes, tanto na indústria da música como no entretenimento geral, já que ele dava sequência a uma carreira de ator, com participações em séries de TV.
Alguns dos outros processos
Em 2021, a atriz Esmé Bianco, conhecida pelo trabalho na série “Game of Thrones”, processou Marilyn Manson por abuso sexual e psicólógico — assim como outras várias mulheres. Em janeiro último, a britânica e o cantor americano chegaram a um acordo extrajudicial para dar fim à ação. Os termos não foram revelados.
Jay Ellwanger, o advogado de Bianco, disse para a Rolling Stone que ela concordou em resolver a situação para seguir em frente com sua vida e carreira. Apesar de outras acusações contra Manson terem surgido antes das suas, a atriz foi a primeira vítima a mover uma ação contra ele.
No início do ano, a modelo Ashley Morgan Smithline também abandonou as acusações que havia feito contra Manson. Ela havia denunciado o músico por violência sexual, cárcere privado e envolvimento com tráfico humano. Foi a segunda a recorrer ao subterfúgio, após a ex-assistente do cantor, Ashley Walters.
Em manifestação oficial repercutida pelo Page Six, Ashley declarou ter sido manipulada por Evan Rachel Wood, ex-namorada de Manson que revelou ter sofrido abusos e desencadeou uma série de outras denúncias. Assim, concordou em espalhar publicamente acusações de violência.
“Eu sucumbi à pressão de Evan Rachel Wood e seus associados para fazer acusações de estupro e agressão contra o Sr. Warner que não eram verdadeiras. Comecei a acreditar que o que me disseram que repetidamente aconteceu com a Sra. Wood e outras também tinha acontecido comigo.”
Um representante de Wood publicou comunicado negando o fato.
“Evan nunca pressionou ou manipulou Ashley. Ela contatou Evan primeiro, falando sobre o abuso que havia sofrido. É lamentável que o assédio e as ameaças que Ashley recebeu pareçam tê-la pressionado a mudar seu testemunho.”
Outra alegada vítima, que disse ter sido estuprada em 2011 e sem identidade revelada (“Jane Doe”), fez um acordo com o cantor em setembro último. A tratativa foi realizada pouco antes do julgamento, que estava marcado para a próxima semana em Los Angeles, nos Estados Unidos.
O processo também havia sido movido em 2021. Na época, ela afirmou que, além de violentá-la, Manson a impediu de comer e dormir enquanto estava na casa dele e ameaçou “batê-la na cabeça” caso tornasse a questão pública.
Os termos do acordo não foram divulgados. À Rolling Stone, “Jane Doe” assumiu ter concordado em abandonar o caso após “anos de ameaças”, intensificadas nos últimos tempos.
“Eu estava totalmente preparada para o julgamento, nunca em um milhão de anos pensei que me contentaria dessa forma, mas nos últimos dois anos e meio sofri silenciosamente ameaças, bullying, assédio e várias formas de intimidação que ficaram mais fortes nas últimas semanas. Marilyn Manson assistiu ao meu depoimento e fui forçada a responder a sete horas de um interrogatório agressivo com ele me olhando do outro lado da mesa. Me disseram que isso quase nunca acontece, porque é cruel, e que um dos principais motivos para isso acontecer seria intimidar e impor sofrimento emocional a uma vítima.”
Ela complementou a resposta, ressaltando o medo de perder o anonimato se optasse por seguir em frente com o julgamento.
“Nunca me importei com dinheiro, só queria justiça, mas se tivéssemos ido a julgamento, eu poderia ter perdido meu direito ao anonimato e ter sido descredibilizada como vítima em escala pública. Ainda mais importante, eu poderia ter arriscado perder a liberdade de contar minha história e isso vale mais do que qualquer coisa no mundo.”
Howard King, advogado do cantor, contou à revista que seu cliente ficou satisfeito com a resolução. Apesar de não entrar em detalhes a respeito, o profissional mencionou que Jane recebeu uma quantia como indenização.
“Brian está satisfeito que, assim como os processos anteriores foram abandonados sem pagamento ou por pouco dinheiro, essa demandante concordou em desistir do processo em troca de uma indenização que representa uma fração de suas reivindicações e muito menos do que custaria para Brian caso o julgamento acontecesse.”
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