Como o Rush dividia o dinheiro das composições, segundo Geddy Lee

Muitos grupos têm problemas relacionados a dinheiro e ego, mas o trio canadense nunca sofreu com isso

O Rush existiu por quatro décadas praticamente sem mudar sua formação. Depois da passagem de outros integrantes em seus anos iniciais, a banda se estabeleceu em 1974 com Geddy Lee no vocal e baixo, Alex Lifeson na guitarra e Neil Peart na bateria, permanecendo dessa forma até o fim, em 2015.

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Parte do segredo para manter o trio por tanto tempo, sem mudanças na formação, está na divisão financeira justa e na ausência de egos inflados. Muitos grandes grupos de rock e até de outros estilos têm problemas relacionados a dinheiro e ego, mas os canadenses nunca sofreram com isso.

Quem garante é Geddy Lee, em uma entrevista em vídeo, transcrita pelo Ultimate Guitar. O vocalista e baixista disse que sente-se “abençoado” por ter conhecido “duas pessoas que eram muito atenciosas”.

“Não consigo me lembrar de nenhuma ocasião de egos inflados de qualquer um dos meus parceiros. Fomos abençoados com personalidades agradáveis. A ‘maldição’ de ser canadense é ser uma pessoa legal, certo? Sempre pedimos ‘desculpas’ e tudo. Isso ajudou bastante, honestamente.”

De acordo com Lee, ter uma formação em trio também fazia a banda funcionar melhor.

“Somos apenas três – e dois contra um não é algo justo. Nunca juntamos dois contra um. Mesmo quando fazíamos isso, mesmo para fazer alguma brincadeira, nos sentíamos com a consciência meio pesada depois.”

A divisão dos lucros de composição

Acima de tudo, Geddy, Alex e Neil – que faleceu em 2020 – eram grandes amigos, o que também facilitava conversar sobre temas considerados espinhosos, como a divisão dos lucros em torno de direitos autorais. Desde o início, a banda sempre dividiu a renda obtida com royalties, o que inviabilizava brigas ligadas a grana e egos.

“Discutíamos no início sobre, por exemplo, quando apenas dois dos três compunham uma música, tipo Alex e eu, e precisávamos dividir a música para publicar os direitos ou coisas assim. Entrava em debates tipo: ‘bem, você compôs essa parte, eu compus aquela’. Parecia idiota.”

Em seguida, ele completou:

“Decidimos lá no início que seria da seguinte forma: os três estão trabalhando nessas músicas igualmente, então, se a música germinou da ideia de um ou dois, quem se importa? É um produto dos três, então, vamos concordar agora que vamos dividir tudo em três e nunca mais falar sobre isso. Concordamos e nunca tivemos essa discussão de novo. Tirou um peso dos nossos ombros, pois focamos na música.”

Sobre o Rush

A aposta em uma ação mais democrática se pagou com sobras. O Rush vendeu mais de 40 milhões de cópias dos seus álbuns em todo o planeta. Quase uma década após o encerramento das atividades, o catálogo do grupo segue bastante prestigiado nas plataformas.

Sem Neil Peart, falecido em 2020, Geddy e Alex vêm planejando algum tipo de reencontro profissional para os próximos meses. A ideia é tanto tentar escrever novo material quanto revisitar a obra que os consagrou. Por hora, não há nada de concreto anunciado.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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