A opinião de Phil Spector sobre “The Long and Winding Road”, música dos Beatles que “estragou”

Produtor foi acusado de arruinar os Beatles após dar a “Let It Be” uma sonoridade diferente da idealizada pelo quarteto

Com bastidores marcados por conflitos criativos e de convívio, as sessões de gravação de “Let It Be” (1970) renderam um material fragmentado que precisava passar pelas mãos de um produtor experiente para se tornar um álbum coeso. Entendendo essa necessidade, John Lennon e George Harrison convidaram Phil Spector para o trabalho, mas o resultado final não agradou Paul McCartney

O beatle, que segurava as rédeas criativas da banda durante as gravações, tinha idealizado um conceito sonoro mais simples, sem grandes produções, porém Spector seguiu o caminho contrário. O produtor usou sua fórmula de assinatura, a “wall of sound”, que cria sons preenchidos com várias linhas vocais ou instrumentais e, na opinião de McCartney, a maior vítima do produtor foi a música “The Long and Winding Road”. O baixista tinha pensado a canção com apenas voz e piano, mas a produção a transformou em um épico orquestrado. 

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Em 2003, no livro “Phil Spector: Out of His Head” – via Cheatsheet – Spector compartilhou sua opinião sobre “The Long and Winding Road”. Para o produtor, a música fez sentido naquele momento da carreira dos Beatles

“E em muitos aspectos [a música] encerrou a Era Beatles muito bem, porque ‘The Long and Winding Road’ é uma boa maneira de os Beatles saírem, entende o que quero dizer? Tudo fazia sentido… ‘The Long and Winding Road’… era mais ou menos o que eles viveram.”

Spector revelou que Paul teve a opção de se envolver na produção, mas recusou várias vezes. 

“Era uma música típica de Paul, foi assim que ouvi e foi assim que fiz, e eles me deram liberdade para fazer o que eu queria […] No que me diz respeito, George, John e Ringo têm tanto a dizer quanto Paul, e Paul foi perguntado centenas de vezes se ele queria se envolver mais nisso, e ele disse ‘Não’.”

A canção também não agradou a crítica que alegou que Spector prejudicou a banda, assim como o produtor relembrou na publicação. 

“Criticamente, fui destruído. Eles simplesmente acabaram comigo. Foi divertido ver as pessoas entrando nisso… [Dizendo] ‘como Spector arruinou os Beatles’ e como eu tirei toda a coragem deles.”

A opinião dos outros Beatles sobre o trabalho de Spector em “Let It Be”

Em entrevista à Rolling Stone em 1971 – via Express -, John Lennon comentou o trabalho de Phil Spector em “Let It Be”. Para o beatle, o produtor fez um ótimo trabalho com o material ‘mal gravado’. 

“Ele trabalhou como um porco nisso. Ele sempre quis trabalhar com os Beatles e recebeu a pior carga de merdas mal gravadas, com um péssimo sentimento em relação a isso, sempre. E ele fez algo com isso. Ele fez um ótimo trabalho.”

Lennon ainda disse que a mixagem do álbum veio com uma sensação de alívio, já que representou o fim dos meses conturbados de gravação. O músico também via os defeitos do trabalho como uma forma de desmistificar os Beatles, antes do encerramento do grupo. 

“Quando ouvi, não vomitei. Fiquei tão aliviado que iria acabar depois de seis meses com essa nuvem negra pairando sobre mim. 

Eu pensei que seria bom deixar a versão de merda sair porque quebraria os Beatles, quebraria o mito. Seríamos apenas nós, sem calças e sem pintura brilhante sobre a capa, e sem exageros: é assim que somos sem calças, agora podemos encerrar? Mas isso não aconteceu. Acabamos fazendo Abbey Road rapidamente e lançando algo inteligente para preservar o mito.”

Ringo Starr compartilhou seu ponto de vista no documentário “The Beatles Anthology” (1995). O baterista aprovou o trabalho, reconhecendo que o resultado era característico do produtor. 

“Gosto do que Phil fez… Não adianta trazê-lo se você não vai gostar do jeito que ele faz.”

No mesmo documentário, George Harrison comentou a resistência de McCartney à colaboração com Spector e também aprovou o trabalho do produtor. 

“Paul foi o único que disse que não queria Phil Spector envolvido. Porém, particularmente eu achei uma ideia muito.”

“Let It Be… Naked”

O descontentamento de Paul McCartney com “Let It Be” não diminuiu com o passar do tempo. Nos anos 2000, o baixista propôs o relançamento do álbum com uma mixagem mais próxima da ideia original e assim, em novembro de 2003 foi lançado “Let It Be… Naked”. O trabalho, de fato, se distanciou da versão de 1970 até mesmo na organização da tracklist e na edição de faixas gravadas ao vivo durante o Rooftop Concert.

Nessa versão do álbum, McCartney removeu a grandiosa orquestra de ‘The Long and Winding Road’, e devolveu à música sua simplicidade original. 

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Tairine Martins
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Tairine Martins é estudante de jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Administra o canal do YouTube Rock N' Roll TV desde abril de 2021. Instagram: @tairine.m

1 COMENTÁRIO

  1. Placar: 3 x 1 (concordo com os três Beatles). O LP ficou muito melhor, incluindo a bela balada, com o acabamento de Spector, um gênio da mesa de som.

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