Ronnie James Dio e Cozy Powell, falecidos respectivamente em 2010 e 1998, fizeram história juntos no Rainbow ao longo da segunda metade da década de 1970. Porém, quando houve a possibilidade de ambos trabalharem juntos no Black Sabbath, já nos anos 1990, o vocalista não quis.
Em entrevista concedida ao jornalista Joe Geesin em 1996 e resgatada recentemente pelo site Rock and Roll Garage, o lendário baterista contou que seria o responsável por gravar “Dehumanizer” (1992), o álbum que marcou uma breve volta de Dio ao Sabbath. Na época, Powell era integrante fixo da banda, tendo tocado nos discos anteriores, “Headless Cross” (1989) e “Tyr” (1990).
Na época em que Ronnie retornou ao Black Sabbath, Cozy sofreu um acidente de cavalo e quebrou algumas costelas. Essa foi a justificativa divulgada publicamente para anunciar também a volta do baterista Vinny Appice, fiel escudeiro do vocalista, à banda.
Entretanto, de acordo com Cozy Powell, a história vai além do acidente.
“Sofri um acidente na época com um cavalo e fui expulso da banda sem cerimônia. Ronnie Dio voltou e ele não me queria na banda de forma alguma.”
Por qual motivo Dio recusaria um baterista tão talentoso?
“Recusei trabalhar em um álbum solo dele para permanecer no Rainbow, ainda na década de 1970. Talvez esse tenha sido um ponto sensível.”
Em seguida, ele explicou:
“Ele foi expulso do Rainbow e me convidou apesar de Ritchie (Blackmore, guitarrista). Desde então, ele passou a me odiar.”
A falta de espírito em Forbidden
A reunião do Black Sabbath com Ronnie James Dio durou apenas até a turnê de “Dehumanizer”, quando o vocalista saiu de novo e levou Vinny Appice consigo. A banda chamou Tony Martin de volta, trouxe Bobby Rondinelli para a bateria e produziu “Cross Purposes” (1994).
Na sequência, Rondinelli deixou o grupo e foi substituído brevemente por Bill Ward (que tocou com o Black Sabbath no Brasil em 1994), outro a também sair rapidamente. Foi a oportunidade para, enfim, chamar Cozy Powell de volta.
Em seu retorno, o ex-baterista do Rainbow gravou apenas um disco com o Sabbath: o controverso “Forbidden”, lançado em 1995. Durante a mesma entrevista, o músico buscou explicar por que as coisas deram errado no disco.
“Cheguei a ser chamado para gravar ‘Forbidden’ e tentei recriar o mesmo espírito que obtivemos com ‘Headless Cross’. Infelizmente, desta vez esse espírito não estava lá. Não sei o motivo. Talvez as pessoas mudem ao longo dos anos. Havia algumas coisas que não estavam certas. Trouxeram um produtor (Ernie C) que nunca havia gravado um álbum de som pesado. Boas ou ruins, as ideias dele apareciam em minha bateria. Meu som foi jogado pela janela.”
Briga era mútua, segundo Tony Iommi
Em trecho de sua autobiografia “Iron Man”, o guitarrista do Black Sabbath, Tony Iommi, garante que Cozy Powell também não queria trabalhar com Ronnie James Dio. Na obra, ele diz:
“Foi meio esquisito, porque Ronnie e Cozy tinham tocado juntos no Rainbow e não se davam lá muito bem. No fim das contas, acabamos ficando com Cozy, de qualquer maneira, e começamos a compor material para o que viria a se tornar o ‘Dehumanizer’. Foram tempos dificeis, porque já tínhamos ensaiado com Tony Martin, que agora precisava sair da banda. Não era muito justo com ele. Fizemos ótimos albuns com Tony, mas todo mundo estava animado com a ideia de Ronnie estar de volta, ainda mais o pessoal da gravadora e também nossos empresários. De certa forma, voltamos à formação antiga, exceto pelo fato de que agora Cozy estava na bateria.
No entanto, foi simplesmente horrível. Dava para sentir o conflito entre nosso vocalista e nosso baterista. Ronnie estava puto por Cozy estar na banda e me lembro de Cozy dizer:
— Se esse babaca se dirigir a mim, vou encher a cara dele de porrada.
Ronnie voltou para Los Angeles e aí chamamos Tony Martin e ensaiamos um pouco com ele. Ronnie voltou de novo e substituiu Tony. Esses ensaios foram uma grande confusão. Depois o cavalo de Cozy teve um ataque cardíaco, caiu por cima dele e quebrou seu quadril, o que o tirou de jogada por um bom tempo. Se não fosse algo tão horrível de se falar, dava para dizer que o acidente foi um mal que veio para o bem. Eu amava Cozy e ele era um grande amigo, mas é preciso que a combinação em uma banda seja adequada. Já tínhamos bastante conflitos com todo o resto, de qualquer forma, então algo tinha de ser estável. Trazer Vinny de volta foi a resposta óbvia para todos os nossos problemas.”
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