Sigurd “Satyr” Wongraven não é uma figura que economiza nas palavras. Não à toa, não foram poucas as vezes em que se envolveu em polêmicas, algumas delas que renderam controvérsias tanto no segmento metálico quanto no mainstream de seu país.
Em entrevista ao canal da revista Revolver no YouTube, o frontman do Satyricon expressou seu desgosto com novas bandas de black metal que tentam reescrever a história do subgênero.
Na declaração transcrita pelo Ultimate Guitar, o músico diz:
“Eu cresci no que chamamos de cena black metal norueguesa original. Sou uma das pessoas que fez parte do círculo musical e social que preparou o palco para o que é. Isso já faz 30 anos ou mais, eu acho – o tempo voa. A parte mais frustrante para mim é que há muitas pessoas que são muito opinativas sobre a definição de black metal. Ao mesmo tempo, não estavam lá quando tudo começou. Sei disso, porque éramos poucos.”
Para o artista, incomoda ver quantas pessoas tentaram assumir protagonismo após a consolidação daquilo com que poucos tinham contato quando era um fenômeno underground.
“Sem mencionar nomes, mas há tantas bandas fora deste país que dizem ‘Sim, começamos em tal ano e construímos a partir daí’ – e eu penso comigo mesmo: ‘Não é verdade. Porque se você estivesse lá, como afirma em seu press release, eu saberia. E o pior, essas pessoas de um país diferente, de uma cultura diferente e de uma faixa etária diferente tentam educar o Satyricon sobre a definição de black metal.”
O ícone do black metal para Satyr
Satyr cita Euronymous como a figura chave do movimento. E ressalta que o próprio via o black metal como uma ideia, não um conjunto de características.
“A pessoa mais influente na definição de black metal foi, sem sombra de dúvida, Euronymous. Ele foi o grande embaixador desses pensamentos filosóficos. Transmitia suas ideias com eloquência. Não se tratava de ter técnica, era sobre o sentimento, a atmosfera. Ele dizia que desde que fosse obscuro e tivesse feeling era black metal.”
Para o falecido músico, a essência do que definia o movimento ia além da música, o que chocou o colega, nas próprias palavras.
“Lembro-me de termos essa conversa onde questionei até onde ele iria com a definição. Sal resposta foi: ‘Até mesmo algumas coisas da Diamanda Galás são black metal.’ E eu disse, ‘Nah, isso está indo longe demais’, e ele disse: ‘Não, não, é. E algumas coisas do Mercyful Fate também. Olha, se tem esse sentimento, é isso que define o black metal – não pintura de cadáver, velocidade ou instrumentação’.
Então, hoje você vê bandas por aí que têm seus spikes, cintos de bala, pintura de cadáver, tocam rápido, ostentam suas jaquetas de couro e isso e aquilo. E a instrumentação está lá. Então as pessoas dizem que é black metal. Será mesmo? É black metal mesmo? Com certeza soa como a ideia da maioria das pessoas sobre o que é o black metal, mas não tem nada desse sentimento.”
Sobre Euronymous
Fundador da banda Mayhem e do selo Deathlike Silence, Øystein Aarseth, mais conhecido como Euronymous foi morto a facadas por Varg Vikernes (Burzum) em 10 de agosto de 1993, aos 25 anos. O crime fez com que o assassino fosse condenado a 21 anos de cadeia, sendo solto após cumprir 14.
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