O álbum dos Beatles que era pretensioso demais para John Lennon

Disco não foi o último lançado, mas marcou a derradeira reunião dos quatro músicos em estúdio

O 11º álbum de estúdio dos Beatles, “Abbey Road” é extremamente conceituado desde seu lançamento – popularidade que só cresceu com o passar dos anos, colocando o quarteto na vanguarda musical pelas experiências que fez durante as sessões. Porém, nem mesmo dentro da banda ele era unanimidade.

Após o rompimento, John Lennon frequentemente falava criticamente sobre o trabalho que fez com os colegas. De fato, os sentimentos negativos já existiam enquanto eles ainda estavam juntos. De acordo com o produtor George Martin, o músico estava visivelmente farto enquanto gravava o disco em questão.

- Advertisement -

Conforme depoimento ao “The Beatles Anthology”, transcrito pelo Showbiz Cheat Sheet:

“John ficou desencantado com a produção de discos. Ele realmente não aprovou o que eu fiz ou estava fazendo. Não gostava de ‘brincar’, como chamava, não gostava da pretensão do álbum, se preferir.”

Martin também disse que compreendeu o ponto de vista de Lennon.

“Eu pude entender o que ele queria dizer. Ele queria um rock bom, antiquado e sólido: ‘Que se dane — vamos explodir a luz do dia!’ Ou, se fosse uma balada suave: ‘Vamos fazer do jeito que vem’. Ele queria autenticidade.”

Choque de personalidades

O próprio John Lennon confirmou o descontentamento em resgate de arquivo. Para o músico, as ideias batiam diretamente contra as dos colegas.

“Pessoalmente, não dou a mínima para arranjos de cordas e coisas assim. Gostaria de fazer isso com o grupo ou com a eletrônica, sem me incomodar com outros músicos. Mas Paul gosta disso, essa é a praia dele. Dependia de onde iria com os violinos e o que faria com eles. Acho que ele queria um acompanhamento direto em ‘Golden Slumbers’ – nada de estranho. Era nisso que ele estava se metendo no ‘Abbey Road’. Eu nunca gostei dessa coisa de ópera pop. Gosto de discos de três minutos, como jingles.”

Leia também:  Axl Rose está “cada vez melhor”, segundo Tracii Guns

O desgosto do artista se estendia a “Let It Be” (1970), gravado antes e lançado depois de “Abbey Road” – embora ele reconheça ter gostado do resultado alcançado pelo produtor Phil Spector.

“Se alguém ouvir a versão pirata, que era a versão pré-Spector, e ouvir a versão que Spector fez, calaria a boca – se você realmente quiser saber a diferença. As fitas eram tão ruins que nenhum de nós chegava perto delas para tocá-las. Elas estavam por aí há seis meses.”

Sendo assim, não foi surpresa que a separação acontecesse. Novamente George Martin:

“Ninguém sabia ao certo que seria o último álbum – mas todos achavam que seria. Os Beatles passaram por tanta coisa e por tanto tempo. Eles estiveram encarcerados juntos por quase uma década e fiquei surpreso ao ver que duraram tanto.”

Beatles e “Abbey Road”

A proposta em “Abbey Road” era resgatar o clima dos primeiros anos dos Beatles, após as malfadadas sessões de “Let It Be”, que acabariam por causar a implosão da banda. A sonoridade intensifica a aproximação com o rock progressivo, além de experimentos como o feito por Paul McCartney no medley que encerra o tracklist.

O trabalho vendeu mais de 31 milhões de cópias em todo o mundo. Chegou ao topo de várias paradas mundiais, incluindo Estados Unidos e Inglaterra.

A capa foi feita em uma sessão com o fotógrafo britânico Ian MacMillan. Como resultado, até hoje ninguém mais atravessa aquela rua de forma convencional. Também é a única em que o nome da banda e do álbum não aparecem.

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioCuriosidadesO álbum dos Beatles que era pretensioso demais para John Lennon
João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades