Bruce Dickinson acredita que a voz, acima de tudo, é uma ferramenta de comunicação. Como cantor, entende que é um contador de histórias e que tem seu próprio jeito de expressá-las de acordo com seus vocais. Ainda, analisando a música como um todo, o vocalista do Iron Maiden tem uma lista própria de artistas com vozes marcantes.
O assunto foi abordado durante conversa com o Songfacts. Para o site, ele citou os cantores que mais admira e explicou os motivos. Entre os escolhidos, figurou o saudoso brasileiro Andre Matos, conhecido pelos trabalhos no Angra, Shaman e Viper.
Ele declarou:
“Chris Cornell, que infelizmente não está mais entre nós, foi uma das melhores vozes que já ouvi de qualquer geração. E, infelizmente, ele se foi. O cara de Angra, Andre Matos, também. Esses caras se foram e tiveram a capacidade de realmente emocionar as pessoas. Eles podiam gritar e berrar como os melhores, mas tinham a habilidade de emocionar as pessoas com suas vozes.”
Por fim, Dickinson mencionou um dos melhores desempenhos vocais de Chris Cornell e traçou uma comparação entre o vocalista do Soundgarden e Tom Jones.
“Uma das minhas performances favoritas de Chris Cornell, para mostrar o quão bom ele era, é dele cantando a música tema de James Bond [“You Know My Name”]. Essa é uma ótima performance vocal. E ele compartilha essa honra de ótimas performances vocais com Tom Jones, que canta a música de ‘Thunderball’ [também um filme de James Bond]. Se alguém quiser ouvir uma voz de metal incrível e forte, ouça Tom Jones e imagine se essa voz estivesse fazendo metal ou rock. Obviamente, naquela época, ele não estava. Mas, meu Deus, ele é simplesmente incrível. A potência, a ressonância, o tom de sua voz… fabuloso.”
Andre Matos, Iron Maiden e Bruce Dickinson
Quando Bruce Dickinson deixou o Iron Maiden em 1993, acabou sendo substituído por Blaze Bayley. Contudo, muitos fãs brasileiros entendiam que Andre Matos, então em alta com o Angra, teria sido uma escolha melhor para o posto. Em resgate do Whiplash para uma entrevista feita pelo canal Heavy Talk em 2010, o próprio Blaze admite a teoria.
“Sim, ele é um cantor muito bom! A voz dele é muito mais direcionada ao Iron Maiden do que a minha voz. Ele poderia cantar as músicas clássicas como ‘The Trooper’. E talvez coisas do ‘Somewhere In Time’, ele provavelmente poderia fazer isso muito melhor do que eu, porque a voz dele é diferente, ele tem um alcance muito alto e minha voz não é tão alta assim.”
A declaração pode ser vista no vídeo abaixo.
Em contrapartida, Andre nunca achou que o escolheriam para ocupar tal lugar. Conversando com Marcelo Prudente em 2012 (via RockBizz), ele explicou por que Blaze era uma opção muito mais prudente, em seu ponto de vista:
“Na época, eu tinha recém saído do Viper e não tinha gravado o primeiro álbum do Angra, apenas uma demo. Isso foi um baque para banda, porque havia, segundo eles, uma grande chance de eu ser escolhido, o que interromperia completamente os planos da gravação do primeiro disco. O material mandado para o pessoal do Maiden foram os dois discos do Viper e a demo do primeiro disco do Angra. Eu, particularmente, nunca viajei na história de que eu fosse o escolhido, porque o Iron Maiden é uma banda demasiadamente britânica para que escolhessem um brasileiro para cantar, então, eu já não tinha grandes planos em relação a isso. Com isso, foi natural que escolhessem o Blaze”.
Inclusive, no passado, Andre e Bruce já dividiram o palco. No dia 16 de janeiro de 1999, no Le Zenith, em Paris, o vocalista do Iron Maiden (na época focado em sua carreira solo) fez uma participação especial em um show do Angra. Juntos, tocaram “Run to the Hills” e “Flight of Icarus”.
Sobre Andre Matos
Nascido em São Paulo, Andre Coelho Matos se tornou vocalista do Viper aos 13 anos. Permaneceu entre 1985 e 1990, gravando dois discos. Retornou entre 2012 e 2015.
Após se dedicar aos estudos, ajudou a formar o Angra na primeira metade dos anos 1990. A banda se tornou uma das principais do Power Metal, realizando turnê pela Ásia e Europa, onde também obteve vendas significantes. Lançou três discos de estúdio, além de EPs.
Saiu junto com o baixista Luis Mariutti e o baterista Ricardo Confessori, formando o Shaman. Após dois discos, o grupo se separou. Retornaram em 2018.
Além da carreira solo, integrou projetos como Virgo e Symfonia. Também participou de discos do Avantasia, Epica, Aina, Avalanch, Soulspell, Hamlet e Time Machine, entre outros.
Morreu dia 8 de junho de 2019, aos 47 anos, vítima de infarto do miocárdio.
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Legal ele relembrar o Andre Matos. Chris Cornell também tinha uma boa voz, um dos icones do rock grunge que estourou no inicio da década 90s, com Nirvana, Pearl Jam, etc.
Já Tom Jones, realmente, tem um vozeirão incrivel, porém, Luciano Pavarotti estava acima (Talvez, ele poderia quebrar uma taça de vinho, com aquela voz absurda de tenor italiano).
O Bruce Dickinson já cantou ao vivo, Delilah, do Tom Jones, na década 90s em um programa de TV, quando ele estava em carreira solo, e resolveu experimentar gravar coisas no estúdio que jamais teria a oportunidade dentro do Iron Maiden. Coisas interessantes , inclusive.
Quanto a possivel escolha de Andre Matos no Maiden, realmente seria pouco provável. Nem tanto por ele ser brasileiro (afinal, ele já vinha desde o Viper com carreira internacional no Japão e Europa, portanto, já dominava o canto em inglês).
Relembrando aquela época de 1993-94, 1995 quando X-Factor finalmente foi lançado, acho que seria meio desconfortável ao Steve Harris ter outro vocalista que lembrasse o estilo vocal do Bruce, não é? Por isso, creio que este foi o motivo do Blaze ser escolhido. Já o conheciam de tocar juntos com seus conterrâneos de Wolfsbane, e sua voz trouxe um estilo diferente ao Maiden, um tom mais sombrio no estúdio.
O problema para Blazer é que, o Maiden sempre foi uma banda extremamente intensa ao vivo, com setlists de shows repletos de clássicos da época do Bruce. Tal como na The X Factour, muitos shows agendados nos EUA, na Virtual XI World Tour, foram cancelados porque Blaze teve problemas vocais. Seu desempenho ao vivo foi gota d’agua para decidirem pela volta de Bruce, em 1999.