Dave Lombardo se tornou sinônimo de baterista de heavy metal graças ao trabalho feito com o Slayer. Sua técnica influenciada pela música latina inspirou diversas gerações de instrumentistas, além de o tornar conceituado dentro de uma indústria que sequer costuma ser convidativa para com os adeptos dos caminhos sonoros mais pesados.
Ainda assim, sua relação com os colegas de banda nunca foi das mais harmoniosas. Desde os anos 1980, atritos permeavam os negócios, com uma saída temporária e a definitiva na virada da década. Um reencontro aconteceu já no século atual, mas também acabou de forma bastante polêmica, com direito a ataques mútuos através das redes sociais.
Questionado pela Rolling Stone sobre o colega, Kerry King foi seco e direito:
“Lombardo está morto para mim.”
Após a surpresa inicial do entrevistador, que disse não imaginar a gravidade da situação, o guitarrista se aprofundou:
“Ele fez aquele discurso online quando estávamos em um voo para a Austrália e sabia que não poderíamos responder por 14 horas. Jogou-me debaixo do ônibus. Eu era o único que o mantinha na banda. Tom (Araya, baixista e vocalista) queria que ele saísse antes disso, Jeff (Hanneman, falecido guitarrista) tinha acabado de ser picado por uma aranha, então não estava muito presente. Argumentei: ‘Precisamos de Dave. Os fãs não entenderão se o substituirmos agora’. Então veio isso e eu pensei: ‘Fui o cara que manteve você aqui. F*da-se esse cara’.”
Dave Lombardo e a advogada
O fato se deu em 2013. O Slayer precisou chamar Jon Dette às pressas, posteriormente recrutando Paul Bostaph, que já havia substituído Lombardo nos 1990s. King tem uma teoria sobre a pessoa que “envenenou” o baterista.
“Dave é facilmente impressionável. Estava ouvindo uma mulher que era sua advogada na época. Ela achava que tínhamos o dinheiro do Metallica, o que nunca recebemos. Então, ficava soprando m*rda no ouvido dele, que passou a achar que deveria receber mais. É como conversar com alguém que realmente conhece a situação, mas só quer ganhar mais dinheiro de comissão.”
A demissão e o manifesto de Dave Lombardo em 2013
Dave Lombardo foi demitido após expor, em uma postagem do Facebook, detalhes de negociações. Conforme registro do G1 à época, ele escreveu:
“Para que todos vocês saibam a verdade, no final do dia 14 de fevereiro eu fui notificado que não seria o baterista para a turnê na Austrália. Estou triste e, para ser sincero, estou chocado com a situação. No ano passado, descobri que 90% da renda da turnê do Slayer estava sendo deduzida como despesa, incluindo taxas para os empresários, custando milhões de dólares à banda e deixando 10% ou menos para ser dividido entre nós quatro. Na minha opinião, esse não é o jeito que uma banda deve fazer negócios.”
O músico disse ainda que não havia sido pago por todos os shows que fez com o Slayer no ano de 2012.
“Só ganharia uma porção dos lucros se assinasse um contrato grande que não me dava nenhuma garantia por escrito de quanto seria deduzido e nem me dava acesso aos relatórios financeiros ou registros para revisão. Também me proibia de dar entrevistas ou falar algo a respeito da banda.”
Por fim, Dave Lombardo contou como se deu o rompimento.
“Na segunda-feira passada, propus um novo modelo para Kerry e Tom, que acreditava ser o melhor para que o Slayer pudesse se proteger e para que pudéssemos fazer o que fazemos de melhor… tocar para os fãs. Kerry deixou claro que não estava interessado em fazer mudanças e disse que se eu quisesse discutir ele encontraria outro baterista. Na quinta-feira, cheguei para o ensaio às 13h como combinado, mas Kerry não apareceu. Em vez disso, recebi um e-mail às 18h24 dos advogados dizendo que eu estava sendo substituído para as datas na Austrália.”
A resposta do Slayer
No dia seguinte, o Slayer também publicou uma nota onde rebatia as alegações.
“O Slayer confirma que Jon Dette será o baterista da banda na turnê da Austrália que começa neste sábado, 23 de fevereiro, em Brisbane. A respeito do post de Dave Lombardo no Facebook, o Slayer não concorda o conteúdo ou com a linha do tempo dos eventos citados pelo Sr. Lombardo, exceto por reconhecer que o Sr. Lombardo veio até a banda menos de uma semana antes de sua partida para a Austrália para apresentar um novo conjunto de termos que era contrário ao anteriormente acordado.
A banda não conseguiu chegar a um acordo sobre estas novas demandas no curto espaço de tempo disponível antes de viajar para a Austrália. Há mais sobre essa situação toda do que o que foi dito pelo Sr. Lombardo, mas em respeito a ele, o Slayer não fará mais comentários. A banda agradece aos fãs australianos pela compreensão desta infeliz mudança de último minuto.”
Kerry King solo
“From Hell I Rise”, primeiro álbum a levar o nome de Kerry King, sai dia 17 de maio. O trabalho conta com 13 faixas e é descrito como uma extensão sonora da banda que consagrou o guitarrista, com direito a reaproveitar material feito à época de “Repentless”, último disco do grupo.
A formação que acompanha o protagonista conta com Mark Osegueda (Death Angel) nos vocais, Paul Bostaph (ex-Slayer) na bateria, Kyle Sanders (ex-Hellyeah) no baixo e Phil Demmel (ex-Machine Head, Vio-Lence) na guitarra. A produção do disco é assinada por Josh Wilbur (Lamb of God).
Confira detalhes completos do trabalho, além do single “Idle Hands”, clicando aqui.
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