O Slayer encerrou oficialmente as atividades em 2019. Ao longo de quase quatro décadas de carreira, a banda lançou doze álbuns de estúdio, sendo “Repentless” (2015) o mais recente. Segundo Kerry King, guitarrista desde os primórdios, boa parte da discografia contou com sua contribuição não só na gravação do instrumento de seis cordas, mas do baixo.
Conversando com a Rolling Stone, o instrumentista introduziu o assunto ao elencar as habilidades de Phil Demmel. O colega guitarrista, conhecido pelos trabalhos no Vio-Lence e Machine Head, substituiu Gary Holt em certos shows do Slayer e, recentemente, participou de seu disco solo “From Hell I Rise” – que sairá em 17 de maio.
Apesar do talento, a função de Demmel no projeto ficou restrita apenas à guitarra solo, como explicou King:
“Ele é mais técnico do que eu pensava. Ele vem da Califórnia como eu. Ele me falava: ‘você acha que esse solo é muito melódico?’. E eu respondia: ‘você quem manda, a menos que seja ofensivamente ruim, não vou barrá-lo’. Gosto do que ele trouxe para o disco, mesmo que não tenha sido muito, já que não o deixei tocar guitarra rítmica.”
Então, o artista contou que, a partir dos anos 1990, durante as gravações do Slayer, tocou todas as guitarras rítmicas, além do baixo creditado ao também vocalista Tom Araya. Ou seja, provavelmente desde o quinto álbum, “Seasons in the Abyss” (1990).
“Eu já toquei toda guitarra e o baixo sozinho. Não dessa vez, mas desde o início dos anos 1990, toquei todas as guitarras rítmicas e todo o baixo nos discos do Slayer. Eu sempre toquei o baixo porque meu parceiro (Tom Araya) realmente não tocava.”
Sendo assim, em suas palavras, ter Kyle Sanders (ex-Hellyeah) como baixista do projeto, colaborando ativamente, acabou sendo uma surpresa positiva.
“Logo no início, enviei ao Kyle as primeiras demos apenas de mim e Paul Bostaph (bateria) sem baixo. Três dias depois, ele me mandou as faixas de volta com baixo. Eu falei: ‘Nunca ninguém fez isso por mim’. Foi inspirador.”
Kerry King e Tom Araya
O último show do Slayer aconteceu no dia 30 de novembro de 2019 no The Forum, em Los Angeles, Estados Unidos. Além de marcar o encerramento das atividades da icônica banda, o momento também é o último em que Kerry King e Tom Araya, únicos que permaneceram por toda a história do grupo, se falaram.
Na mesma entrevista, o guitarrista revelou que a dupla não mantém qualquer tipo de contato. O próprio não se sente surpreso pelo distanciamento, já que os dois nunca foram necessariamente os melhores amigos.
Kerry reconhece que as diferenças de personalidades afetaram a relação, como descreveu:
“Tom e eu nunca estivemos na mesma página. Por exemplo, se eu quisesse um shake de chocolate, ele queria um de baunilha. ‘Kerry, de que cor é o céu?’ Azul. ‘Tom, de que cor é o céu?’ Branco. Somos apenas pessoas diferentes. Quanto mais avançamos em idade, mais isso se tornou real. Ele gosta um pouco de tequila e eu sou uma grande fã de tequila, então tomava minha dose com ele e nos distanciávamos. Não vamos sair juntos nem nada porque somos pessoas muito diferentes. O que nos unia é que fizemos boa música e um ótimo show ao vivo.”
Sendo assim, não surpreende que os dois sequer tenham se falado nos últimos anos.
“Nem mesmo uma mensagem de texto. Nem mesmo um e-mail. Falei com todo mundo da banda por telefone, mensagem de texto ou e-mail. Se Tom me ligasse, eu provavelmente responderia. Dependeria do motivo do contato. Mas não desejo que ele morra neste momento.”
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Já li ,várias entrevistas doe Kerry King,e em todas ele demonstrou (pelo menos ao meu ver),ser uma pessoa difícil de conviver,de temperamento oscilante e áspero.
O mais estranho disso tudo não é ele dizer que gravou os baixos… é sobre ter gravado todas as guitarras base. Não consigo acreditar que o Jeff Hennemann não gravava as bases de suas próprias composições. Desde o Season in the Abyss.