“We Are the World” é a canção voltada para caridade mais famosa da história. É não era pra menos, já que o single contou com a participação de diversos artistas de renome na época em que foi concebida. Ainda assim, dois nomes importantes acabaram ficando de fora: Prince e Madonna.
Os dois já eram artistas bem estabelecidos no mercado. Mesmo assim, não participaram de uma das canções mais famosas da história, que virou até tema de um documentário da Netflix (“A Noite que Mudou o Pop”). A ausência do músico falecido em 2016 é pouco mais difícil de explicar, enquanto a da “Rainha do Pop” é mais tranquila.
A criação de “We Are the World”
Antes, vale conhecer a história da iniciativa. O grande responsável por fazer “We Are the World” ganhar vida não foi nenhum de seus artistas creditados, mas sim o cantor e ativista social Harry Belafonte. Ele se inspirou em “Do They Know It’s Christmas”, canção do supergrupo Band Aid (idealizada por Bob Geldof, “pai” do Live Aid), composto por diversos artistas britânicos. O intuito era levantar fundos para ajudar na crise de fome na Etiópia.
Além de ajudar o país africano, a ideia de Harry Belafonte era que parte dos fundos arrecadados também fosse usado para erradicar a fome nos Estados Unidos.
Belafonte entrou em contato com o produtor musical Ken Kragen — também conhecido pelas ações filantrópicas —, que procurou dois clientes famosos seus: Lionel Richie e Kenny Rogers. O trio topou ajudar o ativista social e ainda chamou outro nome de peso para contribuir com a ideia: Stevie Wonder.
Em seguida, o renomado produtor Quincy Jones foi convidado para ser coprodutor da música e aceitou ajudar. Em seguida, ele chamou aquele que era, certamente, o artista mais “quente” da época: Michael Jackson.
Tanto Richie quanto Jackson ficaram a cargo de escrever os versos de “We Are the World” (um pedido do Rei do Pop, que não queria apenas cantá-la). Wonder também queria ajudar, mas estava ocupado compondo a trilha sonora do filme “A Dama de Vermelho” (1984).
A ideia de Michael e Lionel era que a canção fosse, ao mesmo tempo, memorável e fácil de cantar: uma espécie de “hino”. Tanto letra quanto melodia foram concluídos na véspera de sua gravação.
Alguns dias após a primeira sessão, toda a equipe teve a ideia de formar um supergrupo de artistas (assim como na iniciativa britânica), que foi batizado de “USA for Africa”. Nomes como Tina Turner, Diana Ross, Bruce Springsteen, Kenny Loggins, Steve Perry, Huey Lewis, Cyndi Lauper, Bob Dylan, Ray Charles e os irmãos de Michael Jackson foram convidados e toparam ajudar a gravar. Harry Belafonte e Bob Geldof também contribuíram.
“We Are the World” foi oficialmente lançada em 7 de março de 1985 e rapidamente se tornou um enorme sucesso comercial, apesar de avaliações apenas medianas da crítica especializada. Estima-se que a ideia tenha levantado em torno de US$ 63 milhões de ajuda humanitária à África.
Por que Prince e Madonna ficaram de fora
Com todo o contexto da criação de “We Are the World” explicado, é hora de dizer o que fez tanto Prince quanto Madonna terem ficado de fora.
No caso de Prince, é importante ressaltar que, sim, ele foi convidado para contribuir com “We Are the World”. Entretanto, conforme dito na introdução, é difícil detalhar o que realmente aconteceu, já que existem várias versões a respeito de sua ausência.
O Music Radar aponta que, por exemplo, um jornal afirmou que o cantor ficou fora pelo simples desinteresse em cantar com outros artistas. Outro garantiu que Prince desistiu após descobrir que Bob Geldof havia o chamado de “arrepiante”.
Já para o livro “Let’s Go Crazy”, de Alan Light, a engenheira de som de Prince, Susan Rogers, tem outra versão. Ela afirma que testemunhou o momento em que Quincy Jones ligou para Prince e o convidou para participar da canção, mas que o artista já recusou a proposta.
“Estava com o Prince no estúdio em sua casa, apenas nós dois. Aí, ele recebeu a ligação do Quincy Jones perguntando a ele se queria ser parte de ‘We Are the World’. Só pude escutar o lado de Prince na conversa, mas ele recusou. Foi uma conversa longa e Prince disse: ‘eu posso tocar guitarra?’. E eles disseram ‘não’, e ele definitivamente disse: ‘ok, então posso mandar a Sheila (E, baterista de sua banda)?’ E ele mandou a Sheila.”
Para o mesmo livro, Bob Cavallo, que era o empresário de Prince, corroborou o que Susan Rogers afirmou.
“Durante o (evento) American Music Awards (AMA, que ocorreu antes da gravação de ‘We Are the World’ com todos os artistas), ele (Prince) ficou me dizendo que a única coisa que ele faria era tocar guitarra. Então, liguei para o Quincy e ele disse: ‘não preciso dele tocando a p*rra da guitarra!’ e ficou bravo.”
Já com relação a Madonna, é história é bem mais simples: ela simplesmente não foi convidada para participar da canção. Meio que foi esnobada pelos responsáveis por “We Are the World”, que, provavelmente, ainda não a consideravam uma artista de peso para participar da iniciativa.
A cantora havia estourado de vez nas paradas no ano anterior e, ironicamente, estava presente no AMA, que ocorreu antes da gravação do single.
Como Madonna nunca fez qualquer comentário a respeito de sua ausência em “We Are the World”, jamais saberemos qual é sua opinião e sentimentos sobre o assunto.
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A trilha sonora de “Woman in red” é de 1984 logo não estava a ser preparada em 1985!